quarta-feira, abril 30, 2008

COMPLEXOS DE INFERIORIDADE

Continua a cruzada em torno do PSD. O líder da Madeira veio dizer que perante a multiplicidade de candidaturas, o futuro presidente do partido arriscava-se a ser eleito com 21% dos votos e que, nessas circunstâncias, a Madeira não o reconhecerá. Para ele, um presidente eleito com menos de 50% dos votos, numa eleição democrática e participada, não gozará da legitimidade suficiente para se impor. Pelo meio, Jardim, sem explicar como é que Menezes se afundou com a legitimidade que tinha, lançou mais um descabelado ataque contra uma "certa burguesia dos salões de Lisboa e do Porto" que tenta "desvirtuar um partido popular e social-democrata como é o PSD"(sic). Gosto em especial da última parte. Quando ele diz "popular" e "social-democrata" faz por ignorar que essa burguesia foi a base para a formação do partido, a começar por Francisco Sá Carneiro, Pinto Balsemão, Magalhães Mota, Miller Guerra ou Miguel Veiga, e constituiu o respaldo ao longo dos anos para que o PSD se cimentasse como um dos dois maiores partidos democráticos e garante da democracia portuguesa. Em especial quando, como ainda muito recentemente, a deriva populista se quis apossar do partido. Jardim esquece mesmo que ele próprio e a sua malta ilhoa são hoje a burguesia madeirense, embora ordinarote no estilo e nos modos, e que a única diferença entre a "burguesia dos salões de Lisboa e do Porto" e a que ele representa está em que a primeira não possui uma rede clientelar de apoio ao seu serviço, ao contrário da segunda que a tem sempre pronta a satisfazer os interesses, egoísmos e aventuras dos seus caciques. O que acontece na Madeira acontece também no Algarve, em Viana do Castelo, em Viseu ou em Castelo Branco. A fragmentação do PSD é fruto da coexistência de diversas sensibilidades. Não há qualquer artificialismo nisso e muito menos drama. Por isso mesmo é que a distinção não deverá ser feita entre "burguesias", ou entre "burguesia" e "povo", como quer Jardim, mas entre líderes competentes e líderes incompetentes, entre líderes corajosos e líderes cobardes. O que distingue um líder competente e corajoso de um medíocre é a capacidade, com as regras do jogo, de congregar forças e dar ao partido a coesão necessária aos combates futuros, de forma a poder levá-lo até esses combates em posição de aspirar à vitória. Manuela Ferreira Leite ou Passos Coelho perceberam isso. Jardim ainda não o percebeu. Mas tem agora uma oportunidade única de pulverizar os seus adversários, de esmagar essa "burguesia dos salões de Lisboa e do Porto" contra a qual ele quixotescamente pretende lutar, obtendo um resultado que o catapulte para as legislativas e unifique o partido. Bastaria que se apresentasse aos eleitores. O problema de Jardim é ter medo dos eleitores. Medo e complexo de inferioridade. Ele sabe que só com um aparelho totalitário e clientelar, como o que criou na Madeira, e com a subversão das regras do jogo - criação de uma 2ª volta -, depois de marcada a data do jogo, é que eventualmente conseguiria triunfar. E sabe que não o conseguirá fazer a tempo das directas. Esse é o seu drama e o de quem o apoia. Daí o apelo à desistência dos candidatos que se apresentaram e o seu indecente estrebuchar.

P.S. Não posso deixar de estranhar o apoio de Carlos Carreiras a Jardim. Custa-me perceber como é que um cavalheiro educado e responsável se mete no mesmo "pacote" de Jardim. E não acredito que o facto de ter trabalhado durante algum tempo com alguém que ficou famoso por atirar garrafas de água pela janela do carro o obrigue agora a colocar-se desse lado da barricada. Como em tudo na vida pode ser que haja razões que a razão desconheça.

terça-feira, abril 29, 2008

E QUE TAL PRIVATIZAR A SEGURANÇA NAS ESQUADRAS?

A notícia, humorística na essência dir-se-ia, de que um grupo de vândalos entrou pela esquadra de Moscavide da PSP, no domingo passado, em perseguição de um desgraçado que ali se refugiara e acabou sovado ante a impotência do único polícia de serviço, diz bem do estado em que está a política de proximidade e dos seus efeitos quando no terreno não há homens nem meios que a garantam. Desta vez não houve mortos, nem partiram a esquadra toda, mas noutras circunstâncias os efeitos poderiam ter sido bem mais graves. Basta pensarmos no que aconteceria se o fugitivo e o grupo perseguidor fossem membros dessas claques de futebol que enchem de "colorido" as bancadas de alguns estádios, as estações de serviço das auto-estradas ou o metro e os comboios nos dias de jogo. É óbvio que aquilo que aconteceu é consequência da falta de meios e de um inexplicável economicismo numa das áreas da intervenção do Estado que não pode ser gerida à maneira de um qualquer supermercado. A não ser que o objectivo seja também privatizar a segurança das esquadras, entregando-a a uma qualquer empresa do ramo para satisfação da bolsa de um desses tropas na reforma que se especializaram no negócio. Quem sabe se Paulo Portas, ao falar como fala, não se lembrou já disto e apenas aguardava a melhor oportunidade para concretizar mais uma "privatização"?

segunda-feira, abril 28, 2008

EQUÍVOCOS

Alberto João Jardim quer deixar o Governo Regional da Madeira. Mas continua com vontade de permanecer na política. Na Madeira não poderia prosseguir a sua carreira num lugar subalterno. Logo pensou em mudar-se para o continente. Assim, como quem não quer a coisa, começou a mostrar-se disponível para liderar o PSD. Quis colocar-se à margem das disputas internas para dar um ar respeitável à coisa. No seu partido, gente incapaz de apreciar um bom filme dos Monty Python sem se rever nos estafermos que nos fazem rir, logo saiu a terreiro para dizer que já via em Jardim o líder do partido e o candidato do PSD a primeiro-ministro. Veio então Jardim ao Conselho Nacional, anseando pela entronização, só que como não lhe fizeram a vontade foi-se embora amuado. No Algarve, Mendes Bota e o seu exército de infelizes, com excepção de Macário Correia, apressaram-se a manifestar-lhe apoio, convencidos de que o homem iria dar-lhes a mão. Esqueceram-se foi de que Pedro Santana Lopes já perguntara ao seu espelho se havia alguém mais habilitado do que ele para dirigir o partido. Como é homem de antes quebrar que torcer, este fim-de-semana Alberto João Jardim voltou a concretizar a sua disponibilidade, mas fê-lo com um pequeno "mas". Numa primeira fase deu a entender que queria concorrer sozinho. Depois bastava-lhe que Santana Lopes e os outros se retirassem para ele poder defrontar sozinho Manuela Ferreira Leite, "a candidata do regime". Regime que só na sua cabeça existe e que ele inventa para justificar a sua própria existência e os dislates que vai proferindo. Diz ele que não quer ser mais um "metido num saco de gatos de candidaturas que não merecem sequer confiança". O problema de Jardim é que as "regras" da Madeira não podem ser transpostas para o lado de cá e quem diz se as candidaturas merecem confiança ou não são os eleitores do PSD e não o directório do partido ou os caciques que pagam as quotas e fazem as listas. Para quem tem tanta confiança nessa coisa indefinida e inexplicável que são as "bases" do PSD, não se percebe a exigência de Jardim. A não ser que ele tema que outros sejam mais capazes de "orientá-las" na hora do voto. Jardim sabe perfeitamente que em democracia ele tem tantas hipóteses de ser líder do PSD ou primeiro-ministro como tem Mendes Bota. Ou seja: nenhumas. Porque os medíocres clientelismos regionais que ele estimulou e que ao longo do anos regou com o dinheiro dos contribuintes nacionais para ganhar eleições na Madeira, não têm qualquer hipótese de sobrevivência deste lado. Por saber disso quis fazer mais um número de circo. Ao sofisma da falta de tropas, rapidamente resolvido pelas tropas que lhe disponibilizaram, ele quis contrapor o da multiplicidade de candidaturas. A insularidade tem-no protegido, mas não chega para disfarçar a falta de coragem, a ausência de estratégia, a falta de ousadia, a duplicidade de comportamentos, a incapacidade para liderar e a falta de força congregadora. O problema a final não era de falta de tropas. Era, como se vê agora, um problema de generais. Jardim não suporta que haja outros como ele, em especial mais capazes do que ele a arregimentarem as "bases", e o resultado é o que se vê: toda a jactância de que deu mostras acaba por morrer, ingloriamente, arranhada e mal tratada num saco de gatos. É bem feito.

