segunda-feira, dezembro 31, 2007

RECEITA DE ANO NOVO


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido) para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

(Carlos Drummond de Andrade)

PALERMICE ESCORREITA

Na canhestra lógica a que já nos habituou a actual direcção do PSD, Luís Filipe Menezes atacou de forma veemente a saída da CGD e eventual entrada no BCP de Carlos Santos Ferreira e Armando Vara, tendo pugnado pela nomeação para o banco público de alguém da esfera do PSD para assim se manter a "tradição". Isto mesmo foi defendido por Pedro Santana Lopes, líder parlamentar do PSD, no seu blogue - www.pedrosantanalopes.blogspot.com -, num texto intitulado "Equilíbrio e Memória". Conforme o próprio Santana escreveu, não eram as pessoas que estavam em causa, mas a sequência de acontecimentos, o que no entender dos diorigentes do PSD obrigaria que para a CGD fosse um gestor como Miguel Cadilhe ou então que Constâncio abandonasse o Banco de Portugal. Menezes chegou mesnmo ao ponto de dizer que esta dança de gestores não era aceitável numa economia de mercado "escorreita" (sic). Nunca saberemos se a escolha de Faria de Oliveira pelo ministro das Finanças e o Governo de José Sócrates se inseriu na "tradição" de que Menezes e Santana se reclamam defensores, pese embora o facto de Teixeira dos Santos já ter dado a entender, implicitamente, que Menezes não lhe merece crédito atenta a sua condição de franco-atirador. De Faria de Oliveira, para além de ter sido ministro e ter feito a escola dos gestores públicos, sempre sem quaisquer resultados que o distinguissem do resto da maralha dos seus pares, a começar pela TAP que Fernando Pinto aos poucos vai saneando, sabe-se que é militante do PSD, foi vice-presidente do partido e estava em Espanha já ao serviço da CGD. Pelo que disse o verborreico Gomes da Silva, o PSD ficou satisfeito com a escolha. Quer isto dizer que para Menezes e seus acólitos, a nomeação de Faria de Oliveira cumpre a tradição e compensa uma mudança de gestores que antes era do "quarto-mundo" e furava as regras do mercado. Em rigor, Menezes até disse que «sempre foi assim no passado, sempre deve ser assim no futuro», concluindo que a nomeação de Faria de Oliveira se tratava de uma "sensatez". Traduzidas à letra, as declarações de Menezes e da sua tropa são uma palermice escorreita e apenas querem significar uma coisa: que uma má decisão, uma decisão do "quarto mundo" ou o mau funcionamento da economia de mercado se tornam aceitáveis enquanto se mantiver a lógica imbecil da divisão dos tachos do Estado e das empresas públicas pelas máquinas partidárias, independentemente dos méritos dos nomeados e desde que isso represente o cumprimento de uma "tradição". Para dizer a verdade, eu até percebo a lógica de Menezes. É que foi graças a esta e ao cumprimento da tradição - outra palermice escorreita - que ele e o senhor Santana chegaram a deputados, membros do governo, presidentes de Câmara e líderes do partido. E foi graças a ela que o senhor Ribau Esteves, um típico vendedor de banha da cobra que dá dicas sobre a melhor forma de "comer uma gaja boa", se tornou autarca e vice-presidente do partido, o senhor Loureiro virou secretário de Estado e presidente da Liga de Clubes ou o senhor Mendes Bota foi presidente de câmara, deputado europeu e já se posiciona como futuro líder da região do Algarve. Num país civilizado, a avaliar pelas suas habilitações, currículo e discurso, nenhum deles teria passado de um funcionário público mediano. É, pois, natural que eles estejam agradecidos à divina providência, à "tradição" e ao "quarto-mundismo". São estes, mesmo quando estão temporariamente em funções no sector privado, que lhes mantêm os lugares, confortam as clientelas e asseguram as influências necessárias à manutenção das respectivas tenças. Assim, é normal que todos eles vejam a nomeação de Faria de Oliveira como uma vitória.

sexta-feira, dezembro 28, 2007

DE OLHOS BEM ABERTOS...

(via AgitProp)

...num cinema perto de si, já está a nova diva de António Pedro Vasconcelos. O filme é o esperado Call Girl e promete muita agitação.

COMO DISSE?

A saída de Carlos Santos Ferreira para o BCP parece estar a pôr a cabeça em água a muita gente. De repente "deu a louca no povo". Primeiro foi Luís Filipe Menezes a pedir a nomeação para a CGD de um correligionário; depois foi o mesmo Menezes a colocar entraves à inclusão de Vara na lista de Santos Ferreira para os órgãos sociais do BCP; a seguir veio Diogo Feio, dirigente do CDS/PP, manifestar a sua incomodidade pelo que se estava a passar na CGD e, no final, o ramalhete ficou completo quando surgiu um professor universário, saído sabe-se lá de onde, ontem na SIC Notícias, a comparar a passagem de Santos Ferreira da CGD para o BCP como se fosse uma transferência de Pinto da Costa do FC Porto para o Benfica. Estava jantar e quando ouvi tal bojarda engasguei-me. O homem não me pareceu estar alcoolizado, mas lá que saiu saiu. Começando pelo fim, importa referir quanto ao professor universitário que a única coisa que posso fazer é lamentar a intervenção. Pelos seus alunos. Eu se fosse seu aluno sentir-me-ia envergonhado e nunca mais diria a ninguém que o sujeito era meu profesor. Se aquele fulano que esteve com a Ana Lourenço na SIC-N a debitar fosse um exemplo dos professores universitários deste país certamente que o melhor era encerrar as universidades. Todas e de uma vez. Então não é que o tipo se lembrou de manifestar preocupação pelos "segredos" que o gestor da CGD iria levar com ele para o rival BCP? Então não é suposto que ele continue a trabalhar na mesma área ou será que sofre de alguma capitis diminutio que o iniba de exercer funções no BCP? Então não é normal um técnico mudar de emprego e ir para outra empresa do mesmo ramo desempenhar idênticas funções? E antes de ir para a CGD Santos Ferreira não passara já por uma empresa ligada a esse universo empresarial do BCP? Quantos gestores, directores comerciais, directores de marketing, arquitectos, advogados, bancários, munidos de todos os segredos, saem diariamente de uma instituição para entrar noutra onde continuam a exercer a sua profissão mesmo que a de destino seja rival? Isso diminui-os aos olhos dos concorrentes ou da opinião pública ou transforma-os nuns salafrários prontos a cometerem as maiores malvadezas ao antigo patrão para gáudio do novo empregador? Sendo o BCP uma empresa privada há alguma coisa de anormal na escolha, tanto mais se o escolhido é um tipo reconhecidamente competente e de uma honestidade à prova de bala? E se fosse ao contrário, isto é, se o trânsito fosse do BCP ou do BES para a CGD, já seria aceitável? O infeliz opinante também teve o azar de ninguém lhe dizer que Santos Ferreira não é simpatizante, sócio ou accionista da CGD, ao contrário de Pinto da Costa em relação ao FC Porto, quando se lembrou de estabelecer aquela infeliz comparação. É que nem mesmo quando se tenta salvaguardar as devidas distâncias o exemplo tem algum senso. Enfim, desta vez o disparate não passou de mais um momento hilariante da SIC Notícias, não causando mossa de maior. Já Diogo Feio anda muito esquecido quando se mostra chocado com as trocas e baldrocas do banco público. Cumpre pois perguntar-lhe se já se esqueceu do que se passou com Celeste Cardona quando esta foi nomeada para essa mesma administração da CGD depois de ter sido defenestrada do ministério da Justiça. Não me recordo de por essa altura ter ouvido Diogo Feio, Paulo Portas, Marques Mendes ou Santana Lopes a protestarem. Por isso estranho. E ainda mais confuso fico quando me recordo claramente de ter ouvido Menezes, há dois anos atrás, sair a terreiro para defender a inclusão de Armando Vara na administração da CGD. Se bem me lembro, dizia ele qualquer coisa como isto: um antigo ministro de Portugal, um antigo ministro do seu país, merecia-lhe toda a confiança e tinha toda a credibilidade e competência para exercer funções de vogal na administração de um banco público. Se antes tinha será que agora, com a experiência que adquiriu e não constando que seja burro, deixou de ter? Eu que na altura não concordei com essa nomeação, aí sim indecorosa, gostava de saber o que entretanto aconteceu que levou Menezes a deixar de considerar um ex-ministro do seu país como competente a ponto de hoje não lhe reconhecer capacidade para exercer as mesmíssimas funções de administração num outro banco, mais pequeno, e que ainda por cima é privado? Se há alguém que nesta história pode sair chamuscado não é seguramente Carlos Santos Ferreira. Menos ainda Armando Vara. Os louros terão de ir por inteiro, entre outros, para Vítor Constâncio e o Banco de Portugal que há anos se demitiram da sua função fiscalizadora e supervisora, para Jardim Gonçalves, para Filipe Pinhal e os demais administradores cessantes do BCP, para os que em 2000, 2001 e nos anos seguintes ali exerceram funções e, em especial, para o Dr. João Salgueiro, presidente da Associação de Bancos, que quando estava em causa a reposição de milésimas nos arredondamentos das taxas e comissões cobradas pela banca, no que era um princípio da mais elementar justiça e honestidade, saiu logo espaventoso em defesa dos agiotas e que até agora, perante uma crise desta dimensão, emudeceu, tentando passar por entre os pingos de chuva sem se molhar. Há silêncios que dizem tudo.

