sábado, maio 31, 2008

OS DERROTADOS DAS DIRECTAS DO PSD

1. Luís Filipe Menezes: Foi sempre um fantasma que pairou sobre o partido e a campanha. Disse que não falava da campanha e não fez outra coisa durante todo o tempo. Errático, destroçado, incapaz de parar e perceber que ainda poderia ter um lugar no partido. Deitou tudo a perder. Só mesmo num partido como o PSD alguém poderia acreditar nele para primeiro-ministro. Um verdadeiro desastre político. Hoje demonstrou também não ter estatura política nem para presidente de uma comissão de condóminos. Destila fel e rematou o seu número chamando canalha a quem venceu as eleições. Uma verdadeira tragédia.

2. Alberto João Jardim: Uma derrota estrondosa. Depois do flop da candidatura deve estar agora a preparar a defesa da sua gente contra a "Operação Furacão". A vitória de Manuela Ferreira Leite vai ser o fim do jardinismo. Já não era sem tempo. Os "cubanos" vão-se fartar de gozar com ele.

3. Caciques do PSD: Com Mendes Bota e Ângelo Correia à cabeça. Para o primeiro é a certidão de óbito político. Vai ser remetido para os confins da bancada parlamentar e tudo fazer para garantir um lugar (qualquer) nas próximas listas. Macário Correia é o senhor que se segue e aquele que melhor se posiciona para liderar o PSD no Algarve. Para Ângelo Correia é uma meia derrota pois já sabia o que esperava Passos Coelho. Tentou disfarçar, juntar a sua gente, mas não lhe deram ouvidos.

4. Pedro Santana Lopes: Esteve muito mal nos ataques a Manuela Ferreira Leite. Para quem tinha a cagança de dizer que tinha ganho todas as eleições com excepção das legislativas de 2005, a partir de hoje passa a somar mais uma derrota no currículo. E das negras. Perder para Manuela Ferreira Leite não tem nada de estranho. Perder para Passos Coelho, o "puto da jota", é uma humilhação. Não merecia outra coisa, mas teve a elegância de ainda assim não descer ao nível de Menezes. Servir-lhe-á de lição.

5. Paulo Portas, Francisco Louçã e Jerónimo de Sousa: A vitória de Manuela Ferreira Leite vai tirar-lhes o protagonismo que tinham adquirido devido à inexistência do PSD. Os atauqes a Sócrates vão perder fôlego e tempo de antena. Vão ter de dividir a pantalha com a senhora e estas, como todos os cavalheiros sabem, têm sempre a primazia.

OS VENCEDORES DAS DIRECTAS DO PSD

1. Manuela Ferreira Leite: Mostrou merecer a liderança do partido e os militantes deram-lhe um voto de confiança. Está duplamente de parabéns. Depois da saudosa Maria de Lurdes Pintasilgo, é a primeira mulher portuguesa em condições de liderar uma fatia importante do país. Vamos esperar para ver a sua equipa e aquilo que será capaz de fazer.

2. Pedro Passos Coelho: É jovem, tem algumas ideias, não deitou tudo a perder. Uma incógnita.

3. José Sócrates: Volta a ter um interlocutor sério. Manuela Ferreira Leite poderá ser a candidata mais difícil, mas mesmo contra a vontade dele será a única que poderá favorecê-lo, porque será também a única com capacidade para exigir dele mais do que aquilo que ele tem dado. Mais rigor, mais coerência, mais profundidade no discurso político e nas reformas.

4. Cavaco Silva
: Não manifestou apoio a nenhum dos candidatos mas também ninguém duvidava de quem ele apoiaria se pudesse fazê-lo. Tem razões para estar satisfeito.

5. José Pacheco Pereira
: Está em 5º lugar nesta lista mas podia estar em 1º. É o mais vitorioso. A única oposição interna consistente a Menezes, o único a remar contra a maré do unanimismo serôdio, o único que anteviu o estrondoso fracasso de Menezes e o triste espectáculo da sua equipa de sub-elites. O Paradoxo do Ornitorrinco e a Quadratura do Círculo fizeram mais por Manuela Ferreira Leite do que Santana, Menezes e toda a campanha da candidata. Fica também com especiais responsabilidades porque qualquer fracasso da nova liderança será também um fracasso seu.

COMEÇARAM AS LEGISLATIVAS DE 2009

Espero que José Sócrates tenha percebido que as legislativas de 2009 começaram hoje. A vitória de Manuela Ferreira Leite e a sua eleição para a presidência do PSD são um sério aviso aos últimos tempos da governação socialista. Um sinal de que a partir deste momento são dispensáveis (sempre foram, mas agora ainda mais) os vetos por teimosia, as declarações inflamadas e as proclamações laudatórias. O estilo dos encontros quinzenais no parlamento vai ter de mudar. Erros como o da manifestação dos professores ou as discussões de cariz "animalesco" deixam de ser irrelevantes. Qualquer erro na governação, qualquer medida inconsequente, colocará o partido abaixo da maioria absoluta e o país em situação de ingovernabilidade. O PS não se pode permitir tal coisa. Os portugueses nunca lhe perdoariam um deslize desses.