FIM-DE-SEMANA DE LUXO

Em Itália, com uma prova espectacular e a arte de um sobre-humano, Pedro Lamy trouxe para Portugal mais uma vitória nas Le Mans Series, vencendo de forma categórica os 1000km e Monza. A Peugeot bem pode agradecer-lhe a ousadia e começar a preparar as 24H de Le Mans. Um dia antes, o jovem Álvaro Parente, dando seguimento aos bons resultados do ano passado, dominou da 1ª à última volta a 1ª corrida de GP2 disputada no Circuito da Catalunha. A única nota negativa vai para a ausência de uma bandeira portuguesa no circuito espanhol. Aquele pano encarnado e vermelho a imitar a bandeira devia merecer um protesto formal do Automóvel Clube de Portugal junto dos responsáveis internacionais e do RACE (Real Automóvil Club de España). Uma vergonha.

sexta-feira, abril 25, 2008

25 DE ABRIL

O Presidente da República aproveitou as comemorações do 25 de Abril na Assembleia da República par alertar o país e os responsáveis políticos para a ignorância dos jovens. De facto, não saber quem foi o primeiro presidente da República após a revolução dos cravos, desconhecer quantos países tem a União Europeia ou se o Governo tem uma maioria absoluta são exemplos de ignorância extrema. O problema é que Cavaco Silva se esquece que a ignorância dos jovens é reflexo da ignorância dos seus pais, na maior parte dos casos gente que obteve os seus canudos, ou como agora se diz as suas qualificações, nos tempos gloriosos da revolução, muitos deles entre um charro e uma "rga" (reunião geral de alunos para os neófitos) ao mesmo tempo que faziam a sua aprendizagem política e procuravam inserir-se profissionalmente. Depois da conquista da liberdade era a barriga, o conforto imediato e o desejo de ascensão social que primeiro falavam, o que era natural e normal. Só que alguns idiotas mais qualificados acharam que o resto viria sozinho e o resultado está à vista. Estou certo de que o inquérito que foi feito aos jovens se se tivesse sido realizado à geração dos 40/50 anos provavelmente daria um resultado muito parecido. Aliás, o melhor reflexo dessa ignorância está numa boa parte das nossas classes políticas e autárquicas e nas lideranças dos partidos. Basta ouvi-los. Já não sou do tempo da célebre disciplina de "OPAN" (Organização Política e Administrativa da Nação), leccionada nos liceus antes do 25 de Abril e que, servindo de mera propaganda para o regime que caiu, sempre dava umas luzes sobre a organização e o funcionamento do Estado. Mas apanhei uma coisa parecida chamada "Introdução à Política", que embora não me tenha servido para muito, sempre ajudou a cimentar as minhas escolhas e a minha visão do mundo graças a um ou outro professor que conseguia imprimir algum interesse às aulas. Há muito que me apercebi dos níveis de ignorância e de iliteracia. Basta olhar para o meu meio profissional. Quando há tempos uma jovem magistrada perguntava por que razão se escrevera "dia do aniversário natalício do requerente", quando, dizia a sujeita, o requerente não fazia anos no dia de Natal, percebi definitivamente o estado em que estamos. Partilho, pois, das preocupações de Cavaco Silva nesta matéria e creio que elas fazem todo o sentido no dia de hoje. Porém, convirá não esquecer as responsabilidades da geração que tomou o poder após o 25 de Abril. Se hoje a ignorância atingiu tais foros foi porque alguém o permitiu e esse alguém numa democracia consolidada tem nome. Ou tem vários nomes e estes podem ir da irresponsaibilidade ao compadrio, do clientelismo à corrupção, do oportunismo ao carreirismo político e à política do betão. Ignorância, falta de educação, ausência de sentido cívico e de cidadania normalmente caminham de braço dado. Quando hoje olhamos para os novos estados que integraram a União Europeia, cujas democracias começaram a dar os primeiros passos quase 20 anos depois do 25 de Abril, e nos apercebemos do avanço cultural, e em especial cívico, de algumas dessas democracias, designadamente da República Checa ou dos países bálticos, devíamos envergonhar-nos com o que nesta matéria conseguimos em 34 anos de democracia. O falecido Sottomayor Cardia apercebeu-se bem de tudo isso e por isso mesmo, mas não só por isso, chegou a falar do "atrofiamento da democracia". Fê-lo a tempo e horas, com a liberdade, a inteligência e a grandeza de espírito e de carácter que fizeram dele uma referência incontornável da democracia portuguesa. Por isso mesmo, neste dia, em que passa mais um ano sobre a revolução de Abril, aproveito as palavras de Cavaco Silva para o recordar. O melhor que este regime poderia fazer seria a introdução de uma disciplina obrigatória de cultura, ética e cidadania ao nível do ensino secundário, a partir do actual 9º ano e até ao 12º, dando-lhe a mesma relevância que se dá à matemática ou ao português e sem a qual não seria possível passar de ano. Tenho a certeza de que ao fim de uns anos os resultados se começariam a fazer sentir. Essa seria a melhor mensagem que este Governo poderia transmitir às novas gerações. Há obrigações e responsabilidades numa sociedade democrática para com as gerações vindouras que só podem ser cumpridas pela escola pública. Seria bom que se pensasse nisso, em especial nesta altura, quando se torna cada vez mais evidente que as famílias e a sociedade não conseguem cumprir decentemente o seu papel na formação das novas gerações e a escola pública continua a ser muito mal tratada. O caminho da cidadania é sempre o mais difícil de trilhar. Mas é exactamente por aí que tudo deve começar. Sem isso nunca será possível construir uma democracia mais participada, um país mais justo e socialmente mais equilibrado e ter, um dia, uma classe política e autárquica respeitada e respeitável. Nesse dia, quem sabe, poderemos não ter atingido o patamar da excelência, mas seguramente que teremos atingido o da decência. E este seria uma irreversível conquista de Abril.

quinta-feira, abril 24, 2008

VÃO SER DE ESTALO!

(foto A.Cotrim/Lusa reproduzida no Expresso)
As reuniões do Conselho Nacional do PSD, e os seus congressos, são sempre momentos de grande mediatismo, balbúrdia e encantamento.É impossível ficar insensível ao que ali se passa com a entrada e saída de dirigentes, as estratégias, os candidatos, as listas, tudo é negociado até à última hora e ao mais ínfimo pormenor, como se de uma bolsa se tratasse com os corretores correndo de um lado para o outro, aos berros, de telefone na mão, gritando, uivando, enfim, num corrupio interminável. Desta vez veio Alberto João Jardim. Mas ao que parece saiu zangado. Deram-lhe o exército mas o tipo queria ter a certeza de que não havia outro galo para o mesmo poleiro. Nesse cenário nada feito. Os apelos que tornavam irresistível a sua candidatura, de Carreiras, de Marco António e de Mendes Bota, caíram em saco roto. Logo os repórteres e as câmaras correram atrás de Santana Lopes. Até houve um canal de televisão que entrou em directo e acabou a anunciar que afinal o homem ia apenas satisfazer as suas necessidades fisiológicas. Pela amostra que ontem tivemos ainda nos vamos divertir. E muito. Motivos não faltam. As directas vão ser de estalo. Esperemos que não no sentido literal.

GENERACIÓN Y

O título deste post é o nome do blogue de Yoani Sánchez, uma cubana que acabou de ganhar o Prémio Ortega y Gasset 2008 de jornalismo digital. Hoje, o El Pais publicou uma entrevista com ela cuja leitura se recomenda. A ela e ao blogue. Este último, escrito a partir de Cuba, é uma boa forma de ir acompanhando o que por lá se passa, em especial agora que estamos em tempo de mudanças. Aqui fica uma amostra do que ali se escreveu, antes da partida de Yoani para Espanha, onde foi receber o merecido prémio que lhe foi atribuído.