LE RÊVE SARKOZIEN

A la Disneyland avec Carla, Hiver 2007

quinta-feira, dezembro 27, 2007

VOU SENTIR A FALTA DELA

Benazir Bhutto
"Pinkie"
(1953-2007)
Uma mulher faz sempre falta. Mas há mulheres que fazem ainda mais falta do que outras. Pelo exemplo e pela coragem. Numa sociedade dominada pelo fundamentalismo corrupto, cobarde, machista, maledicente e ignorante, a sua presença era uma benção. Ter-lhe-ia sido infinitamente mais fácil fazer compras no Harrods ou dar conferências numa qualquer universidade do que regressar ao seu país e enfrentar a canalha. Quis voltar e pagou o preço. Os ditadores ignorá-la-ão. A democracia render-lhe-á homenagem. Eu limito-me a curvar-me humildemente perante a sua memória e a agradecer o exemplo que nos deixou.

LEITURAS NATALÍCIAS (4)


No mesmo momento em que a liderança do ANC é conquistada por um tipo antes condenado por burla e corrupção e hoje acusado de violação; em que o sargentão, vulgo soba Scolari, prepara o Euro 2008 e já estão em marcha na América latina as eliminatórias de apuramento para o Mundial de 2010 na África do Sul; quando o Porto está a ferro e fogo e a justiça claudica em comícios para-sindicais sem que o desajustado Rui Pereira consiga dar conta do recado, a J. e o F. tiveram a feliz ideia de me trazer este trabalho de Antony Altbeker, antigo colaborador do ministério sul-africano da "Safety and Security", parece pleonasmo mas não é, e actual investigador do Programa "Crime e Justiça" do Instituto de Estudos para a Segurança (Johannesburg). O autor acompanhou durante um ano as operações da polícia sul-africana e monitorizou as suas acções. O resultado obriga-nos a pensar não apenas sobre a melhor forma de organizar as polícias e de controlar o crime, seja ele organizado ou avulso, numa democracia moderna, mas também sobre a melhor maneira de fazer justiça em situações de grave carência social, económica e moral. Alguns dirigentes sindicais da PSP, da GNR, da PJ e das associações de magistrados deveriam ser obrigados a ler este livro para perceberem o que são dificuldades e o que é amor à profissão. Como sei que a maioria não lê em inglês, uns porque não sabem outros porque são preguiçosos, e menos ainda se for técnico, o Dr. Alberto Costa devia mandar traduzir este livro para português a expensas do erário público e torná-lo de leitura compulsiva no C.E.J. e nas academias onde se formam os cidadãos e polícias deste país. Seria um acto de indiscutível boa governação para nos ajudar a olhar para dentro e ensinar alguma coisa aos nossos líderes políticos. A começar por Luís Filipe Menezes, o tal que se diz admirador de Sarkozy - nem este imagina - e que já prometeu destruir o Estado em seis meses se algum dia for governo. Como diria o Vasco Pulido Valente, íamos todos prò maneta enquanto o diabo esfregava o olho.

LEITURAS NATALÍCIAS (4)

Chegou-me às mãos no sapatinho, mas é para levar pelo ano fora. A 3ª edição aumentada deste magnífico dicionário de história e geopolítica do século XX, com depósito legal em França de Setembro deste ano, já chegou aos escaparates. São quase 800 páginas, acrescidas de uma cronologia que vai de 1880 a 2004, com mais de 1500 entradas e artigos de 200 especialistas. Um mimo. Os portugueses contam-se pelos dedos e tirando Salazar, Otelo e Soares, pouco mais há. Em contrapartida, do mundo lusófono, já lá vêm nomes como os de Amílcar e de Luís Cabral, de Samora Machel, de Xanana Gusmão e de Fernando Henrique Cardoso. Imprescindível.

LEITURAS NATALÍCIAS (3)


Do Vasco Pulido Valente recomendo este delicioso "Ir Prò Maneta", forma incansável de continuar a perceber os portugueses e as suas idiossincrasias. Em especial aos adeptos da regionalização, e aos algarvios em particular, já que a maioria, uns não terão tido tempo, outros acesso, à obra de Sebastião Drago de Brito Cabreira ("Relação histórica da revolução do Algarve contra os franceses que dolosamente invadiram Portugal no ano de 1807") e de José Acúrcio das Neves ("História geral da invasão dos franceses em Portugal e da restauração deste reino"). Não há nada como compreender primeiro a nossa história antes de se apregoar a regionalização aos quatro ventos.

