Sempre achei estranho que magistrados se queixassem de pressões exercidas por outros magistrados. Mas admitindo que as mesmas acontecem, pela frequência com que eles se queixam de cada vez que têm que dar andamento a processos que têm uma certa dificuldade em movimentarem-se, quer-me parecer que ou eles estão insuficientemente protegidos, e nesse caso importa rever as leis vigentes e dar-lhes protecção acrescida, ou então os queixosos não passam de umas prima-donas que com a brisa primaveril do fim de tarde ficam com enxaquecas. Se a sua elevada sensibilidade os leva a verem pressões (e fantasmas) onde elas não existem, sentindo necessidade de pedir apoio ao sindicato e protecção ao Presidente da República, o melhor mesmo é reverem os seus conceitos. As queixas dos magistrados do processo Freeport fazem-me recordar as célebres pressões do processo TDM. Na altura, um senhor juiz também se queixou de ter sofrido pressões, depois de ter mandado deter dois homens que mais tarde foram totalmente ilibados e em relação aos quais nada se apurou. Do juiz nunca mais se ouviu falar. Dos pretensos pressionantes, um deixou a magistratura e é advogado de sucesso. O outro, depois de ter sido desagravado e ter vencido um recurso no STA, em razão da cessação abrupta de funções e do enxovalho público de que foi alvo, é hoje ministro da República. Se a história se repetir Lopes da Mota ainda acaba ministro e condecorado.