"Estoy haciendo una nueva carrera universitaria. No está relacionada con alguna especialidad, pero podré obtener un diploma de “licenciada en sortear la burocracia”. Los temas de estudio son los trámites y papeles para viajar fuera de Cuba y, las asignaturas, llevan una buena dosis de paciencia, mansedumbre e incógnita. A este curso intensivo en “papeleo” no he llegado en cero, sino que arrastro una década ejercitándome en el fragor de la tramitología. Hay que agregar los múltiples estrellones contra los funcionarios y una lenta resignación ante el tufillo de las oficinas.
La experiencia de hablar con burócratas –para los que siempre falta algún documento, un cuño o una firma- me permitirá agenciarme la máxima calificación en algunas materias. No obstante, tendré que superar cierta predisposición al arrebato, una furia inconveniente cuando me dicen “su papel no ha llegado a tiempo” o “eso tienen que aprobarlo más arriba”.
El resultado final de este ejercicio será una pequeña tarjeta blanca donde se me autoriza a salir de Cuba para recoger el premio Ortega y Gasset. Insisto que no se trata de “viajar”, ya que ningún cubano usa ese verbo para la acción de ir al extranjero. Nosotros saltamos, cruzamos, salimos o nos vamos; pero viajar es demasiado poco cuando de brincar la insularidad se trata. Incluso, la ansiada autorización que necesito es conocida como “permiso de salida” y lleva en sí el sonido de cerrojos que se abren.
No sé si sirvan de mucho las horas acumuladas en las colas, las certificaciones de nacimiento legalizadas, el hábito de llevar hasta los documentos que no hacen falta -como la tarjeta de vacunación o el último recibo de la electricidad-. No sé, pero intuyo, que la respuesta a mi solicitud de viaje ya está tomada y espera por mí en una gaveta. Nada de lo que haga podrá evitar que la llave abra o cierre la puerta.
Mientras, llego a creerme que “salir” es posible
".

A FRIVOLIDADE AO PODER

(foto publicada no blogue de Claudio Caprara)

Foi candidata a Miss Itália, modelo e estrela televisiva. Dela disse Berlusconi um dia, em plena televisão, que se casaria com ela se não fosse já casado. Depois a rapariga integrou as listas da Forza Italia na Campânia. Agora que Berlusconi voltou ao Governo de Itália, dizem as crónicas, prepara-se para nomeá-la ministra da Família! É por estas e outras que eu adoro a Itália. Desconheço, e parece que também os italianos, as qualificações da jovem, mas aos 32 anos é obra.

OPORTUNIDADE

Não lhe admiro o estilo nem o verbo. Mas reconheço-lhe a coragem, a inteligência, a dedicação à causa pública e o sentido de oportunidade. E oportunidade é o mínimo que se pode dizer do que escreve Ana Gomes a propósito das declarações de Paulo Portas sobre a irresponsabilidade e os erros da Administração Fiscal. Portas não é ingénuo, mas gosta de se fazer e de tomar os outros por pacóvios. Haja ao menos alguém que lhe ponha os pontos nos ii.

quarta-feira, abril 23, 2008

SENTIDO DE HUMOR (2)

O de Luís Filipe Vieira. Quando confrontado com as declarações de Manuel Damásio sobre a crise no meu clube, entre outras pérolas menores registei uma: a de que "a estratégia" e as "grandes ideias" durante todos estes anos saíram da cabeça dele. E depois não há-de um tipo convencer-se de que do bigode para cima aquilo é só massa cinzenta. Nem o Paulo Bento se atreveu a tanto. E com os 5-3 sempre poderia tê-lo dito. Com o risco ao meio todos o compreenderiam. A começar pelo Vieira.

SENTIDO DE HUMOR

O do Presidente do PSD-Algarve. Mal Luís Filipe Menezes se demitiu fez logo aprovar uma moção apelando à recandidatura do líder. Não houve votos contra. Só uma abstenção. Foi por pouco. Mais um bocadinho e era bingo. Mas a política tem destas coisas. Um tipo esforça-se que nem um camelo para ser gente na política nacional, passa a vida no Alfa para cima e para baixo e estes gajos nem isso reconhecem. Não querem saber. E anda um homem a trabalhar para isto.

PAULO TEIXEIRA PINTO

Registo sóbrio e ponderado. Autenticidade. Parcimónia nas palavras e na adjectivação. Elevação e nobreza de carácter, mas acima de tudo inteligência, argúcia e humildade. Foi assim que eu vi a entrevista de Paulo Teixeira Pinto ao "Dia D". Foi impressão minha ou a Ana Lourenço ficou sem palavras? Deve ser bom trabalhar com um tipo assim. A todos os títulos notável.


P.S. Mas quem é que disse ao Mário Crespo que ele tem jeito para declamar? Por momentos pensei que estavam a enfiar-lhe algum supositório.

EXÉRCITO EM LEASING

Se bem ouvi, e ouvi mais do que uma vez, Carlos Carreiras, líder da distrital de Lisboa do PSD, avançou esta manhã aos microfones da TSF com a proposta de que Alberto João Jardim se devia candidatar à liderança do PSD. Não sei se a ideia de Carreiras se ficou a dever ao facto de ter levado com alguma bolada de Roger Federer durante um dos seus serviços na final do Estoril Open, mas depois de Jardim dizer há dias que tinha uma estratégia para tomar conta do partido e que só lhe faltavam as tropas, seguramente que Santana Lopes e Luís Filipe Menezes estarão dispostos a rentabilizar os seus exércitos ao serviço de Alberto João Jardim. Se eu fosse a eles fazia-lhe um leasing com opção de compra no final. Quem sabe se no fim das directas ele não os quererá levar a todos para a Madeira. Aos generais e às tropas. Era meio caminho para declarar a independência do arquipélago. Já não lhe faltaria tudo. Tropa já tem. E para munição servem as bananas.

terça-feira, abril 22, 2008

JÁ É CERTO

Manuela Ferreira Leite vai ser candidata à liderança do PSD. É uma boa notícia para a democracia e para os portugueses. Sócrates que se vá preparando. É previsível que volte a haver mobilização e debate político no país. Já basta de asnos.

BASTARAM 5 MINUTOS

No Prós e Contras de ontem à noite, lá estavam entre os habituais convivas Ângelo Correia e Zita Seabra, figuras gradas da D. Fátima e que botam discurso sobre tudo e mais alguma coisa, Pedro Passos Coelho, Patinha Antão e os politólogos Joaquim Aguiar e André Freire. Os dois primeiros por serem candidatos à liderança do PSD, os dois últimos por saberem mais sobre o PSD de olhos fechados que os outros todos juntos. O debate lá correu, morno, prolongado, fastidioso. Tirando uma ou outra intervenção foi o habitual. Mas o que marcou a noite foi definitivamente o discurso non sense de Patinha Antão e a complacência da jornalista para com a descarada campanha eleitoral interna que aquele protagonizou no programa. O PSD de Menezes tinha de facto uma direcção de gritos. Até um maneta assumido lá tinha. Se Menezes podia aspirar por um sucessor à sua altura tem-no ali. Dizia o homem ao país que é professor catedrático, mas o que todos viram foi prosápia de cátedra. A amostra dada prepara-nos para o que ainda vamos ver. Por isso, não será de admirar que amanhã Patinha Antão apareça a dizer aos militantes do PSD que Manuela Ferreira Leite não poderá ser uma boa líder do partido porque nunca teve tantos berlindes como ele.

sexta-feira, abril 18, 2008

A NÃO PERDER: ESTORIL OPEN

(foto EPA, no SIC online, reproduzida com a devida vénia)
Pela primeira vez um jogador português vai defrontar o n.º 1 mundial numa prova a contar para o circuito mundial. É esta tarde no Jamor. Frederico Gil irá defrontar Roger Federer nos quartos-de-final do Estoril Open.

NOTÁVEL!

"O Pedro tem particularidades de respeitabilidade" - Ângelo Correia, na SIC Notícias, às 21.50, quando ontem se pronunciava sobre as alternativas a Menezes.