LEITURAS NATALÍCIAS (2)


Do André Freire, um jovem doutorado em Sociologia Política pelo ICS e investigador do CIES-ISCTE, mais conhecido pelas suas análises do sistema eleitoral português e pelos artigos que de quando em vez saem no Público, saíram estas "Crónicas políticas heterodoxas" na Sextante. Trata-se de uma compilação de artigos de opinião publicados em diversos jornais, de 2004 para cá, sobre temas tão diversos como a clivagem esquerda/direita, o sistema de governo, a reforma do sistema político, os referendos sobre a IVG, as presidenciais francesas - ainda sem a Carla Bruni - e a adesão da Turquia à UE.

LEITURAS NATALÍCIAS


De Paul Auster, autor traduzido em trinta línguas, vencedor do Prémio Príncipe das Astúrias em 2006, Comendador da Ordem das Letras e das Artes em França, conquistador do Prémio Medicis e do prémio Qué Leer para os melhores romances estrangeiros, pouco há a acrescentar. Recentemente surgiu entre nós este "Viagens no Scriptorium". Por isso, o melhor mesmo, se não tiver ofertas para trocar, é pegar num cálice de Porto Vintage e deixar-se ficar no sofá, junto à lareira, enquanto as páginas se viram.

MENSAGEM DE NATAL


Sempre me ensinaram, quem sabe se sem razão, que a quadra natalícia era uma altura dedicada à família, à reflexão, à comunhão, à oração - para o que sabem rezar e rezam - e para estarmos com os que nos são queridos. Bem sei que nas últimas décadas este espírito tem vindo a abandalhar-se e a época tornou-se numa imensa feira, em que milhões se esgadanham para comprar, vender e encher os contentores de lixo e as ruas de papéis, de restos de comida e de garrafas vazias. Mas que esse abandalhamento se tenha tornado numa ocasião assumida pelo poder político, num Estado soberano e laico, para manifestações de propaganda política, parece-me bizarro e obsceno. O mal não é novo e tem sido cultivado entre nós por todos os nossos primeiros-ministros, até pelos que sendo laicos, são também republicanos e socialistas. Mas eu não embarco neste festival de propaganda e de promoção pessoal. Ainda mais por me sentir socialista. Daí que continue a pensar, agora com redobrada convicção, que deviam ser proibidas as mensagens de Natal e de Ano Novo que extravasassem esse âmbito, quer dizer, que sejam mais do que simples mensagens de boas festas. Durante alguns anos escapei a este suplício por parte dos nossos primeiros-ministros e presidentes da República. Mas tinha que gramar com as mensagens de cariz idêntico do general Rocha Vieira que com o ar pungente do sacristão pecador que levou o ano a engordar-se e aos seus amigalhaços, ao mesmo tempo que ia tramando os seus conterrâneos com um sorriso nos lábios, depois chamava a subserviente TDM (Televisão de Macau), manipulada pelo tenente-coronel Salavesa da Costa, e em dez minutos fazia um acto de contrição e passava uma esponja sobre o assunto. A Maria Rui, como excelente profissional que é, sabe de cor do que estou a falar, tanto mais que até viveu em Macau, e também sabe como estas coisas se fazem. Por isso já devia ter dito a José Sócrates que as coisas não se fazem assim. Uma mensagem de Natal ou de Ano Novo não pode, sob a capa da mensagem alusiva à quadra, tornar-se num comunicado sobre as realizações políticas do ano que passou, debitando estatísticas, fazendo mea culpa das asneiras próprias, exultando as realizações bem sucedidas e anunciando estratégias para o ano seguinte como se se tratasse de uma comunicação na Assembleia da República ou de uma intervenção no jantar de Natal dos militantes do partido. Isso seria bom para o Ribau Esteves ou para o Santana Lopes (o Menezes não existe). Se há coisa que não suporte é a estupidez e a hipocrisia. Querer fazer de uma mensagem de Natal ou de Ano Novo aquilo que ela não é nem nunca poderá ser eriça-me os pêlos. Chateia-me. O resto é querer fazer dos outros parvos e colocar o partido no sítio errado à hora errada.

SAI UMA IMPERIAL PARA A VANESSA

Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de Granada, citado pelo Diário Digital, revela que a cerveja depois do exercício físico "ajuda a repor o líquido perdido na transpiração durante o exercício e os seus açúcares, sais e gás ajudam o organismo a absorver os fluidos mais rapidamente". O referido estudo teve como cobaias "25 estudantes, que correram numa passadeira, sob 40 graus centígrados, até ficarem exaustos". Depois, "os investigadores mediram os seus níveis de hidratação, capacidade de concentração e coordenação motora". No final houve uns que beberam água e outros cerveja. Os que bebiam dois copos de cerveja apresentaram níveis de hidratação “um pouco superiores aos daqueles que beberam água". A experiência votou a repetir-se durante vários meses, sempre com o mesmo resultado. Em resumo, os investigadores passaram a recomendar "o consumo moderado de cerveja após os exercícios, 500 mililitros para os homens e 250 mililitros para as mulheres, como parte de uma dieta atlética." Tenho uns amigos que há muitos anos chegaram a esta conclusão e que depois das nossas peladinhas tomava umas imperiais. Tirando uma ligeira protuberância estomacal, estão todos saudáveis e recomendam-se. Mas como nesta coisa das "boas notícias" há sempre um "palerma" para dizer que não é bem assim, lá veio um tal de James Beth da Universidade de Bath afirmar que o melhor mesmo é tomar bebidas energéticas. Eu quero crer que com um pouco mais de divulgação o estudo da Universidade de Navarra também vai pôr o Roger Federer e a Vanessa Fernandes a beberem umas canecas depois de 2 ou 3 horas de intenso esforço físico. Já estou a ver a "nossa" Vanessa, exausta, a receber um canecão de loura fresquinha, a emborcar aquilo tudo de um trago e a despachar no final um arroto maroto. Só que depois de ler e reler a notícia fiquei com uma dúvida, talvez sem razão de ser: Será que a malta do Opus Dei também tem acções da Unicer? Ou será antes da Heineken?

sexta-feira, dezembro 21, 2007

ARGUMENTOS PARA PORCOS



Graças a uma postagem do Blasfémias, cheguei a uma notícia do Público relativa ao encerramento de uma exploração de suínos no Torrão (Alentejo), onde estes definhavam lentamente à fome e à sede. Segundo tal notícia, que cita um responsável da Direcção Geral de Veterinária e uma veterinária municipal, nem a DGV nem a Câmara Municipal de Alcácer mandaram fechar a suinicultura, embora soubessem já da situação dos pobres bichos, porque, imaginem, legalmente a exploração não existia visto que nunca fora licenciada. O argumento é de bradar aos céus, mas infelizmente continua a espelhar bem a mediocridade que continua a grassar entre os mangas de alpaca da nossa Administração Pública e nalgumas autarquias deste país. Por esta ordem de ideias, seria possível construir um palácio no meio do Parque Eduardo VII ou um mamarracho na Arrábida porque oficialmente não existiam, eram clandestinos, não tinham projecto aprovado nem licença. E ainda há quem tenha a ousadia de falar em regionalização.

quarta-feira, dezembro 19, 2007

DE NOVO EM AUTOGESTÃO?


