O artigo de Vasco Pulido Valente na edição de hoje do Público, não está disponível on-line devido à cada vez mais abstrusa política de acesso a conteúdos da sua direcção. O Público já devia ter percebido, ao fim de todo este tempo, que os resultados alcançados até agora não justificam a lei da rolha em relação aos artigos de opinião. Para quem gosta de ler e de jornais, para quem compra regularmente o Público, muitas vezes o problema está apenas em não se chegar à banca dos jornais a horas. Desta vez não foi o caso. Por isso mesmo, não será por causa dessa política do jornal, fomentadora da iliteracia, do analfabetismo militante e da ignorância, que o artigo deixará de estar acessível a mais leitores. Aqui também se faz serviço público. E sem subsídios.
"Em menos de 15 dias, Luís Filipe Menezes propôs para espanto e abatimento dos poucos portugueses, que persistem em o levar a sério: 1º Um debate de fundo sobre a "qualidade" da democracia sob o Governo socialista; 2º A "harmonização" fiscal com a Espanha; 3º A "autonomia sem limites" da Madeira e dos Açores; 4º E uma nova Constituição. Como se isto não chegasse, algumas personagens menores do PSD tentaram arranjar um "escândalo" que envolvia a vida privada do primeiro-ministro. Para guia do cidadão comum, devia existir um registo oficial e diário do que Luís Filipe Menezes anda por aí a dizer. Já começa a ser difícil seguir o delírio político do "chefe" e do partido, sem uma ajuda organizada. A trapalhada atingiu proporções que ultrapassam a inteligência média. As sondagens, de resto, provam isso mesmo: 26,5 por cento do eleitorado não confia em Menezes para dirigir o país. Pior: só 26 por cento tenciona votar PSD (menos do que na pior época de Marques Mendes). Não tarda muito nem esse último grupo de fiéis resiste. Terça-feira, por exemplo, Ângelo Correia saltou do barco. Não por interesse com certeza, porque não tem nada a perder. Porvavelmente, por vergonha. É preciso, explicou ele, que o PSD recupere a "capacidade de pensar". Mas quem lá pela casa pensa? Pedro Passos Coelho, um bom amigo de Ângelo, ofereceu a sua pessoa, aumentou a confusão, que, por outra parte, lamenta. O PSD adquiriu um novo, presuntivo chefe (para o seu longo cemitério da espécie) e ficou mais dividido do que estava. O pânico nunca é racional.
Se esta tragédia ou esta farsa, como quiserem, fosse um episódio interno do PSD, não vinha grande mal ao mundo. Infelizmente, nenhum regime sobrevive à degradação do sistema partidário em que assenta e o regime vigente assentou sempre, e até agora, em dois partidos: no PS e no PSD. Sem o PSD (e com Paulo Portas cercado), não há direita e, sem direita, não há "alternância". Pode haver, em 2009, uma segunda maioria absoluta e um Partido Socialista Institucional, como dantes no México, que tornará Cavaco irrelevante. Ou, se a esquerda (o PC e o Bloco) conseguir o milagre de reduzir o PS à maioria relativa, pode haver um corpo-a-corpo geral, no meio de uma crise económica sem conserto. As duas coisas serão um desastre para toda a gente. O dr. Menezes, que nos faz rir, ainda acaba por nos fazer chorar".
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