Segundo rezam as crónicas do dia (TSF, Diário Digital, Correio da Manhã e Público, pelo menos), Ângelo Correia, actual presidente da Mesa do Congresso do PSD e um histórico do partido, depois de andar a tecer loas a Luís Filipe Menezes e à sua equipa de "ribaus" por tudo quanto era sítio, dos jornais à rádio e desta à televisão, considerando-o o melhor e o mais capaz para liderar o partido, tendo o apoio das eufemísticas "bases", e pedindo tempo para a nova direcção, de um momento para o outro descobriu, ao fim de tão poucos meses, que a situação do partido é "totalmente insatisfatória", que o partido deve "refazer a sua qualidade, que foi perdida nos últimos anos, e refazer a necessidade de pensar", algo que, acrecenta ele "ainda não está a ser feito".
Todos sabem que Ângelo Correia não é parvo, que tem um faro político acima da média do seu partido e, normalmente, está sempre com o líder que sai vencedor do congresso seguinte. Daí que estas considerações devam ser devidamente entendidas e enquadradas nesse contexto. Percebe-se que, afinal, a qualidade da actual liderança é coisa inexistente, já que é ele próprio quem fala em qualidade perdida nos últimos anos e que, como se vê, também não foi recuperada, ainda, diz ele, com a actual direcção. Também não esclarece quando prevê ele que essa qualidade seja recuperada, nem com quem. Mas compreende-se mal que sabendo tudo isso tenha andado a defender os dislates de Menezes e da sua equipa com a sua proverbial veemência nas entrevistas que deu à TSF e com as suas presenças regulares na SIC. Se depois do que aconteceu com Durão Barroso e Santana Lopes, o PSD resolveu eleger Menezes e respectiva tribo sem ter parado para reflectir e pensar, ignorando os avisos à navegação, entre outros, de Manuela Ferreira Leite, de Miguel Veiga, de Marcelo Rebelo de Sousa ou mais recentemente de Morais Sarmento, optando por embarcar nos acéfalos discursos ribauistas e botistas, então talvez seja de questionar a própria capacidade de reflexão e introspecção do PSD. É manifesto que Ângelo Correia não descobriu este defeito ontem, nem foi por ter participado num debate sobre finanças públicas que isso aconteceu. Ângelo Correia há muito que sabe dos defeitos da actual liderança, gente que nada tem a ver com ele nem com o seu passado, mas sempre acreditou que cavalgando a onda populista de Menezes poderia vollar a ter visibilidade dentro e fora do partido. Está visto que o conseguiu, mas à custa de dar uma triste imagem de si. Um homem com o seu prestígio e currículo nunca o deveria ter feito. Ele quis ignorá-lo e por isso aceitou ser mandatário da candidatura de Luís Filipe Menezes. Agora, se quer fazer um acto de contrição, só lhe resta pedir desculpa aos militantes do partido e ao país por ter ajudado a eleger a mais medíocre e incompetente liderança de que há memória num partido do arco da governação. Tudo o mais soará sempre a falso e a oportunismo. Mas desta última acusação já ele não se livrará. Mesmo que seja o primeiro a abandonar o barco.
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