Mais de uma semana depois de ser conhecida a nomeação pelo Procurador-Geral da República da magistrada Helena Fazenda para dirigir as investigações às mortes violentas ocorridas no Porto e em Lisboa, a imprensa continua a dizer, vd. por exemplo o Diário Digital, que os magistrados do Porto recusam integrar voluntariamente a equipa dirigida pela referida magistrada. Quaisquer que sejam as razões que lhes assistam, e eu fui dos primeiros a questionar o sentido da criação de uma equipa especial para tal efeito quando já muita gente trabalhava no terreno, o certo é que a imagem que começa a ser passada para o exterior daquilo que se passa dentro da estrutura do MP não abona em nada a saúde da instituição. Se o MP é uma estrutura rigidamente hierarquizada cujos membros obedecem a ordens e directivas superiores, não se percebe o burburinho que está a ser gerado e a atitude dos senhores magistrados. Menos ainda se compreende a saída destas notícias para o exterior. Se o objectivo é atingir o PGR e tentar descredibilizá-lo quer-me parecer que os tiros estão a sair ao lado. De qualquer modo, convirá atalhar caminho antes que seja tarde, pelo que ao PGR só restará uma de duas alternativas: ou Pinto Monteiro põe rapidamente ordem na sua casa ou novos tempos de autogestão e sindicalismo descontrolado estarão a caminho.

A FALTA DE ESTATURA INTERNA COMPENSA-SE NO PARLAMENTO EUROPEU


O eurodeputado português Carlos Coelho, mais um dos políticos que temos que não teve tempo para estudar para poder ser comissário do partido e ter um emprego vitalício, entendeu que o momento mais adequado para atacar o primeiro-ministro José Sócrates seria quando este fosse ao Parlamento Europeu fazer o balanço da presidência portuguesa. Numa altura em que toda a Europa se rendia aos méritos do trabalho dos portugueses - embora eu continue a desconfiar da euroburocracia europeia e do diktat europeu -, Carlos Coelho achou por bem tentar humilhar o primeiro-ministro do seu próprio país dizendo em pleno hemiciclo que Sócrates fora melhor presidente em exercício do que primeiro-ministro. Independentemente do mau gosto, da falta de oportunidade e da baixeza que esse comentário revela, isso também diz muito sobre a forma como o PSD encara os êxitos nacionais conseguidos pelos outros partidos.

P.S. Também não gostei de ver Edite Estrela fazer uma intervenção balofa e subserviente. E registo com satisfação o aplauso que a presidência portuguesa e o seu desempenho mereceram de António Pires de Lima (CDS/PP).

UM LONGO CAMINHO A PERCORRER



Para quem em Portugal já embandeirava em arco com a eventual possibilidade de Cristiano Ronaldo poder vir a ser escolhido pela FIFA como o melhor do mundo, chegou a prova que faltava. O DN revelou que dos seleccionadores que constituíam o painel que escolheu os melhores apenas os de países tão insignificantes e sem expressão como o Butão, a Eritreia, as Ilhas Cook, o Tajiquistão, o Níger, a Samoa Americana, Antigua e Barbados consideraram o jogador português o melhor do Mundo. Países como o Brasil, a Itália, a Holanda, a Alemanha, a Inglaterra, onde ele joga, a França e a Espanha não votaram nele. Para estes, os três melhores eram Kaká, Messi e Drogba. Mesmo na votação por capitães de selecções, Cristiano Ronaldo só obteve o voto de Van der Saar, o holandês que com ele faz equipa no Manchester United.


Este resultado revela bem o quanto Ronaldo está longe de ser um grande jogador. Considerá-lo, como alguns extemporaneamente o fizeram, um fora-de-série, a começar por Scolari, só serviu para atrasar o seu desenvolvimento. Cristiano Ronaldo continua revelar uma preocupante infantilidade nalgumas das suas atitudes, dentro e fora do campo, e se em Inglaterra tem revelado um espírito colectivo mais forte do que quando está ao serviço da selecção, alturas em continua a jogar mais para ele do que para a equipa, perdendo-se em sucessivos dribles e mergulhos intempestivos, espero que o terceiro lugar agora conquistado, que longe de ser um mau resultado, constitua um estímulo para quem sendo tão jovem já entrou na galeria dos melhores. A imprensa tem obrigação de ajudá-lo nesse percurso, moderando as críticas, quer as positivas quer as negativas. Só assim ele poderá crescer e impor-se. Como alguém já disse, o difícil não é chegar lá acima, é manter-se lá. Eu espero que Cristiano Ronaldo tenha a paciência, a arte e tenacidade para isso. Para que trinta anos volvidos sobre o fim da sua carreira futebolística, quando as chuteiras já estiverem num qualquer museu, possa continuar a ser reconhecido, aplaudido e admirado por esse mundo fora. Como o Eusébio.

segunda-feira, dezembro 17, 2007

ORDEM DOS NOTÁRIOS BANCÁRIOS

Os senhores notários privados, profissionais "liberais" que quando não atingem um montante mínimo de facturação são comparticipados pela sua Ordem, aqui há tempos celebraram uns protocolos com diversas entidades bancárias e passaram a promover a realização de um serviço de registos dos actos por si oficiados, ao abrigo de um programa denominado "Casa Simples", aceitando substituir-se aos bancos nessa tarefa. Os bancos esfregaram as mãos de contentamento visto que podem poupar uns cobres, dispensando uns quantos trabalhadores e colaboradores que perdiam horas nas conservatórias a registar os actos do seu interesse, e os notários passaram a fazer de funcionários bancários, preenchendo requisições, efectuando registos e pagando preparos. Ou seja, os senhores notários ofereceram-se aos bancos, qual rameira carecida, para fazerem trabalho de amanuense e à borla. Esqueceram-se foi de dizer aos bancos que não tinham legitimidade para subscrever as requisições de registo, de modo que, vai daí, acabam as escrituras e vão a correr preencher impressos de registo para depois pedirem aos outorgantes que lhes assinem as requisições. Alguns, ignorantes, assinam de cruz, mas os problemas surgem quando os registos que eles submetem às conservatórias, mediante um esquema aparentado com a procuradoria ilícita, já que mandam os seus próprios funcionários fazer a entrega dos pedidos de registos sem que estes tenham habilitação legal para o efeito, ficam provisórios ou são recusados e quando os outorgantes se fazem representar por advogado. Pois é, os senhores notários bancários parece que ficam a modos que "enrascados", já que se comprometeram a prestar um serviço que depende da boa vontade de terceiros. Não sendo o advogado parte no protocolo que a Ordem dos Notários celebrou com os bancos, nada o obriga a trabalhar de borla para os bancos ou para os notários. Por isso mesmo, aconselho os advogados a recusarem assinar requisições de registo preenchidas por notários e a mandá-los bugiar sempre que aqueles tiverem o desplante de o pedir. Se os registos ficarem provisórios ou forem recusados eles que resolvam o granel. Além do mais, pode ser que alguns dos artistas que por aí andam ponham rapidamente em prática um esquema para entalar os bancos e os notários. Por exemplo: outorgando uma escritura de mútuo com hipoteca, sem registos provisórios, e depois recusando assinar a requisição de registo que o notário lhes desse. A seguir podiam ir a correr registar um outro ónus qualquer sobre o prédio hipotecado, enquanto o banco, o servil notário e a Ordem deste discutissem quem iria assinar a requisição de registo no âmbito do protocolo. Depois, quando o registo da hipoteca fosse feito a favor do banco, este já teria sido antecedido por um outro registo que consumisse a garantia do banco. Seria o bom e o bonito ver os bancos pendurados e a Ordem dos Notários com as requisições na mão a prestar contas aos bancos. Mas quem se põe de cócoras para com os bancos e as imobiliárias da praça e quem para poupar uns euros, enquanto perdoa mútuos de milhões a milionários que os gastam a comprar acções na bolsa, se coloca à mercê de terceiros subservientes, não merece outra coisa.

