quinta-feira, abril 30, 2009
IMOLA, 1 DE MAIO DE 1994
O ENCANTO DE ITÁLIA
O MEU AVÔ MIGUEL
"Miguel Correia (1889-1940)
Ferroviário, sindicalista, jornalista
Miguel Maria de Almeida Correia, nasceu em Beja em 30 de Abril de 1889, onde se criou e completou a instrução primária. Admitido nos Caminhos de Ferro, após tirocínio em pequenas localidades alentejanas, radicou-se no Barreiro. Aqui constituiu família e foi pai de sete crianças. Residiu em prédio de esquina da então Avenida da Bélgica, depois Alfredo da Silva. Um vero autodidacta, telegrafista da estação do Barreiro dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste (então estatais!), tornou-se o lutador que mais se salientou, nos tempos da I República, em defesa dos interesses dos trabalhadores da sua classe. Foi, sem dúvida, um dos dirigentes sindicalistas mais conhecidos a nível nacional. Quem se deu por amigo de Miguel Correia redigiu um comovente texto - não assinado - em jornal barreirense, do qual respigamos: “(Ele) .. viveu uma vida agitada e cheia de peripécias, tendo tido muitos ensejos de obter situações privilegiadas. ... apesar dos seus defeitos, que os teve, era um carácter e um lutador sincero e honesto. Era mesmo um sonhador. Sofreu durante a vida bastantes amarguras e muitas desilusões, umas que eram filhas das contingências perigosas em que se metia e outras lhe vinham da ingratidão de muitos daqueles que sempre defendeu, mas que só conhecem os amigos nos momentos felizes, esquecendo-se rapidamente deles se já lhes não podem ser úteis ... Muito do que essa classe obteve, tanto no campo moral, como material, o ficou devendo a Miguel Correia, que nunca se poupou a sacrifícios para defender aquilo que ele considerava “O bem comum dos ferroviários”. Cometeu erros evidentemente, ..., (mas) mais tarde ... reconheceu (-os)”. Em 1917, M. Correia dá um arranque à associação de classe das Oficinas Gerais, onde imperavam os anarco-sindicalistas. No ano seguinte é eleito Secretário-Geral da novel Confederação Geral do Trabalho. Continuam a dar-se grandes movimentações ferroviárias. Em Novembro de 1918 (quase coincidente com o armistício da I Grande Guerra em que Portugal sofreu morticínio) rebenta greve geral. (Isto com a aprovação de Miguel Correia). No sul não há comboios durante dias. Mas a greve redundou num fracasso, e M. Correia foi, como muitos outros, encarcerado. Em 1919/1920 sucedem novas greves. Após uma de 12 dias, Miguel Correia combate a ideia de outra longa paralização, mas desta vez não leva a sua avante. Eclode outra bem longa greve dos ferroviários do Estado, que no Barreiro ficou mais conhecida por greve dos 72 dias. Sucedem-se os despedimentos colectivos. Foi uma calamidade para esses trabalhadores, que sofreram trágicas consequências, como a fome que grassou. (E de que modo no Barreiro..., onde ferroviários e suas famílias, para se alimentarem, plantavam isto ou aquilo em rossios, hortas, quintais). Em 1925, M. Correia é de novo demitido dos Caminhos de Ferro. Em Maio de 1926, os ferroviários, desiludidos com aquela República, cooperaram no transporte do Comandante Mendes Cabeçadas e suas tropas, vindos do Sul para tomar o poder em Lisboa. Cai a I República, o infeliz regime derivado, em especial, do Partido denominado Democrático. Estabelece-se a Ditadura Militar. Mendes Cabeçadas seria, por dias, o primeiro Chefe do Governo e do Estado do novo regime.M. Correia escreveu: O Governo que caiu não tinha condições de servir qualquer das classes, nem o seu partido, detentor do poder (quase) desde a proclamação da República”. Mas Miguel Correia tantas vezes elogiado pelos políticos pela frente, e traído por trás, não era bem visto entre os militares. Em Setembro de 1926, foi ele deportado para Cabo Verde, onde trabalhou como apontador. Regressou à Metrópole, onde a família no Barreiro continuava a passar as mais agras privações. M. Correia quis mudar de vida, rumou para Lourenço Marques, Moçambique, em 1935, onde trabalhou como relojeiro e escreveu nos O Jornal e Notícias. A esposa e alguns filhos também se foram fixar naquela cidade. Poucos anos depois Miguel Correia é acometido de terrível doença, ficou semi-paralítico. Faleceu com apenas 51 anos, em Lourenço Marques, em 3 de Julho de 1940.