O FIM DA PICADA?

Ao apresentar ontem a sua demissão, Luís Filipe Menezes foi saudado por muitos militantes do PSD como tendo feito o que era inevitável. Aparentemente terá sido mesmo assim. Mas eu duvido. Cheira-me mais a esperteza saloia de uma daquelas sumidades que o catapultou para a liderança e o convenceu das suas capacidades "inatas". De novo deixou o caminho a meio e não levou a carta a Garcia. A dúvida permanece, pois, naturalmente instalada, face à dubiedade, habitual, do seu discurso e ao facto, como sabiamente notou Luciano Alvarez no Público, de depois do que disse ter ido jantar para Sintra e discursar aos militantes, dando a ideia de que está a iniciar uma nova campanha. Se Menezes não pretende recandidatar-se, se o objectivo não é permitir a manipulação do aparelho partidário por um dos seus homens de mão, então devia ter sido mais claro e ter marcado as eleições para mais tarde. Além do mais, não parece muito inteligente marcar as directas para um fim-de-semana de Maio que é antecedido de uma ponte (dia 22 é feriado). A não ser que o objectivo seja mesmo fazer directas com os militantes de papo para o ar no Algarve e matar de vez o PSD. Mas a verdade é que em matéria de inteligência os seis meses que Menezes e a sua direcção passaram no PSD também não ficarão para a História. Infelizmente ainda há muitos militantes que não conseguiram ver isso e, talvez também por isso mesmo, Ângelo Correia ainda hesite. Ontem à noite, na SIC-N, quando a demissão já estava consumada, Ângelo Correia ainda dizia que "em princípio" apoiará Menezes numa eventual recandidatura. Em "princípio"? E falou ele em lealdade.

UMA SOLUÇÃO RÁPIDA

É o que se espera das elites do SLB. Os número começam a ser incontornáveis: mais de 80 contratações em 7 anos e 7 treinadores, entre os efectivos e os temporários, dizem tudo sobre o descalabro. Depois das últimas derrotas, do artigo de Domingos Amaral no Diário Económico, da carta de Jaime Antunes no Público de hoje e de tudo o mais que por aí se diz e escreve, é tempo de Luís Filipe Vieira demonstrar o seu benfiquismo e convocar eleições antecipadas de maneira a que a nova época possa ser preparada com lucidez e tempo. Já chega de disparates, de declarações arrebatadoras e inconsequentes e de artes de carroceiro. Não há clube com a dimensão do SLB que sobreviva sem resultados desportivos. O clube ficar-lhe-á eternamente grato.

quarta-feira, abril 16, 2008

"PARTIDOS POLÍTICOS - PERSPECTIVAS FUTURAS"

O site do Jornal Região Sul, de onde a foto que ilustra este post foi retirada, anuncia que Pacheco Pereira estará em Tavira, no dia 24 de Abril, para dar uma palestra sobre o tema "Partidos Políticos - Perspectivas Futuras". A iniciativa, excelente nestes tempos de crise e erosão do maior partido da oposição, é do PSD/Tavira, terá lugar no Hotel Vila Galé e visa comemorar o 34º aniversário do 25 de Abril. Macário Correia mostra assim a sua irreverência e independência em relação à direcção nacional e regional. Neste momento, a grande dúvida de muita gente é a de saber se o presidente do PSD/Algarve, homem de mão de Menezes e que ainda há dias mimoseava o politólogo com o epíteto de "cavalgadura do círculo", também irá estar presente. É que talvez fosse uma boa oportunidade para ele poder aprender alguma coisa de útil, perceber que um partido político não deverá ser uma agremiação visando a promoção pessoal, profissional e empresarial dos seus dirigentes e um repositório de gente rastejante e mal formada.

O REGRESSO

Enquanto se aguarda a segunda volta em Roma, onde Francesco Rutelli ainda arrisca a derrota a favor de Gianni Alemanno, candidato do centro-direita, depois de nas últimas eleições o agora derrotado Veltroni ter obtido um resultado sensacional, a única consolação da esquerda italiana pela terceira vitória de Berlusconi deverá residir nos meios cinéfilos. É que depois de "Il Caimano", se aguarda agora a continuação e o aprofundamento da obra de Moretti. Motivos não irão faltar.

SIGILO FISCAL

O Correio da Manhã revela hoje que um jovem empresário luso-americano, que ontem deu uma conferência de imprensa prometendo dar mais de 38 milhões de euros ao Boavista a troco de nada, desde 2004 que não apresenta declarações de IRS e "consta nas Finanças como contribuinte ‘faltoso’ e ‘moroso’". Desconheço quais as fontes que o jornal tem dentro do fisco para furar o sigilo fiscal e poder dar uma informação destas, mas já agora, se não fosse muito trabalho, gostaria que os jornalistas Sérgio Pereira Cardoso e Tânia Laranjo, que assinam a notícia, me dessem uma ajuda para saber o que lá se diz a meu respeito. Talvez qualquer coisa como "pagador ingénuo" e "tanso", que é o que continuam a ser todos os que pagam impostos neste país.

terça-feira, abril 15, 2008

A MEMÓRIA É CURTA

(foto DN)

Quando se pensava que o PSD iria deixar de dar tiros nos pés, eis que voltou tudo à estaca zero. Agostinho Branquinho meteu a argolada, depois ficou envergonhado e quase pediu desculpa. Logo veio o guerrilheiro Gomes da Silva, em mais um canhestro exemplo de miopia política e falta de nível, atirar-se de novo à jornalista do DN. A seguir foi o coro de críticas que culminou com Marcelo Rebelo de Sousa a considerar "abaixo de cão" o ataque pessoal contra Fernanda Câncio. Finalmente, o inefável Ribau Esteves, arquétipo do provincianismo bacoco da política portuguesa, lembrou-se de vir dizer que a jornalista em causa "na sua coluna semanal no DN, faz um jornalismo de intervenção, defendendo e elogiando permanentemente o PS e o seu Governo, criticando o PSD e os seus dirigentes". A memória do PSD e dos seus dirigentes está, pois, ao nível da sua qualidade política e da natureza das intervenções que fazem. Dir-se-ia que desconhecem o caso do "comissário" Luís Delgado. Este, tanto quanto recordo, tinha uma coluna diária, não semanal, no DN, de onde atacava tudo o que cheirasse a oposição a Durão Barroso e a Santana Lopes. Durante anos seguidos Delgado não fez outra coisa senão atacar o PS e elogiar Durão Barroso, o amigo Pedro Santana Lopes, Morais Sarmento e toda a pandilha que sucedeu a António Guterres. Antes da reunião que entronizou Santana Lopes, dir-se-ia mesmo que Delgado seria um dos participantes. Depois, como se sabe, Delgado acabou como administrador da Agência Lusa, ao mesmo tempo que continuava fazendo "comentário" político nos canais televisivos. Ribau, que nesse tempo conspirava em Ílhavo com os seus conterrâneos, talvez desconhecesse que a Lusa não era uma empresa privada e que se Fernanda Câncio faz "jornalismo de intervenção", então Luís Delgado devia ser uma agência de comunicação do PSD dentro do Diário de Notícias e da Lusa. Que me recorde, nunca ouvi nesse tempo Ribau Esteves, nem Branquinho, nem Menezes, nem ninguém do PSD, queixar-se da escrita panfletária e canina, no duplo sentido de fidelidade ao PSD e dilacerante em relação ao PS, de Luís Delgado. A memória tem destas coisas.

