O encanto de Itália não reside apenas na sua história, na grandiosidade das suas paisagens, na excelência dos seu carros, na magia do futebol do AC Milan ou mais recentemente do Inter de Mourinho, na classe do seu cinema, no talento dos seus realizadores, na categoria dos seus politólogos ou na beleza das suas mulheres. Mas também, e hoje em dia muito especialmente, reside na riqueza da sua vida pública, no dia-a-dia de que se faz a sua política. Por isso mesmo, é devida uma palavra à incontornável novela protagonizada pelo seu primeiro-ministro. Depois de ter movido céu e montanhas para acudir aos desgraçados d'Áquila, na sequência do terramoto de há algumas semanas atrás, acorrendo a tempo e horas a quem precisava de auxílio e dando um exemplo do que deve ser a intervenção do Estado e de um Governo numa situação de calamidade pública, acção logo ensombrada pelas despropositadas declarações que fez sobre parques de campismo e a recomendação aos desalojados para adquirirem mobiliário de uma conhecida marca sueca, eis que voltou à ribalta com as suas escolhas para as listas do seu partido ao Parlamento Europeu. É que Berlusconi entendeu que a renovação das listas se fazia com mulheres que fosssem de preferência bonitas e misses. Ou seja, o recrutamento devia ser feito com base em critérios de ordem estética! Vai daí, tratou de convidar mulheres como Barbera Matttera, Eleonora Gaggioli, Camilla Ferranti e Angela Sozio, esta última vedeta do Big Brother italiano e entretanto já afastada das listas. O resultado, para além de estar nas páginas dos jornais e blogues (também aqui) de toda a Europa (em Portugal ainda não me dei conta) já deu origem a uma nova guerra com a sua própria mulher, que se sente ultrajada, e com os respectivos parceiros de coligação. Quem sabe se depois do Caimão não estará aqui o motivo para mais um filme de Moretti.