sexta-feira, dezembro 14, 2007

O ÓBVIO

"Marques Mendes não servia às frenéticas bases do PSD. Queriam um motim, um escarcéu, um levantamento. Queriam um "menino guerreiro", ninguém sabe se com enfâse no "guerreiro" se no "menino". Escolheram Menezes. Passou este tempo todo e Menezes não existe. Ao princípio, houve quem pensasse que era por manha. Depois, que talvez fosse por prudência. Agora, tristemente, já se percebeu que Menezes vai continuar a ser o presidente da Câmara Municipal de Gaia, ou seja, nada." - in Público, 14/12/07

DE GRITOS

Uma daquelas fontes anónimas habituais do Diário de Notícias - Como é possível um jornal cair tanto? - revelou aos jornalistas que assinam uma notícia que tem por título "Magistrados do Porto chocados com afronta", que depois de ter sido recebido no DIAP do Porto o despacho do PGR, por e-mail, "ficou toda a gente perplexa com este atestado de incompetência, esta afronta aos magistrados do Porto" E logo a seguir a mesma fonte esclarece que "houve pessoas que choraram". Presumo que com lágrimas e tudo. Eu só gostava de saber onde é que o DN descobre estas virgens que até choram ao receber um despacho do PGR. E logo quando "tudo estava a andar". Mas ao ler a notícia fiquei a cismar se os jornalistas teriam apanhado essa informação na cozinha de alguma magistrada que estivesse a descacar cebolas para a sopa.

INDECOROSO

Bem pode Teixeira dos Santos pedir contenção aos portugueses e apertar a malha fiscal. Hoje, graças a uma pequena notícia do Correio da Manhã que até agora não foi desmentida, fiquei a saber que Luís Filipe Menezes gastou 193.000 euros na campanha para a sua eleição como presidente do PSD e que o líder deposto, Marques Mendes, se ficou pelos 98.000 euros. Quer isto dizer que Menezes e Mendes gastaram qualquer coisa como 291.000 numa simples eleição interna. Não sei quantos militantes terá neste momento o PSD, nem até que ponto esse investimento se justifica para convencer os acólitos que já estão no partido e têm acesso à informação. Mas se juntarmos a esse montante global o custo que representou o tempo de antena que lhes foi oferecido nos diversos canais públicos e privados, os números são por demais indecorosos. E o que se diz em relação ao PSD aplica-se, mutatis mutandis, aos outros partidos.

quinta-feira, dezembro 13, 2007

THIS TREATY IS A MESS

This treaty is a mess, but it will free Europe to do more important things

Compared with the US's inspiring constitution, the Lisbon reform treaty reads more like a manual for a forklift truck

Timothy Garton Ash
Thursday December 13, 2007

When the leaders of the European Union (except for the curmudgeonly latecomer Gordon Brown) gather this morning at Lisbon's Jerónimos monastery, to sign what was once intended to be a European constitution, they will be congregating in a glorious building in Portugal's distinctive Manueline style, they will be welcomed by a prime minister called Socrates, and they will be endorsing a dog's dinner.
If I were them, I'd concentrate on the architecture, and the good lunch afterwards, in the former riding school of a royal palace. Wonderful city, Lisbon. Pity about the treaty. In the English version I have downloaded from the official website of the European Union, it has 175 pages of treaty text, 86 pages of accompanying protocols, a 25-page annexe, renumbering the articles in existing treaties, and a 26-page "final act", which includes no fewer than 65 separate "declarations". And that's just the English version; it will be disseminated in all the 23 official languages of the EU and - a detail buried in declaration 16 - in several non-official ones as well. Since the mere printing of the treaty in all these languages will require the destruction of several forests, it is hard to reconcile with its own commitment, in a new Article 2, to protecting the environment.
Many of the qualifying declarations are the result of interventions by Europe's awkward squad, which at the time the treaty was negotiated consisted of Britain and Poland under the Kaczynski twins, and now consists of Britain. Several of them are the result of translation into euro-legalese of Gordon Brown's "red lines", designed to protect him from Eurosceptic onslaught and save him from a referendum. (Denmark has just helped too, by deciding not to have a referendum.) They include pesky and largely pointless reservations about what should be one of the main benefits of this treaty - mechanisms for a stronger, better coordinated European foreign policy.
Elsewhere, 16 member states declare (number 52) that they still like the EU's symbols: its flag, anthem and motto ("United in diversity," in case you had forgotten), the euro and Europe Day on May 9. Well, bully for them. The list of signatories does not include France. Does this mean France disapproves of these symbols? And if we are "united in diversity", why do only 16 out of 27 member states unite to endorse this motto?
I am, however, delighted to see that my all-time favourite from earlier versions of the would-be constitution has survived. I hereby award the Salvador Dalí prize for the most surreal EU treaty declaration to number 58, in which the governments of Latvia, Hungary and Malta solemnly declare that the spelling of the name of the single currency on banknotes and coins "has no effect on the existing rules of the Latvian, Hungarian or Maltese languages". What is it, we wonder, about the word "euro" that so horribly twists Latvian, Hungarian and Maltese tongues? And what is the intended effect of this declaration? Is the fear that, but for this prophylactic incantation, the very word "euro" will act like some sort of semantic polonium, slowly devouring the organic substance of the Latvian, Hungarian and Maltese languages? I think we should be told.
To my left, there squats this monstrous 312-page spotted dick, plus copies of earlier treaties without which it cannot be understood; to my right, an elegant, pocket-sized, burgundy-coloured volume of just 60 pages, which contains both the Declaration of Independence and the 220-year-old constitution of the United States of America, with all subsequent amendments. "We, the People of the United States, in Order to form a more perfect Union, establish Justice, insure domestic Tranquillity, provide for the common defence, promote the general Welfare, and secure the Blessings of Liberty to ourselves and our Posterity..." begins their effort. "His Majesty the King of the Belgians..." ours begins, and proceeds, through a thicket of presidents and crowned heads and a reference to completing "the process started by the Treaty of Amsterdam and by the Treaty of Nice", to this inspiring first article: "The Treaty on European Union shall be amended in accordance with this article." It then provides for the addition to the existing treaty preamble of some of Valéry Giscard d'Estaing's frightful waffle from the failed constitution. "Ach, Europa!" as the writer Hans Magnus Enzensberger once exclaimed.
It's painful to recall that ours was once meant to be something like theirs: a noble, clear statement of what our union is, how it works and the values it stands for, in muscular prose. That was the hope of at least some in Europe when we set out on this journey six years ago - and not just among the Euro-elites. In a Eurobarometer poll conducted in autumn 2001, two-thirds of those asked said they thought the EU should have a constitution. Even in Britain, the figure was 58%. What a falling-off there has been. We set out to give ourselves a constitutional banquet and ended up with a dog's dinner.
Yet the European Union continues to function and grow. "Eppur si muove" (And yet it moves) - Galileo's legendary defiant sigh - is perhaps the true, secret motto of the European Union. Our leading expert on the EU's institutions, Professor Helen Wallace, has just published a report on how the EU has been working since the great eastward enlargement of May 2004. Against sombre predictions of gridlock, she finds that it has continued to work rather well, through pragmatic adaptation and non-treaty reforms. Now this amending treaty of Lisbon, modest and hedged about with qualifications though it is, should enable the union to work just a little bit better when - assuming all 27 member states ratify it - it comes into force in January 2009. But a noble constitutional document, comparable to that of the United States, it is not. It more nearly resembles the instruction manual for a forklift truck.
In itself, it will do nothing to convince Europe's citizens, or the rest of the world, of what the European Union is good for. But it will help the EU to do things that may convince them. Now that the end of this long, disappointing constitutional debate is at last in sight, it should free us to concentrate on what this union does, rather than what it is, or says it is. In fact, the EU will define what it is by what it does. Will it help to create jobs, strengthen a free-trading world, encourage development, or combat climate change? What can it offer neighbours who will not become members, in the arc of crisis that surrounds us, from Murmansk to Casablanca? We cannot wait until January 2009 to address these questions. By then, a new American president will want to hear our answers.
A short walk from the Jerónimos monastery, down the estuary shore that leads to the Atlantic, is the magnificent tower of Belém, a gleaming white Manueline fortress that Europe's early modern explorers would have passed as they sailed out to discover new worlds. After their doubtless excellent lunch, today's European leaders should take a digestive stroll to the tower of Belém, and contemplate the wider horizon.