segunda-feira, abril 14, 2008

ESTA É A ALTURA IDEAL


Há alguns dias, Jaime Gama considerou Jardim um esteio da democracia e do desenvolvimento na Região Autónoma da Madeira. Ontem (sábado, segundo o Público), o elogiado, à laia de antevisão da visita do Presidente da República ao arquipélago, e em jeito de agradecimento pelo elogio, chamou "fascista" a um deputado regional, "bando de loucos" à oposição no parlamento regional, disse que não apresentava "aquela gente a ninguém" e esclareceu que uma visita de Cavaco Silva à Assembleia Legislativa Regional iria dar "uma imagem péssima da Madeira" e "ter repercussões negativas no Turismo e na própria qualidade do Ambiente". Quanto à repercussão negativa para o turismo e o ambiente, ela dificilmente seria pior do que os efeitos provocados pela divulgação à escala mundial, há alguns anos atrás, das imagens de um tipo barrigudo, com ar seboso, de tanga e de tambor, a desfilar no Carnaval da Madeira e que alguns tomaram pelo presidente do Governo Regional. Mas independentemente do desrespeito que as declarações agora proferidas demonstram pela própria esssência da democracia, da grosseria e da má-educação patenteadas, mais ao nível de uma besta de que de um líder regional eleito democraticamente, Jardim confirma não ter estatuto nem classe e que só o atraso, a vergonhosa complacência do poder político de Lisboa e o caciquismo tradicional da Madeira, é que o mantêm no poder há tantos anos. É claro que uma visita do Presidente da República ao órgão legislativo regional apenas iria enobrecê-lo e, nessa medida, sabendo-se da forma como por ali a democracia se exerce, entre insultos à oposição e contas aos gastos em sanitas, talvez isso até fosse contraproducente. Dentro do PSD já se percebeu que Menezes, como líder fraco e medíocre, não tem força para o levar à razão e prefere perder o seu tempo a falar para dentro, discutindo, como qualquer bisbilhoteira provinciana, a vida privada de terceiros. Mas seria bom que o presidente da Assembleia da República aproveitasse este momento para rectificar as inacreditáveis declarações que proferiu no congresso da Associação Nacional de Freguesias. Esta seria a altura ideal para Jaime Gama se demarcar das abjectas alarvidades saídas da boca de Alberto João Jardim.

sexta-feira, abril 11, 2008

ANTECIPANDO A PÚBLICA

No próximo domingo a revista "Pública" vai trazer uma reportagem sobre Claudia Cardinale, uma das grandes senhoras do cinema italiano. Antecipando a revista, aqui fica a lembrança. Bom fim-de-semana.

PEDROSA NA FRENTE

Para já segue na frente, Rossi vem logo a seguir. A corrida de domingo é a não perder.

FRUTOS DA DIPLOMACIA ECONÓMICA

No Salão Internacional do Automóvel de Leipzig, actualmente em curso, um dos construtores presentes, a Hyunday, por sinal uma empresa com representação em Portugal, resolveu apresentar um veículo decorado com as bandeiras dos países que estarão presentes em Junho no Campeonato da Europa de Futebol, que irá decorrer na Suiça e na Áustria. O resultado, como se poderá ver pelas fotos não foi animador, em especial no que diz respeito à bandeira portuguesa. No Euro 2004 foram as bandeiras com pagodes chineses em vez de castelos que povoaram as varandas e os estádios, agora passamos a ter uma mini-bandeira finlandesa no meio da esfera armilar. Será que os representantes diplomáticos portugueses na Alemanha já deram por alguma coisa ou continuam a dormir na forma?

(fotos do meu amigo Zé "Pombex", correspondente d' O Bacteriófago na Auto Mobil International 2008)

PEQUIM 2008

Diz que já tinha outro compromisso em agenda. Ficamos sem saber qual era. Quem sabe, talvez os anos do gato.

CONVERGÊNCIA DE OPINIÕES

O artigo de Vasco Pulido Valente na edição de hoje do Público, não está disponível on-line devido à cada vez mais abstrusa política de acesso a conteúdos da sua direcção. O Público já devia ter percebido, ao fim de todo este tempo, que os resultados alcançados até agora não justificam a lei da rolha em relação aos artigos de opinião. Para quem gosta de ler e de jornais, para quem compra regularmente o Público, muitas vezes o problema está apenas em não se chegar à banca dos jornais a horas. Desta vez não foi o caso. Por isso mesmo, não será por causa dessa política do jornal, fomentadora da iliteracia, do analfabetismo militante e da ignorância, que o artigo deixará de estar acessível a mais leitores. Aqui também se faz serviço público. E sem subsídios.

"Em menos de 15 dias, Luís Filipe Menezes propôs para espanto e abatimento dos poucos portugueses, que persistem em o levar a sério: 1º Um debate de fundo sobre a "qualidade" da democracia sob o Governo socialista; 2º A "harmonização" fiscal com a Espanha; 3º A "autonomia sem limites" da Madeira e dos Açores; 4º E uma nova Constituição. Como se isto não chegasse, algumas personagens menores do PSD tentaram arranjar um "escândalo" que envolvia a vida privada do primeiro-ministro. Para guia do cidadão comum, devia existir um registo oficial e diário do que Luís Filipe Menezes anda por aí a dizer. Já começa a ser difícil seguir o delírio político do "chefe" e do partido, sem uma ajuda organizada. A trapalhada atingiu proporções que ultrapassam a inteligência média. As sondagens, de resto, provam isso mesmo: 26,5 por cento do eleitorado não confia em Menezes para dirigir o país. Pior: só 26 por cento tenciona votar PSD (menos do que na pior época de Marques Mendes). Não tarda muito nem esse último grupo de fiéis resiste. Terça-feira, por exemplo, Ângelo Correia saltou do barco. Não por interesse com certeza, porque não tem nada a perder. Porvavelmente, por vergonha. É preciso, explicou ele, que o PSD recupere a "capacidade de pensar". Mas quem lá pela casa pensa? Pedro Passos Coelho, um bom amigo de Ângelo, ofereceu a sua pessoa, aumentou a confusão, que, por outra parte, lamenta. O PSD adquiriu um novo, presuntivo chefe (para o seu longo cemitério da espécie) e ficou mais dividido do que estava. O pânico nunca é racional.
Se esta tragédia ou esta farsa, como quiserem, fosse um episódio interno do PSD, não vinha grande mal ao mundo. Infelizmente, nenhum regime sobrevive à degradação do sistema partidário em que assenta e o regime vigente assentou sempre, e até agora, em dois partidos: no PS e no PSD. Sem o PSD (e com Paulo Portas cercado), não há direita e, sem direita, não há "alternância". Pode haver, em 2009, uma segunda maioria absoluta e um Partido Socialista Institucional, como dantes no México, que tornará Cavaco irrelevante. Ou, se a esquerda (o PC e o Bloco) conseguir o milagre de reduzir o PS à maioria relativa, pode haver um corpo-a-corpo geral, no meio de uma crise económica sem conserto. As duas coisas serão um desastre para toda a gente. O dr. Menezes, que nos faz rir, ainda acaba por nos fazer chorar".


quinta-feira, abril 10, 2008

MALDITAS SONDAGENS!

"O PSD está em queda livre nas intenções de voto. Luís Filipe Menezes não conseguiu inverter a tendência e o partido registou o resultado mais baixo desde que assumiu a liderança, ao obter apenas 26 por cento. Um valor inferior até ao pior resultado do PSD – que aconteceu na presidência de Marques Mendes, que em Junho de 2007 atingiu 26,2 por cento."
"(...) o PSD está desde Janeiro a descer nas intenções de voto e obteve este mês menos 2,4 pontos percentuais do que em Março, de acordo com uma sondagem CM/Aximage. O PS, pelo contrário, subiu 1,9 pontos percentuais ao passar de 33,8 por cento para 35,7 por cento nas intenções de voto. Poderá mesmo existir uma transferência das intenções de voto do PSD para o PS". - in Correio da Manhã

Se isto continuar assim, Menezes poder-se-á orgulhar, dentro de meia dúzia de meses, de ter transformado o PSD de partido sulista, elitista e liberal - que nunca foi - num partido populista, autárcico (não confundir com autárquico) e regionalista. Não façam nada que não é preciso. Com sorte Menezes ainda abdica a favor de Ribau Esteves ou de Mendes Bota. Tristeza? Não. É preciso continuar a dar tempo para "esta liderança se afirmar"!