O SEGUNDO QUE CHEGA À FRENTE

Pedro Passos Coelho ao obter 31,07% de votos nas eleições directas do PSD garantiu um lugar ao sol e pode a partir de agora reclamar, legitimamente, uma quota-parte de responsabilidade no futuro do partido. O seu segundo lugar é nas actuais circunstâncias uma vitória. O PS tem de começar já a marcar-lhe o terreno se não quiser vir a ter surpresas.

O CHEIRO DO PODER

O simpático Vítor Silva, o decano dos deputados municipais do PSD em Faro e uma das incontornáveis figuras locais do partido, braço direito de Mendes Bota na arregimentação algarvia, depois de ter apoiado Luís Filipe Menezes não perdeu tempo e rumou a Lisboa em dia de eleições. Face à perspectiva de vitória de Manuela Ferreira Leite foi direito à sede da candidatura desta. Quando Pacheco Pereira chegou e conversava com Dias Ferreira e Miguel Beleza, lá estava ele, pronto a chegar-se à frente e a apoiar a nova líder. Não há nada como o cheiro a poder para motivar alguns dirigentes locais. Sempre ao lado dele qualquer que seja o líder. Do cheiro é claro.

O SENHOR 29%


"As bases do meu partido nunca me deixaram ficar mal"
Pedro Santana Lopes, 20 de Maio de 2008

Com este resultado, face ao número de equipas em prova, Pedro Santana Lopes nem sequer à UEFA vai. Por uma vez as bases do partido tiveram pena dele e não o deixaram ficar mal. Bem pode agradecer-lhes.

sexta-feira, maio 30, 2008

DIA DE REFLEXÃO

Hoje seria dia de reflexão para as hostes do PSD. Seria, pois quero crer que vai ainda ser de campanha. Além de que todos já deverão ter reflectido o que tinham a reflectir. Alguns, verdade seja dita, também não precisam. Ou porque se habituaram a fazer as contas em cenouras e fardos de aveia ou porque nunca souberam. Contudo, há quem se preocupe e no fim sempre se espera que não haja chapelada, nem mortos a votar. O que aconteceu com a apresentação das listas terá constituído um aviso à navegação para acalmar eventuais tentativas. Oxalá saiam reforçados e com ideias. A política precisa, a democracia exige-o.

DEBATES QUINZENAIS

O rocambolesco espectáculo dos debates quinzenais na Assembleia da República continua. Aquilo que era suposto ser uma manifestação de vitalidade democrática, de informação e debate, acabou por se revelar um circo quinzenal, em que os gladiadores já sabem de antemão o que vai ser discutido e tentam misturar o tema com os fait divers da actualidade política. Já se viu que as oposições são medíocres - ontem percebeu-se que Francisco Louçã devia ir até à Graciosa e ficar lá durante uns meses largos, para se reconciliar com a vida e para ver se perde o seu tom azedo e deselegante, e Paulo Portas devia voltar a dedicar-se ao jornalismo onde se revelou e para o qual tem inegavelmente mais talento do que para a política - mas o Governo não pode entrar nesse jogo. As rábulas de José Sócrates começam a não se distinguir das de Santana Lopes. A política não é um mero jogo de tiro aos patos e lançamento de foguetes de cada vez que acerta num. Ou pelo menos não deveria ser.

UMA LUFADA DE AR FRESCO

Já passaram uns dias desde que Rui Costa apresentou o melhor reforço do Benfica para a próxima época. Foi um jogador de elevada craveira, é técnico com créditos firmados, rigoroso, com espírito de vencedor e pinta de campeão. Se a tudo isto acrescentarmos o facto de não usar bigode, tal como o director desportivo, isso só pode querer dizer que se perspectiva uma época em grande.

segunda-feira, maio 26, 2008

AVISO

Este blogue não fechou, não encerrou para férias nem o editor está zangado com a vida. Bem sei que da última vez disse que voltava logo a seguir, mas desta é que é para valer. Não desesperem que o Santana Lopes ainda não ganhou nada, o barril de crude não foi hoje que atingiu os 200 dólares e o Benfica já tem treinador. Com jeito a coisa compõe-se.

quarta-feira, maio 21, 2008

LINK

Hoje, graças a uma gentileza do Pedro e dos seus amigos do Corta-Fitas, escrevi aqui umas linhas. E como dizia o outro, desculpem qualquer coisinha. Amanhã há mais.

