segunda-feira, abril 28, 2008

EQUÍVOCOS

Alberto João Jardim quer deixar o Governo Regional da Madeira. Mas continua com vontade de permanecer na política. Na Madeira não poderia prosseguir a sua carreira num lugar subalterno. Logo pensou em mudar-se para o continente. Assim, como quem não quer a coisa, começou a mostrar-se disponível para liderar o PSD. Quis colocar-se à margem das disputas internas para dar um ar respeitável à coisa. No seu partido, gente incapaz de apreciar um bom filme dos Monty Python sem se rever nos estafermos que nos fazem rir, logo saiu a terreiro para dizer que já via em Jardim o líder do partido e o candidato do PSD a primeiro-ministro. Veio então Jardim ao Conselho Nacional, anseando pela entronização, só que como não lhe fizeram a vontade foi-se embora amuado. No Algarve, Mendes Bota e o seu exército de infelizes, com excepção de Macário Correia, apressaram-se a manifestar-lhe apoio, convencidos de que o homem iria dar-lhes a mão. Esqueceram-se foi de que Pedro Santana Lopes já perguntara ao seu espelho se havia alguém mais habilitado do que ele para dirigir o partido. Como é homem de antes quebrar que torcer, este fim-de-semana Alberto João Jardim voltou a concretizar a sua disponibilidade, mas fê-lo com um pequeno "mas". Numa primeira fase deu a entender que queria concorrer sozinho. Depois bastava-lhe que Santana Lopes e os outros se retirassem para ele poder defrontar sozinho Manuela Ferreira Leite, "a candidata do regime". Regime que só na sua cabeça existe e que ele inventa para justificar a sua própria existência e os dislates que vai proferindo. Diz ele que não quer ser mais um "metido num saco de gatos de candidaturas que não merecem sequer confiança". O problema de Jardim é que as "regras" da Madeira não podem ser transpostas para o lado de cá e quem diz se as candidaturas merecem confiança ou não são os eleitores do PSD e não o directório do partido ou os caciques que pagam as quotas e fazem as listas. Para quem tem tanta confiança nessa coisa indefinida e inexplicável que são as "bases" do PSD, não se percebe a exigência de Jardim. A não ser que ele tema que outros sejam mais capazes de "orientá-las" na hora do voto. Jardim sabe perfeitamente que em democracia ele tem tantas hipóteses de ser líder do PSD ou primeiro-ministro como tem Mendes Bota. Ou seja: nenhumas. Porque os medíocres clientelismos regionais que ele estimulou e que ao longo do anos regou com o dinheiro dos contribuintes nacionais para ganhar eleições na Madeira, não têm qualquer hipótese de sobrevivência deste lado. Por saber disso quis fazer mais um número de circo. Ao sofisma da falta de tropas, rapidamente resolvido pelas tropas que lhe disponibilizaram, ele quis contrapor o da multiplicidade de candidaturas. A insularidade tem-no protegido, mas não chega para disfarçar a falta de coragem, a ausência de estratégia, a falta de ousadia, a duplicidade de comportamentos, a incapacidade para liderar e a falta de força congregadora. O problema a final não era de falta de tropas. Era, como se vê agora, um problema de generais. Jardim não suporta que haja outros como ele, em especial mais capazes do que ele a arregimentarem as "bases", e o resultado é o que se vê: toda a jactância de que deu mostras acaba por morrer, ingloriamente, arranhada e mal tratada num saco de gatos. É bem feito.

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