NÃO GOSTEI

Não gostei, com todo o respeito e estima que me merece, da despedida de Jorge Coelho na Quadratura do Círculo. Tudo me pareceu demasiado piegas, por vezes mesmo um pouco desconchavado. Coelho, sendo um homem do partido, no pior sentido da expressão, é também um homem sério, generoso, empenhado e de convicções. Por isso balançou sempre entre a liberdade crítica e o seguidismo partidário. As suas intervenções foram não poucas vezes pontuadas por um certo facciosismo, que entrava pelos olhos dentro. Percebo agora que muitas vezes não terá sido tão voluntário nem desejado quanto ele quis fazer parecer. Se na altura isso o diminuiu, agora, na hora da despedida, regista-se a sua confissão ao dizer que muitas vezes, ao defender determinadas posições esteve no limite das suas convicções. O papel de ponto nunca fica bem a um homem inteligente. Ali falhou a liberdade, faltou o juízo crítico distanciado e rigoroso, indispensável a quem participa num programa com o formato da Quadratura. Fica-lhe bem que o tenha dito. Mas, talvez mesmo por isso, então não deva voltar a participar em programas do mesmo tipo. Sob pena de se isso não acontecer passarmos a ficar sempre reféns da dúvida quanto à autenticidade da intervenção. Os telespectadores compreenderão. E isso não o irá desvalorizar.

A LER

Na Sábado, de hoje, o artigo de Pacheco Pereira com o título "Um exemplo das coisas que daqui nascem" que com a devida vénia aqui se reproduz:

"O que leva um partido como o PSD a considerar como matéria de iniciativa pública, com envolvimento parlamentar, o facto de a RTP ter feito uma encomenda em 2007 a uma produtora externa (o que é prática habitual de todas as televisões) de um programa sobre bairros sociais e de essa empresa ter encomendado um trabalho a uma jornalista profissional do Diário de Notícias que já tinha escrito sobre a matéria e tinha experiência de televisão? Não se percebe qual a razão de interesse público para um partido levantar a questão. Produtoras externas na televisão pública quando "deveria ter optado por um profissional da casa"? Esta foi a explicação de recuo, por quem pelos vistos nunca vê a RTP, que floresce de produtoras externas. Nunca viram os Gatos Fedorentos das Produções Fictícias? A Contra-Informação da Mandala? Tudo coisas em que "se deveria ter optado por um profissional da casa"?
Mas a razão percebe-se quando se está atento às palavras. Diz Branquinho: "Trata-se de uma decisão escandalosa, pornográfica até". Diz Rui Gomes da Silva no Congresso do PSD da Madeira que "questionou as competências profissionais da jornalista e levantou suspeitas sobre eventuais relacionamentos pessoais que terão favorecido a escolha" (sublinhados meus).
Eu sei a "razão" e é a pior. A jornalista em causa é tida como próxima do primeiro-ministro, o tipo de matérias que floresce como bolor nas conversinhas que referi acima, entre o machismo e a maledicência. Só isso. Não há nada de interesse público no caso. Apenas uma política que voa muito, muito baixo. E é assim que se mata um partido".

PREPARANDO O MOTOGP

Só hoje me chegaram algumas fotos tiradas no Estoril, no passado fim-de-semana, relativas à 1ª prova do Campeonato Nacional de Velocidade - Troféu Promocup, onde pontuam os meus amigos Fernando Fevereiro Mendes (mota 63) e Paulo Vicente (mota 62). Os resultados não podiam deixar de ser animadores.

Quanto à prestação da Suzuki do Paulo aqui fica o testemunho na primeira pessoa: "fiz o 6º tempo da geral (4º da P1) com 1:54,730 que me colocou na segunda linha da grelha de partida ao lado do Bernardo que fez o mesmo tempo (+ 8 milésimas!). No arranque, para variar, não saí bem, e à primeira volta era o 11º a passar. Mas as coisas foram-se compondo e cheguei a rodar em 6º da geral, tendo no final sido passado e acabado em 7º da geral (5º da classe)... Para estreia da nova moto não foi mau, pois foi a minha melhor classificação de sempre (no ano passado o melhor foi um 6º da classe em Braga), e com o meu melhor tempo na corrida (1:53,061) baixei 2,4 segundos ao meu tempo no Estoril e bati em quase 1/2 segundo o melhor tempo do vencedor do ano passado".

Para o nosso rookie Fernando Fevereiro Mendes, o mínimo que se pode dizer é que foi uma estreia auspiciosa: 30º tempo nos treinos, 13º na classe e 24º na geral. O campeonato continua nos dias 3 e 4 de Maio em Braga. Até lá, o melhor mesmo é ir já a partir de amanhã ao Estoril para ver as estrelas do MOTOGP: Pedroso, Elias, Lorenzo, Rossi, Melandri, Stoner, Dovizioso, Hayden, Capirossi, Nakano, enfim, a galeria de notáveis vai lá estar em peso. Oxalá a chuva não estrague a festa, que é com sol que se vêem (aqui não se ratifica o Acordo Ortográfico) as flores.

quarta-feira, abril 09, 2008

ENTÃO E POR CÁ?

O El Pais, um dos melhores jornais do mundo, relata que uma juíza de Motril foi condenada pelo Tribunal Superior da Andaluzia, por negligência, na pena de um ano de suspensão de emprego ou cargo público que implique o exercício de funções judiciais e a pagar 103.000 euros a um desgraçado, de nome José Campoy que, tendo sido por ela absolvido, passou 437 dias na prisão. O Ministério Público de lá, mais conhecido como a Fiscalía, pedia um ano e três meses e cerca de 75 mil euros de indemnização. Em Junho, essa magistrada já fora expulsa da carreira pelo Conselho Geral do Poder Judicial. Disse em sua defesa que se esqueceu de enviar para o centro penintenciário o mandado de libertação do detido; que isso não era culpa sua, mas sim dos obsoletos livros de registo do juízo, uma vez que não podia rever o trabalho dos seus subordinados. Os seus pares não foram sensíveis a estes argumentos. Sabendo isto, neste país chamado Portugal onde os advogados se sentam no banco dos réus ao lado dos seus constituintes e são julgados por se limitarem a exercer o mandato, dentro dos termos legais, embora depois absolvidos mas ainda assim condenados nas alcavalas processuais, é de perguntar se os conselhos que regem a magistratura portuguesa aplicariam penas de expulsão num caso como o descrito. Quer-me bem parecer que não. O caminho a percorrer continua a ser longo.

CAMPANHA À ITALIANA

(fotos Ansa via Corriere della Sera)
Primeiro foi Cicciolina que conseguiu ser eleita deputada. Agora eis que surge a ex-estrela porno Milly D'Abbraccio como canditadata do Partido Socialista italiano aos 9º e 10º Municípios de Roma. Estes são os cartazes da campanha. Com a queda de Craxi, o PSI nunca mais foi o mesmo, mas se a moda pega por cá ainda nos arriscamos a ter o sopeirame da MAXIM ou da FHM a discutir as novas leis autárquicas no Prós e Contras.

QUE TERÃO GANHO ELES?

Depois de ler esta notícia do Jornal de Negócios fiquei a pensar o que terão ganho eles e o que não seria se o L. F. Vieira se fosse embora, deixasse de falar ou tivéssemos eleições antecipadas. Suspendiam a cotação? Fechavam a bolsa?