O QUE HOJE ACONTECE

A violência na noite é uma constante. Os mortos caem a um ritmo regular. O Porto é cada vez mais inseguro. A insegurança já atingiu Lisboa e ameaça espalhar-se. A Polícia Judiciária ainda não fez uma única detenção. Compreende-se a dificuldade. Enquanto isso o Director Nacional da PJ, um verdadeiro erro de casting em voz monocórdica e ar seráfico, continua a assegurar que estão todos a trabalhar muito bem e que os resultados estão a caminho. Cheira a déjà vu. Mais uma reedição do caso Maddie para os cépticos. O ministro da Justiça tem reafirmado a sua confiança na direcção da PJ, mas o clima começa a ser cada vez mas instável. E intratável. A instabilidade e o clima de medo e insegurança já passaram dos jornais para o cidadão anónimo. Não se trata agora da pequena criminalidade. Não é o pequeno gang que rouba carros, plasmas e carteiras. O filme é outro. As pessoas têm medo de falar. Ninguém gosta de lidar com assassinos profissionais, com tipos sem qualquer amor à vida, que matam por dá cá aquela palha, com mentecaptos que usam o físico para pensar. As potenciais testemunhas desaparecem. O risco de falar é grande. Ao mesmo tempo, o Procurador-Geral da República decide criar, com manifesto desconforto para a PJ, mais um grupo especial para investigar a criminalidade na noite portuense. Aos poucos vai-se multiplicando a estratégia da constituição de grupos de intervenção e coordenação, presume-se que mais especializada, de cada vez que as investigações atingem o nó górdio, de cada vez que a opinião pública e a publicada se questionam. Até quando? A criação destes grupos só tem algum sentido se estes forem capazes de apresentar resultados em pouco tempo. Mas até agora os resultados foram poucos ou nenhuns. Ao mesmo tempo há quem clame incessantemente por novas alterações ao Código de Processo Penal. O ministro da Justiça já disse não. Quer-me parecer que assim não se vai a lado nenhum. Uma estratégia de combate ao crime tem de ser pensada de raiz. Não pode ser talhada ao sabor dos acontecimentos e a continuar a viver do instinto de meia dúzia de carolas. Já era tempo de se acabar com o minifúndio na Justiça. Que tal parar um pouco para pensar?

O QUE ANTES FOI ESCRITO

"O problema do 'futebol' que atravessou a campanha no Porto foi tudo menos uma questão de futebol: foi uma questão de poder político, nua e crua e até exemplar e reveladora dessa nudez e crueza. Em nenhum sítio do país o mesmo se passou. (...) A questão no Porto era pura e simplesmente a de se saber quem mandava na cidade, se o poder político legitimamente eleito, se um conjunto de poderes fácticos, que incluía os derrotados das últimas eleições autárquicas e o establishment que durante mais de dez anos se criou à sua volta. Esse establishment abrangia dirigentes desportivos como o Sr. Pinto da Costa, interesses imobiliários poderosos, uma corte de agentes culturais, jornalistas e jornais e um conjunto de 'personalidades' que apareciam a falar pelo Porto e que, por singular coincidência, eram, todas apoiantes de Fernando Gomes.(...) O Sr. Pinto da Costa é um demagogo populista típico, pouco educado, que fala alto e grosso, gosta de intimidar e ameaçar os seus adversários, faz ultimatos e chantagens. (...) O poder vem de não ter pejo de usar o Futebol Clube do Porto para obter poder político e benesses excessivas, para o clube sem dúvida, mas também para os seus amigos politicos. (...)Passou [Pinto da Costa] todo o tempo a fazer pronunciamentos políticos explícitos, muitos dos quais em prime time televisivo (...). Fê-lo no limite do que é admissível em democracia. Já se tinham passado as cenas em que uns valentões dos Super Dragões agrediam em matilha comerciantes idosos e senhoras numa contramanifestação a que as autoridades policiais fecharam todos os olhos. Depois começou por atacar de forma descabelada Rui Rio, a quem chamou entre outras coisas de 'Hitler', enquanto nas ruas os Super Dragões o chamavam de 'esgoto'. No entanto, apesar disso, muitos senhores finos da politica não desdenhavam a companhia dos ditos Dragões. Instigou um clima de insulto e violência. A maneira como comentou a tentativa de agressão que ocorrera contra mim - e eu sou a última pessoa que gosta de ser vítima, mas também não tenho feitio para alimentar a impunidade reinante - era em si mesma um apelo à violência. Os sites da Internet, mostrando bem que o acesso a novas tecnologias não altera a cabeça dos Dragões pós-modernos, enchiam a rede de hate mail, ecoando o Sr. Pinto da Costa e os amáveis Super Dragões, com o pedido para que da próxima vez fossem mais eficazes e agredissem mesmo." - José Pacheco Pereira, in O Paradoxo do Ornitorrinco

