terça-feira, abril 15, 2008

A MEMÓRIA É CURTA

(foto DN)

Quando se pensava que o PSD iria deixar de dar tiros nos pés, eis que voltou tudo à estaca zero. Agostinho Branquinho meteu a argolada, depois ficou envergonhado e quase pediu desculpa. Logo veio o guerrilheiro Gomes da Silva, em mais um canhestro exemplo de miopia política e falta de nível, atirar-se de novo à jornalista do DN. A seguir foi o coro de críticas que culminou com Marcelo Rebelo de Sousa a considerar "abaixo de cão" o ataque pessoal contra Fernanda Câncio. Finalmente, o inefável Ribau Esteves, arquétipo do provincianismo bacoco da política portuguesa, lembrou-se de vir dizer que a jornalista em causa "na sua coluna semanal no DN, faz um jornalismo de intervenção, defendendo e elogiando permanentemente o PS e o seu Governo, criticando o PSD e os seus dirigentes". A memória do PSD e dos seus dirigentes está, pois, ao nível da sua qualidade política e da natureza das intervenções que fazem. Dir-se-ia que desconhecem o caso do "comissário" Luís Delgado. Este, tanto quanto recordo, tinha uma coluna diária, não semanal, no DN, de onde atacava tudo o que cheirasse a oposição a Durão Barroso e a Santana Lopes. Durante anos seguidos Delgado não fez outra coisa senão atacar o PS e elogiar Durão Barroso, o amigo Pedro Santana Lopes, Morais Sarmento e toda a pandilha que sucedeu a António Guterres. Antes da reunião que entronizou Santana Lopes, dir-se-ia mesmo que Delgado seria um dos participantes. Depois, como se sabe, Delgado acabou como administrador da Agência Lusa, ao mesmo tempo que continuava fazendo "comentário" político nos canais televisivos. Ribau, que nesse tempo conspirava em Ílhavo com os seus conterrâneos, talvez desconhecesse que a Lusa não era uma empresa privada e que se Fernanda Câncio faz "jornalismo de intervenção", então Luís Delgado devia ser uma agência de comunicação do PSD dentro do Diário de Notícias e da Lusa. Que me recorde, nunca ouvi nesse tempo Ribau Esteves, nem Branquinho, nem Menezes, nem ninguém do PSD, queixar-se da escrita panfletária e canina, no duplo sentido de fidelidade ao PSD e dilacerante em relação ao PS, de Luís Delgado. A memória tem destas coisas.

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