ESTÁ VISTO QUE O BARCO METE ÁGUA

Segundo rezam as crónicas do dia (TSF, Diário Digital, Correio da Manhã e Público, pelo menos), Ângelo Correia, actual presidente da Mesa do Congresso do PSD e um histórico do partido, depois de andar a tecer loas a Luís Filipe Menezes e à sua equipa de "ribaus" por tudo quanto era sítio, dos jornais à rádio e desta à televisão, considerando-o o melhor e o mais capaz para liderar o partido, tendo o apoio das eufemísticas "bases", e pedindo tempo para a nova direcção, de um momento para o outro descobriu, ao fim de tão poucos meses, que a situação do partido é "totalmente insatisfatória", que o partido deve "refazer a sua qualidade, que foi perdida nos últimos anos, e refazer a necessidade de pensar", algo que, acrecenta ele "ainda não está a ser feito".
Todos sabem que Ângelo Correia não é parvo, que tem um faro político acima da média do seu partido e, normalmente, está sempre com o líder que sai vencedor do congresso seguinte. Daí que estas considerações devam ser devidamente entendidas e enquadradas nesse contexto. Percebe-se que, afinal, a qualidade da actual liderança é coisa inexistente, já que é ele próprio quem fala em qualidade perdida nos últimos anos e que, como se vê, também não foi recuperada, ainda, diz ele, com a actual direcção. Também não esclarece quando prevê ele que essa qualidade seja recuperada, nem com quem. Mas compreende-se mal que sabendo tudo isso tenha andado a defender os dislates de Menezes e da sua equipa com a sua proverbial veemência nas entrevistas que deu à TSF e com as suas presenças regulares na SIC. Se depois do que aconteceu com Durão Barroso e Santana Lopes, o PSD resolveu eleger Menezes e respectiva tribo sem ter parado para reflectir e pensar, ignorando os avisos à navegação, entre outros, de Manuela Ferreira Leite, de Miguel Veiga, de Marcelo Rebelo de Sousa ou mais recentemente de Morais Sarmento, optando por embarcar nos acéfalos discursos ribauistas e botistas, então talvez seja de questionar a própria capacidade de reflexão e introspecção do PSD. É manifesto que Ângelo Correia não descobriu este defeito ontem, nem foi por ter participado num debate sobre finanças públicas que isso aconteceu. Ângelo Correia há muito que sabe dos defeitos da actual liderança, gente que nada tem a ver com ele nem com o seu passado, mas sempre acreditou que cavalgando a onda populista de Menezes poderia vollar a ter visibilidade dentro e fora do partido. Está visto que o conseguiu, mas à custa de dar uma triste imagem de si. Um homem com o seu prestígio e currículo nunca o deveria ter feito. Ele quis ignorá-lo e por isso aceitou ser mandatário da candidatura de Luís Filipe Menezes. Agora, se quer fazer um acto de contrição, só lhe resta pedir desculpa aos militantes do partido e ao país por ter ajudado a eleger a mais medíocre e incompetente liderança de que há memória num partido do arco da governação. Tudo o mais soará sempre a falso e a oportunismo. Mas desta última acusação já ele não se livrará. Mesmo que seja o primeiro a abandonar o barco.

terça-feira, abril 08, 2008

O KIM IL SUNG MADEIRENSE

Ao mesmo tempo que o secretário regional das Finanças do Governo da Região Autónoma da Madeira, Ventura Garcês, anunciava a apresentação ao ministro das Finanças do governo colonialista de Lisboa de mais dois pedidos de concessão de empréstimos, nos valores, respectivamente, de 50 e 290 milhões de Euros, um pândego deputado regional do PND propunha a construção - a notícia vem nas edições de hoje do DN e do Público - de uma estátua em bronze "ou outro metal nobre, com cerca de 50 metros de altura, que represente o amado líder da Madeira Nova, dr. Alberto João Jardim". Explica o proponente que essa estátua deverá ficar colocada "no cimo do antigo Forte de S. José, na entrada do porto do Funchal (Pontinha); que seja concebida de forma a possuir uma escada interior que permita aos visitantes a subida até à altura da cabeça dessa obra de arte, de onde poderão observar a baía e a mui nobre cidade do Funchal, através dos olhos do seu amado líder". Como se isso não fosse já suficientemente elucidativo da bizarria, ainda acrescentou que na base do pedestal deverão ser "colocadas pequenas rodas em aço, como nos antigos moinhos da ilha do Porto Santo, ligadas por correias transmissoras a um mecanismo propulsor interno, que permita que a estátua acompanhe o movimento do sol, como fazem os girassóis; que, na altura do zénite do astro-rei, emita a estátua um forte silvo, que simbolize para as gerações vindouras os imortais dotes oratórios de Jardim; que a energia necessária ao movimento de rotação e apito da estátua seja fornecida pelas ondas do mar".

É claro que não sei se os imortais dotes orátorios que consagraram Jardim terão alguma coisa a ver com o vernáculo e o insulto que o seu estilo elevou a linguagem de Estado ou se o apito também terá como objectivo afastar a passarada da estátua para que esta não venha a ser conspurcada pelas inevitáveis caganitas que pombos e gaivotas atraídos pela vista e grandeza da construção se pudessem lembrar de aí depositar. Compreende-se que não seria bonito ver o olho ou a boca do "amado líder" madeirense envoltos numa camada de trampa corrosiva. Os turistas nunca se habituariam a esse cenário susceptível de permitir o prolongamento do cheiro pelas suas recordações fotográficas. A técnica hoje faz milagres e não faltará muito para o dia em que isso aconteça.

Não querendo antecipar o futuro, importa que saibam que o proponente desta iniciativa - é fundamental tomar nota do nome - é um tal de Baltazar Aguiar, deputado regional, tendo os serviços da Assembleia Legislativa da Madeira solicitado, imagine-se, um parecer jurídico prévio sobre a respectiva admissibilidade.

Face a um cenário destes é legítimo duvidar do estado de sanidade das instituições madeirenses e perguntar se há alguma justificação para que o erário público sustente estas inanidades a coberto dos custos da insularidade.

Que o deputado Baltazar promova a iniciativa ainda se poderá perceber, embora com dificuldade, atentas as semelhanças que certamente haverá entre a Coreia do Norte e a Região Autónoma da Madeira. Hoje, pelo menos, em matéria de alternância política. Amanhã em matéria de estátuas.

Que o órgão legislativo regional não se demarque disto é trágico.

Mas mais trágico ainda é que um político como Jaime Gama ainda se tenha dado ao luxo de dizer o que disse sobre Alberto João Jardim no congresso da Associação Nacional de Freguesias. Naquilo que Gama disse não está, evidentemente, uma qualquer dissociação entre o institucional e o político. A não ser que a sua refinada costela socialista e republicana também esteja a pensar em ter uma estátua lá para os lados de São Bento. Neste caso, não tanto para consagrar os seus dotes oratórios, mas antes o seu próprio sentido de humor. Sabe-se que ninguém está livre das partidas que a idade e a perpetuação no poder vão pregando. Mesmo em democracia, que nessa matéria não deixa de ser generosa e distribui igualitariamente por todos.

COM A DEVIDA VÉNIA

O artigo de João Miguel Tavares com o título "Fernanda Câncio, José Sócrates e o PSD", publicado na edição de hoje do DN, merece uma leitura. Por via das dúvidas aqui fica a transcrição:

No dia em que o Expresso informava que o Jorge Coelho que vai presidir à Mota-Engil é o mesmo que confiou à construtora contratos de mil milhões de euros enquanto ministro das Obras Públicas, Agostinho Banquinho, porta-voz do PSD para a comunicação social, decidiu denunciar um escandaloso favorecimento do Estado: a contratação da jornalista Fernanda Câncio para assinar uma série de dez programas na RTP2 sobre bairros problemáticos. Estranhamente, Branquinho teve uma branca: nem uma palavra sobre Coelho. Uma pessoa com maus pensamentos associaria o lapso aos saltos despudorados entre governos PS e PSD e empresas (Jorge Coelho + Mota-Engil = Ferreira do Amaral + Lusoponte, não sei se estão a ver), mas eu não sou uma pessoa com maus pensamentos. Por isso, prefiro analisar a brilhante argumentação do sr. Branquinho no "caso Câncio" - afinal, é gente que ambiciona ser governo, devemos levá-los a sério.
Argumento 1, segundo Branquinho: "Torna-se incompreensível que a RTP contratualize com entidades externas a feitura de programas para a sua grelha." Tendo em conta que não deve haver um único canal, em todo o mundo civilizado, que não "contratualize com entidades externas", é caso para perguntar quem colocou Branquinho à frente da pasta da comunicação social. Enquanto militante n.º 1 do PSD, Pinto Balsemão já podia ter tido a caridade de convidar o deputado para um almoço, explicando-lhe, com palavras simples, o que é a televisão. É que, tendo em conta o seu Argumento 2 - "A estupefacção é maior quando se contratualiza com alguém que não tem experiência televisiva" -, Branquinho pode ter problemas com as palavras complicadas: Fernanda Câncio tem vários anos de experiência televisiva, em jornalismo de investigação. E, por fim, o Argumento 3: uma contratação dessas só se justifica "quando acrescenta valor acrescentado" (sic). Aqui, podíamos aconselhar a Agostinho Branquinho a leitura dos livros de reportagem de Fernanda Câncio, não fosse ele ter manifestas dificuldades com o português.
O que Agostinho Branquinho não disse à Lusa, porque preferiu a insinuação cobardolas - mas eu digo por ele -, é que todo este episódio vergonhoso só existe para sugerir que José Sócrates andou a pressionar a RTP para fazer um favorzinho a Fernanda Câncio. Sócrates, que ainda há poucos anos era homossexual (lembram-se?, foi no tempo do amigo Santana), agora parece que se transformou num heterossexual furioso, empenhado em arranjar tachos à namorada. É este o PSD que temos. E é esta a gente que quer mandar no País. Só duas palavrinhas (muito simples): vade retro.