quarta-feira, dezembro 12, 2007

EL MUNDO AL REVÉS

Depois dos magistrados sindicalistas, dos juízes que fazem greve e dos jornalistas-advogados, só faltavam mesmo os deputados que fazem manifestações a pedir referendos ao Tratado de Lisboa quando um primeiro-ministro os visita. E eu que pensava que era dentro dos parlamentos que os deputados exerciam funções. Estava redondamente enganado porque agora percebo que as exercem na rua, na liga de clubes, no Estádio do Dragão, nas televisões, no Snob, no Buda, no Lux ou no CCB. Enfim, em todo o lado menos onde as deviam exercer. Nos parlamentos, seja em Lisboa ou em Estraburgo, basta-lhes limpar as cadeiras com os fundilhos e levantar o braço, podendo entrar mudos e sair calados. Esta gente será feita de quê?

LUTA DE CLASSES

Tomás Vasques sublinhou, e bem, a contradição existente nas duas posições assumidas pelo PSD na Câmara Municipal de Lisboa relativamente ao empréstimo dos 400 milhões. Se por um lado a bancada social-democrata se absteve na aprovação de uma proposta por si apresentada, ainda mais estranho se torna verificar que depois, na segunda votação, já não se importaram de votar a favor. Perguntava-se, pois, se se trataria de uma problema de "desorientação" ou de 'politiquice'. Penso que não é nem uma coisa nem outra. Desorientação pressupõe a existência de um rumo, coisa que o PSD há muitos anos deixou de ter. "Politiquice" também não será, posto que nem sequer têm revelado esperteza para tal. Quanto a mim, penso que o que explica a votação do PSD na Assembleia Municipal de Lisboa é o mesmo que leva Ribau Esteves a dar entrevistas, que guindou Menezes à liderança do partido e Santana Lopes a líder parlamentar. Ou, mais do que isso, é o mesmo que mistura os negócios do Beira-Mar com a Câmara de Aveiro, que mete um vice-presidente do clube e um filho do presidente na vereação a apoiarem protocolos para resolver os milandos do "seu" clube. Tudo se traduz, afinal de contas, em falta de princípios e ausência de escrúpulos, embrulhados numa grande ânsia de visibilidade. Nada de mais por parte de quem não resiste a abeirar-se do primeiro espelho que encontra, mas depois detesta ver-se reflectido e não suporta os comentários de quem o vê. Alguns dirão que é uma extensão da luta de classes ao seio da classe política. Eu estou de acordo. Os "PEpS" (pequenos empreiteiros da política) chegaram e exigem protagonismo.

terça-feira, dezembro 11, 2007

O PROBLEMA DAS SUPOSIÇÕES


Um juiz deste país, sabe-se lá porquê, decidiu levar a julgamento o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais. Da acusação consta, entre outras minudências, a imputação ao ex-magistrado e actual autarca de bagatelas como "branqueamento de capitais", "participação económica em negócio", três crimes de "corrupção passiva", "abuso de poder" e "fraude fiscal". Para quem não andou metido no apito dourado nem com a liga do major Loureiro e se limitava a dar uma mãozinha na gestão das poupanças de um sobrinho taxista em Genebra, tal acusação não pode deixar de constituir um atrevimento. Depois de se ter mostrado "radiante" com a eleição de Menezes para a presidência do PSD, e das efusivas declarações de Carlos Carreiras, o novo presidente da distrial de Lisboa que mostrou estar pronto a estender-lhe a passadeira vermelha, Isaltino, autarca-modelo de Oeiras, ao tomar conhecimento da acusação, esclareceu de imediato que vai a julgamento com base em meras "suposições". Sabendo-se que Isaltino Morais também foi magistrado do Ministério Público, ele lá deverá saber por que o diz. Não posso deixar de registar a perplexidade que me causou tal acusação. Compreendo a revolta de Isaltino e solidarizo-me com ele. Espero que Ribau Esteves e Carlos Carreiras façam o mesmo. Neste país de chico-espertos havia logo de sobrar para ele. Então não é que no meio de tantas suposições e de tantos crimes meteram lá o Isaltino deixando de fora da acusação o sobrinho? Como é possível que este estafermo, salvo seja, depois de ter arranjado estes problemas ao tio e de o ter metido neste imbróglio por causa de umas míseras poupanças acabe por escapar? Eu no lugar do tio não lhe perdoava. Pedia era já uma ajudinha ao engenheiro Ângelo Correia. Quem me garante a mim que este, com todos os seus contactos na Líbia, não saberá de alguém que tenha um sobrinho para a troca? Um tipo menos ingrato e capaz de o desenrascar. E nem precisava de ser um camelo. Logo agora que o PSD tem a sua direcção cheia de autarcas e de ex-autarcas e o Isaltino podia voltar numa boa. Se ele usasse capachinho, como o outro, eu ainda podia perceber. Mas não usa! Há filmes que não merecem os actores que têm. Não deviam acontecer.

domingo, dezembro 09, 2007

AINDA A TEMPO

Por manifesta desatenção e falta de tempo, têm-me passado as referências a alguns novos blogues que surgiram nos últimos meses na blogosfera. De um blogue espera-se, antes de tudo o mais, que seja despretencioso, honesto e que, se possível, nos distraia. Daí que, de entre todos eles, gostaria de aqui referir, para já e em especial, e com a promessa de que voltarei a este tema, O Hálito Azul da Tarde, da minha amiga Ana Isabel, o Pau para toda a obra do João Severino, o Gattopardo e o Estado Civil do Pedro Mexia, e o novo Origem das Espécies do Francisco José Viegas. De caminho, se quiserem, voltem a passar por aqui e por aqui para abrirem o apetite.

A NÃO PERDER

Dia 23 de Fevereiro de 2008. No Pavilhão Atlântico. Oportunidade única de rever um dos últimos grandes senhores da canção francesa: Charles Aznavour. Até lá pode vê-lo e ouvir La Bohéme aqui.

FALTA DE DECORO

Dois ex-bastonários da Ordem dos Advogados andam de candeias às avessas. Rogério Alves e José Miguel Júdice há muito que estão incompatibilizados. Júdice já foi julgado e punido, no mandato do primeiro, por eventualmente se ter excedido na crítica e numas infelizes declarações públicas que fez. Agora voltou à carga durante um debate televisivo na SIC Notícias. Alves, que teve um mandato sofrível - aí Júdice está cheio de razão -, ficou de novo ofendido. Não tinha que ficar. O direito à crítica não pode ser confundido com o insulto baixo, gratuito e soez. Cada um tem o seu estilo e Júdice, como todos nós, terá os seus defeitos. Alves também. Querer transformar uma crítica, mesmo desajustada, numa guerrilha pessoal e abrir processos disciplinares por tudo e por nada parece-me uma perfeita estupidez. De dois bastonários esperava-se mais. Dos órgãos da Ordem recém-eleitos espera-se muito mais. Em especial bom senso. Mas é este que parece estar definitivamente a faltar. Curiosamente, o mal aparenta ser geral. Basta ouvir as discussões no seio da Ordem dos Médicos, entre os actuais candidatos ao bastonato, ou as sempre hilariantes declarações do xerife dos Notários para tal se poder confirmar. Oxalá que os novos órgãos da Ordem dos Advogados ponham as coisas no seu devido lugar e não percam o seu tempo em discussões de sacristia. Todos sairão diminuídos. Os protagonistas e a advocacia portuguesa só têm a perder com estas guerras do alecrim e da manjerona.

