quinta-feira, dezembro 13, 2007

O QUE HOJE ACONTECE

A violência na noite é uma constante. Os mortos caem a um ritmo regular. O Porto é cada vez mais inseguro. A insegurança já atingiu Lisboa e ameaça espalhar-se. A Polícia Judiciária ainda não fez uma única detenção. Compreende-se a dificuldade. Enquanto isso o Director Nacional da PJ, um verdadeiro erro de casting em voz monocórdica e ar seráfico, continua a assegurar que estão todos a trabalhar muito bem e que os resultados estão a caminho. Cheira a déjà vu. Mais uma reedição do caso Maddie para os cépticos. O ministro da Justiça tem reafirmado a sua confiança na direcção da PJ, mas o clima começa a ser cada vez mas instável. E intratável. A instabilidade e o clima de medo e insegurança já passaram dos jornais para o cidadão anónimo. Não se trata agora da pequena criminalidade. Não é o pequeno gang que rouba carros, plasmas e carteiras. O filme é outro. As pessoas têm medo de falar. Ninguém gosta de lidar com assassinos profissionais, com tipos sem qualquer amor à vida, que matam por dá cá aquela palha, com mentecaptos que usam o físico para pensar. As potenciais testemunhas desaparecem. O risco de falar é grande. Ao mesmo tempo, o Procurador-Geral da República decide criar, com manifesto desconforto para a PJ, mais um grupo especial para investigar a criminalidade na noite portuense. Aos poucos vai-se multiplicando a estratégia da constituição de grupos de intervenção e coordenação, presume-se que mais especializada, de cada vez que as investigações atingem o nó górdio, de cada vez que a opinião pública e a publicada se questionam. Até quando? A criação destes grupos só tem algum sentido se estes forem capazes de apresentar resultados em pouco tempo. Mas até agora os resultados foram poucos ou nenhuns. Ao mesmo tempo há quem clame incessantemente por novas alterações ao Código de Processo Penal. O ministro da Justiça já disse não. Quer-me parecer que assim não se vai a lado nenhum. Uma estratégia de combate ao crime tem de ser pensada de raiz. Não pode ser talhada ao sabor dos acontecimentos e a continuar a viver do instinto de meia dúzia de carolas. Já era tempo de se acabar com o minifúndio na Justiça. Que tal parar um pouco para pensar?

Sem comentários:

Enviar um comentário