sexta-feira, abril 04, 2008

ESTREIA DIA 11 DE ABRIL

(foto De Luca, via Corriere della Siera)

Para os amantes da Sétima Arte e de Monica Belluci, vem aí "Shoot'em up", em italiano "Spara o muori". O Corriere della Siera antecipa uma das cenas mais quentes e movimentadas do filme com Clive Owen. Aqui. A diva continua no seu melhor. A coisa promete e a música é a condizer.

FUTEBOLÊS DE ANTOLOGIA

"Há quem goste de dar a comer, mas não fique satisfeito quando come" - Jorge Coroado, aos microfones da rádio, em comentário a uma jogada durante a 1ª parte do Glasgow Rangers - Sporting para a Taça UEFA.

(Tradução para português: Os escoceses fizeram faltas sobre os jogadores do Sporting, mas não gostam de sofrê-las)

quinta-feira, abril 03, 2008

PAULA REGO A SUL

Não em corpo mas em espírito. É a partir de 5 de Abril e durante dois meses na Galeria Trem, em Faro. São 25 obras que por ali vão estar expostas. É o que se chama uma verdadeira pedrada no charco.

MAIS UM POR CÁ

É um novo blogue, virado para as coisas da política, por gente que se interessa e que faz política com sentido de cidadania. Além de ter a vantagem da Joana Amaral Dias não escrever por lá. Chegou no final de Março, mas só hoje, graças ao Corta-Fitas, fui alertado para a sua existência. Aqui. É claro que não conforta da ausência do Paulo Gorjão no Cachimbo de Magritte, mas vale bem uma visita regular.

UMA ABERRAÇÃO

A notícia hoje divulgada de que os processos de adopção passarão a pagar uma taxa de justiça inicial de 576 euros, eventualmente devolvida no final do processo, tendo por fundamento "que a razão pela qual não se previu uma isenção, de início, prende-se com a excessiva litigiosidade neste campo do direito e com a necessidade de acautelar uma certa contenção no recurso ao tribunal», é um absurdo e uma aberração num país onde há milhares de crianças à espera de serem adoptadas e onde a diminuição do crescimento demográfico começa a ser um sério problema. Seria bom que fossem divulgadas as estatísticas relativas aos processo de adopção e de regulação do poder paternal para se avaliar a seriedade da medida. É que conviria não confundir os verdadeiros processos de adopção com as alterações às regulações do poder paternal por mero capricho dos progenitores - a tributar e bem - ou por necessidade de revisão de acordos medíocres negociados por profissionais mal preparados para fazerem a vontade aos interesses dos progenitores, e não dos menores, e depois homologados por alguns juízes desatentos, acordos aos quais o MP fechou os olhos na altura própria - estes a serem obviamente isentados já que aqui a responsabilidade será do Estado.

RIA FORMOSA




Agora que o Sol está mais luminoso, o céu mais azul e os dias são mais longos, que tal uns mergulhos na Ria Formosa? O Vieira, a Fátima e demais gente da Hidroespaço estão sempre disponíveis para vos darem uma ajuda. Vida não falta e sempre encontrarão mais uma razão para apoiar o Polis e reclamar pela demolição urgente dos abortos urbanísticos e arquitectónicos da Ilha de Faro. As fotos foram tiradas no sábado, dia 29 de Março, no mergulho da tarde, pelo meu bom amigo, e buddy destas coisas, J.R.. Não, não é o da série televisiva "Dallas", é o outro, o da Agência Lusa, que por ter barbatanas em vez de pés e respirar por guelras não alinha em futebóis!

EXCELENTE INICIATIVA

À margem da Conferência sobre o Tratado de Lisboa que ontem teve lugar no auditório da CCDR-Algarve, foi distribuída a primeira edição em língua portuguesa de uma versão consolidada do mesmo. Trata-se de uma excelente iniciativa da Comissão dos Assuntos Europeus da Assembleia da República, a somar ao ciclo de conferências em curso. Perante uma sala cheia e interessada, foi possível ouvir alguns dos especialistas sobre a matéria. Tirando o debate, que nalguns momentos fez lembrar o conhecido fórum da TSF, registe-se o excelente nível das intervenções, e, em especial, as que foram realizadas por Ana Gomes, Mota Amaral, Mário David e João Paulo Barreiros. É a prova de que a linguagem europeia não tem de ser necessáriamente hermética e que as pessoas correspondem às boas iniciativas. De parabéns estão, pois, o presidente da Comissão Parlamentar, Vitalino Canas, o presidente da CCDR-Algarve e todos os demais que contribuiram para o sucesso da iniciativa. Espera-se a continuação.

DESTA VEZ SERÁ A SÉRIO?

(foto Correio da Manhã)
Quando há dois dias atrás ouvi um alter ego do Sr. Pinto da Costa, o Dr. Guilherme Aguiar, vereador na Câmara de Gaia, especialista em assuntos de bola e um dos melhores exemplos da promiscuidade reinante entre a política e o futebol, vir dizer que esperava que o F.C. Porto, a ser punido com a perda de seis pontos, o fosse na presente época, pela primeira vez tive consciência de que desta vez o problema deveria ser grave. É claro que embora ainda não tenha sido tomada uma decisão final sobre essa matéria, Guilherme Aguiar, que não tem ilusões sobre o que está em causa, pretende que a sanção a aplicar não produza quaisquer efeitos, já que se a penalização tivesse efeitos imediatos, numa época em que o F.C. Porto já é virtualmente campeão, ficaria garantido que o crime compensa. A punição seria inócua. Daí o ter-se antecipado a qualquer decisão. Como cidadão e amante do futebol espero que acima de tudo a verdade prevaleça. Mas se houve crime, então é imperioso que as consequências sejam graves e não apenas uma fantochada formal destinada a aliviar as consciências de todos aqueles que durante anos alimentaram a fraude, a corrupção e o clientelismo no futebol, deturpando e sabotando a verdade desportiva.

P.S. Não deixa de ser curiosa a notícia de hoje do jornal Correio da Manhã, segundo a qual o presidente do F.C. Porto, quando questionado em juízo sobre os seus rendimentos, terá afirmado receber cerca de 10 mil euros por mês e nesse mesmo ano tenha apresentado uma declaração de rendimentos de 697 mil euros.


UM HOMEM DISTRAÍDO

Depois de ter acusado Manuel Pinho e o Governo de José Sócrates de, em jeito de retaliação, terem cancelado os contratos com a empresa de que era funcionário, veio a saber-se que afinal foi o seu companheiro de partido Pedro Santana Lopes quem, enquanto primeiro-ministro, tomou a iniciativa de suspender os serviços do banco de que era managing director, a Goldman Sachs. Agora, ficou também a saber-se que a Goldman Sachs dispensou os seus préstimos, insensível ao facto de poder estar a despedir um futuro primeiro-ministro de Portugal, e que pelos serviços de consultadoria ao Estado, entre 2004 e 2005, tal empresa recebeu, só num ano, mais de 2 milhões de dólares. Nunca saberemos se as suas declarações foram apenas um fruto do despedimento que sofreu, sempre lamentável, mas não deixa de ser triste que o eterno candidato a líder do PSD, António Borges, não tenha dado mostras do rigor que tanto apregoou. Os seus patrões podem ter sido ingratos, mas o que pretendia António Borges com tais declarações? Pura distracção.