O jornalista: Um conhecido correligionário de Miguel Correia recordou que este escrevia “cartas de vinte e trinta páginas, em letra bem cerrada e versando os mais diversos assuntos, sem excluir os de natureza cultural, ... foi um epistológrafo incorrigível”, que se havia entregue de alma e coração aos seus sonhos laborais e era assíduo correspondente de jornais da sua classe. Sim, Miguel Correia, muito escreveu em folhas sindicalistas, colaborando, por exemplo, no Germinal, de Setúbal, na Batalha, anarco-sindicalista, de Lisboa, no Rail (1915), do Barreiro. (Acentue-se que este Rail, de vida efémera, foi fundado por republicanos - não barreirenses - dos partidos de Afonso Costa e António José de Almeida. Mas em 1915 já se sentiam bem os indícios do tremendo radicalismo anarco-sindicalista e a perda da influência dos partidos republicanos no movimento operário, do que resultaria a anarquia, o caos). A publicação a que M. Correia mais se afeiçoou chamou-se O Sul e Sueste, Órgão da Classe Ferroviária, quinzenário fundado no Barreiro em 1919, que em breve passou a semanário. M. Correia foi seu redactor-principal fundador, deixou-o por forças maiores, regressou em 1924. De início, o editor foi António José Piloto, sindicalista bem conhecido no Barreiro. Outros que muito participaram no tão difundido tablóide ferroviário foram Jorge Teixeira, Tomás Fernandes Calheiros da Gama e José Nobre Madeira. O último número d’ O Sul e Sueste saiu em 1933 no advento do estado corporativo.
O barreirense adoptivo Miguel Correia, idealista convicto, lutador dinâmico, polemista de respeito, orador de mérito, jornalista brilhante, não introdutor de ideologias da estranja, foi um sindicalista muito especial, quase se dirá único.Citação: Conclui-se transcrevendo algumas linhas saídas na imprensa da autoria do próprio Miguel Correia (1920):. “O ferroviário... deve possuir, sobre a multidão, o pleno conhecimento da sua índole nas variadíssimas manifestações que na mesma se produzam. Por isso se torna indispensável a todo o militante operário, por mais rudimentares que sejam, possuir conhecimentos de psicologia sem o que não poderá ser um elemento com a capacidade mental suficiente para orientar a acção das massas e muito menos a acção duma multidão organizada, como é uma classe. (Há que) ... manter uma linha pela qual se consegue assegurar, tanto quanto possível, a uniformidade de acção, ... (de onde) emanará a consciência colectiva.”.
quarta-feira, abril 29, 2009
O MONSTRO CENTRAL
NÃO, NÃO É O ÚNICO
NADA DE NOVO
segunda-feira, abril 27, 2009
SANTA IGNORÂNCIA
sexta-feira, abril 24, 2009
LIBERDADE SEM PÃO
quinta-feira, abril 23, 2009
DEBATE À QUARTA
MORAN ATIAS
quarta-feira, abril 22, 2009
NÃO HAVIA NECESSIDADE
Confesso que fiquei desiludido com a entrevista de ontem de José Sócrates à RTP. Se é evidente que Judite de Sousa e José Alberto Carvalho não estiveram à altura do entrevistado, deixando-se enredar em fait-divers e num discurso que em nada contribui para o esclarecimento da opinião pública, permitindo o repisar e arrastar de temas requentados e sem interesse actual, também não é menos seguro que o primeiro-ministro adoptou um estilo que podendo ser o seu não é o registo adequado, nem de um primeiro-ministro nem de quem quer ganhar as três eleições que aí vêm. José Sócrates adoptou o "estilo Câncio", mostrando-se desnecessariamente quezilento e com agressividade em excesso em relação aos entrevistadores. Provavelmente com outros teria arriscado levar uma ou duas respostas politicamente incorrectas, mas com aqueles que estavam de serviço escapou. O ataque à TVI pareceu-me surreal, independentemente das razões, e são muitas, que lhe assistem. E não se vê que tenha marcado pontos na clarificação do Freeport. Todos já sabiam como começou, agora o importante é saber como e quando é que vai acabar. No que diz respeito às relações com o Presidente da República é escusado fazer dos outros tontos. Num regime semi-presidencial como é o nosso, fazendo fé na lição de Duverger, é natural que haja pontos de divergência e até mesmo de ruptura. A águia não tem de ter as duas cabeças sempre a olhar para o mesmo lado. Cada cabeça tem a sua perspectiva. Iludir artificialmente as diferenças para preservação de um relacionamento institucional periclitante é que me parece escusado. Enfim, uma oportunidade perdida para segurar o seu eleitorado e demarcar-se da barafunda reinante. Esta só serve os interesses da oposição. Os seus assessores ainda não se devem ter apercebido disso. É lá com eles.