INDUZIR EM ERRO

A manchete de ontem do Expresso referia que o empréstimo aprovado pela Câmara e pela Assembleia Municipal de Lisboa era "ilegal". E justificava tão espampanante título com um parecer ou opinião veiculado pelo administrativista Fausto Quadros e uma fotografia de dimensões muito razoáveis do presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Depois, quando se lia a notícia na página 4 do 1º Caderno, verificava-se que, afinal, o problema, segundo Fausto Quadros, é apenas de votação. Isto é: tem a ver com a formação da maioria necessária para a sua regularidade formal. O Expresso acaba depois por esclarecer que o problema se resolve com uma nova votação. Quer isto dizer que a manchete não tinha qualquer fundamento. Confundir a necessidade de uma segunda votação por eventual insuficiência de votos com uma pura e simples ilegalidade não é ingénuo. As consequências de uma ilegalidade substancial, por violação da lei das autarquias locais, são bem diferentes de uma mera irregularidade formal atinente à votação. A manchete do Expresso não é, pois, ingénua nem inócua. E não sendo mera incompetência, tanto mais que a escolha e os títulos das primeiras páginas não são decididos por um qualquer servente, a única coisa que se pode pensar é que ali há má fé. E isso é muito grave numa imprensa que se quer respeitada e respeitável. Por isso mesmo, aconselha-se a direcção do Expresso a rever, com urgência, esse magnífico filme de Marco Bellochio "Sbatti il mostro in prima", de 1972, com Gian Maria Volonté e música de Ennio Morricone. O filme passou aqui em Portugal no final dos anos 70 sob o título "O Monstro da Primeira Página", integrado num ciclo da Cinemateca sobre jornalismo, no velhinho Palácio Foz. Há lições que um jornalista nunca devia esquecer.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

VENCEDORES

Muito trabalho, muita perseverança e muita coragem no meio dos centrais ucranianos saldaram-se em dois golos e a continuidade na Europa do futebol.


"Ficou provado que os autarcas de Cascais, Ílhavo e Gaia não percebem nada da Câmara de Lisboa" e que "os autarcas de Lisboa do PSD não foram atrás do aventureirismo irresponsável do senhor Menezes". Nem mais!

terça-feira, dezembro 04, 2007

TRÊS INSUSPEITOS A LER

O comentário do meu amigo Pedro Correia no Corta-Fitas, a prosa do Atlântico e as linhas que o João Gonçalves escreveu, todos sobre a crise camarária de Lisboa.

O FOLHETIM DE LISBOA

O presidente da distrital de Lisboa do PSD resolveu tentar obter na capital o protagonismo que a vice-presidência da Câmara Municipal de Cascais e o bom senso de António Capucho não lhe têm permitido conseguir ali. As declarações ontem proferidas por Carlos Carreiras, voltam a colocar em cima da mesa a necessidade de clarificação dos objectivos que movem o PSD na autarquia de Lisboa. Se quando tiveram lugar as eleições intercalares para a Câmara, depois de toda a bagunça gerada por Carmona e a rapaziada do PSD, já não era compreensível que fossem feitas eleições para um órgão deixando-se o outro de fora, solução contra a qual o PS se bateu, menos se compreende agora que tendo o PSD viabilizado o plano de saneamento financeiro de António Costa, ao abster-se nessa votação, queira num segundo momento chumbar o empréstimo na Assembleia Municipal. Por um lado, não se vê o que o PSD poderá ganhar com tal atitude. Sabendo-se à partida que os isboetas não são palermas e que o dinheiro não iria cair do céu, melhor seria que antes de se ter abstido na aprovação do plano o PSD tivesse votado contra ou solicitado os esclarecimentos adicionais, que tarde e a más horas se lembrou de pedir, antecipando as consequências da sua abstenção. É evidente que neste momento não há rigorosamente nada a esclarecer. Todos já perceberam o buraco em que a Câmara está e que as condições de saneamento da autarquia passam pelo pagamento das dívidas. Vir dizer que o empréstimo irá onerar durante mais um bom punhado de anos a autarquia e os seus municípes soa a blague, em especial vindo de quem não fez mais nada do que acumular dívidas e permitir a delapidação do orçamento camário em negociatas mal esclarecidas e campanhas de muito duvidoso mau gosto. Ainda todos nos lembramos dos cartazes de Santana espalhados por Lisboa e de perguntas do género "já reparou no que estamos a fazer em Lisboa?". Naturalmente que os lisboetas não imaginavam o que Santana, Carmona e a malta por eles liderada iriam fazer em Lisboa e o estado em que a capital seria entregue a António Costa. Por isso mesmo se torna neste momento bem compreensível a posição de Paula Teixeira da Cruz. Sendo uma mulher de bom senso, conhecendo António Costa e sabendo qual o prejuízo que pode resultar para a cidade do chumbo do empréstimo, por sinal e ao que todos dizem, negociado com termos altamente favoráveis, com a consequente convocação de novas eleições, a presidente da Assembleia Municipal não irá fazer o papel do irresponsável, mesmo que isso a transforme no patinho feio de Andersen. E se o problema de Carreiras é o eventual chumbo do empréstimo por parte do Tribunal de Contas, menos se compreende a razão pela qual o PSD não há-de permitir a viabilização do mesmo na Assembleia. De um ponto de vista político o PSD e Carreiras só teriam a capitalizar com tal chumbo. Mas como aos poucos se vai percebendo, há muito que não é o interesse de Lisboa que move a distrital do PSD. São antes os interesses. Os mesmos que levaram Durão Barroso a sair a meio de uma legislatura e a entregar o governo do país a Santana Lopes, os mesmos que levaram este a abandonar a Câmara de Lisboa e depois a regressar, e ainda os mesmos que levaram Carmona, Gabriela e Fontão a naufragarem com o barco a que se agarraram que nem umas lapas. Neste momento, por mais sério que seja o ar que Carreiras coloque nas suas declarações, já todos perceberam que é apenas a ânsia de protagonismo que o move. Carreiras segue atrás de Luís Filipe Menezes. E com essa ânsia vai também a tentativa, obstinada e irresponsável, de evitar que António Costa faça em Lisboa aquilo que os lisboetas esperam e que o PSD e a sua gente nunca foram capazes de fazer. Nem sequer mal. Governar a cidade é tão-só o que está em causa. Nada mais.