terça-feira, abril 21, 2009
MADAME BOVARY
JUAN MUÑOZ NO REINA SOFIA
OS MEIOS E OS FINS
NOTA: Vi agora que o título deste post pode parecer ter sido "roubado" a este, mas garanto que só mesmo agora, uma dezena de horas depois de ter escrito o meu, é que li o post do João Gonçalves, no Portugal dos Pequeninos. Para que não restem dúvidas.
segunda-feira, abril 20, 2009
FALTAVAM ESPAÇOS, MAS HOUVE QUEM AJUDASSE
sexta-feira, abril 17, 2009
O SIGILO BANCÁRIO E A BANCADA DO PS
PERTO DA VERDADE
Não me serve de consolo, mas pelo que escrevi aqui sempre me sinto mais acompanhado.
O UMBIGO "SARKOZYANO"
A BOA DISPOSIÇÃO DE PATRICIA CONDE
Já que por cá não temos nenhuma Patricia Conde, aqui ficam as imagens do programa dela que estão a fazer furor aqui ao lado.
quinta-feira, abril 16, 2009
quarta-feira, abril 15, 2009
CADÊ O PROJECTO?
FALTA DE GENTE
O ESPECTÁCULO
segunda-feira, abril 13, 2009
LIÇÕES QUE VÊM DE FORA
De dois parlamentares italianos, Cesare Salvi e Massimo Villone, na esteira do "La Casta", aqui está mais uma obra editada por Oscar Mondadori que seria incontornável para os nossos políticos. Digo seria porque a maioria não só não lê, ou lê muito pouco, como não domina o italiano e não se interessa por estas coisas demasiados óbvias que regularmente se editam em Itália e se discutem nos cafés de Florença. Mas pode ser que o Guilherme Valente e a Gradiva, depois de terem encomendado as minhas últimas sugestões para avaliarem da sua possiblidade de publicação, queiram prestar mais um inestimável serviço a Portugal e aos seus cidadãos e se predisponham a promover a tradução e a edição deste pequeno grande livro que custa na origem a modesta quantia de € 8,80. Não acredito que depois de honestamente traduzida não chegasse a todos por um preço mais do que acessível. Os benefícios seriam muitos e os seus efeitos certamente mais duradouros do que as hilariantes propostas de Manuela Ferreira Leite ou alguns cadernos de encargos que por aí andam.
IMPERDÍVEL
domingo, abril 12, 2009
MELHOR EM CAMPO
Há flores que por muito que se regue nunca se aguentam. Já de alguns bigodes se diria que até com a seca crescem. No jogo desta noite com a Académica não tenho dúvidas de que o melhor elemento em campo foi a águia Vitória. Fez tudo na perfeição. Só não conseguiu cruzar, marcar e fazer de treinadora. Mas quanto ao resto...
sexta-feira, abril 10, 2009
SÁBIAS PALAVRAS SOBRE O FREEPORT
"(...) quando começam queixinhas destas, elas são invariavelmente o sinal de que a investigação marca passo e já se procuram desculpas. (...) não entendo que um magistrado de investigação ande a queixar-se publicamente de pressões em lugar de lhes resistir silenciosamente e continuar o seu trabalho. (...) há qualquer coisa de pouco transparente em queixarem-se de pressões atribuídas a um outro magistrado, amigo e colega de trabalho neste mesmo caso" - Miguel Sousa Tavares, in Expresso, 10/04/09