terça-feira, maio 20, 2008

FELGUEIRAS E O ESTADO DO PAÍS

Aquilo que ontem aconteceu no julgamento que está a decorrer em Felgueiras e de que alguns jornais hoje dão conta (Diário de Notícias, Correio da Manhã, Público), em que um juiz-conselheiro jubilado, ao que parece primo de Fátima Felgueiras, fez graves acusações à Polícia Judiciária e a magistrados do Ministério Público, incluindo a um vice-procurador-geral da República, envolvendo a falsificação de documentos, a eliminação de páginas originais de processos judiciais que foram depois substituídas por outras, histórias de lençóis e paixonetas não correspondidas, revela bem o estado em que está a justiça portuguesa e aquilo a que alguns se prestam. O processo de Felgueiras, tal como o da Casa Pia, em cada sessão apresenta novos contornos. Em comum têm o facto de se arrastarem eternamente e de haver declarações bombásticas e inconsequentes. A gente normal fica estarrecida. Não há palavras que descrevam o espanto e a desconfiança que tudo isto gera. Enquanto este estado de coisas se mantiver, bem pode o Dr. António Cluny lamentar a falta de reconhecimento público pelo papel da sua magistratura. Certamente que na judicatura haverá quem diga o mesmo depois de ler os relatos da imprensa. Num país em que são cada vez menos os que se sabem dar ao respeito e honrar a sua cidadania, também são cada vez mais os que, ainda que silenciosamente revoltados, já não se admiram com nada. O Procurador-Geral da República não pode ficar indiferente ao que ontem se passou em Felgueiras. O desconforto que homens como o Luís Eloy e muitos outros anónimos e trabalhadores magistrados sentem por esse país fora vai paulatinamente alastrando e o seu desencanto é igual ao do homem do povo. A refundação da Justiça de que falava o conselheiro Joaquim Carvalho é imperiosa. As coisas não podem manter-se assim sob pena de tudo isto se desagregar. O cheiro bafiento e promíscuo de alguns poderes e seus actores não pode continuar a alastrar e a tudo impregnar. A democracia não é auto-suficiente.

segunda-feira, maio 19, 2008

FINALMENTE A PALMA DE OURO

Posso não gostar de muitos filmes dele. De outros já gostei mais. Mas hoje está de parabéns o decano do cinema português. Esta tarde, em Cannes, Manoel de Oliveira arrecadou a Palma de Ouro 2008. E tem a inegável vantagem de manter o bom humor e não ter a sobranceria de Saramago.

COERENTE

O apoio de Carlos Carreiras à candidatura de Pedro Passos Coelho à liderança do PSD é, como se alcança, um acto da maior coerência política do vice-presidente da Câmara de Cascais. Pena é que depois de ter sido o primeiro a promover a putativa candidatura do soba da Madeira, não tivesse aproveitado logo para esclarecer quais os pontos de contacto entre Jardim e Passos Coelho que o levaram agora a orientar o apoio para o segundo. Em especial no campo das ideias.

CONTRADIÇÕES DA ALMA IBÉRICA

O El Pais e o Correio da Manhã dão destaque aos resultados de um estudo que coloca lado a lado as preferências futebolísticas e/ou sexuais de vários povos. Em relação aos noruegueses, suecos e alemães, a avaliar pelo proverbial sucesso que os homens do Sul da Europa têm entre as mulheres desses paises, as conclusões não surpreendem. A apetência futebolística desses povos supera largamente o seu apetite sexual, levando mesmo 95% dos suecos a dizer que o futebol é a única coisa que desperta a sua paixão e que 88% deles já beijou ou abraçou um desconhecido durante uma partida de futebol. É, pois, natural que as formosas suecas procurem fora de portas a paixão que não encontram dentro do seu país. Já os espanhóis aparecem como os europeus sexualmente menos activos, visto que 72% deles prefere uma partida de futebol da sua equipa a uma noite de sexo. Este dado ofusca, para não dizer outra coisa, a imagem que os espanhóis têm de si próprios, e a fama de homens como Julio Iglesias, Antonio Banderas ou, mais recentemente, Javier Bardem. No pólo oposto estão os portugueses, verdadeiros machos latinos, dos quais apenas uns míseros 17% eram capazes de trocar uma noitada de sexo por um jogo de futebol. Nesta parte fiquei satisfeito. O estudo fazia-nos justiça. O drama está em que o estudo também revela que os portugueses são os mais chorões, com 4 em cada 5 a admitirem que já choraram num jogo de futebol. Fiquei perplexo. Podia lá ser agora. Não se pode confiar nestes estudos. Os tipos de certeza que se enganaram. Depois de pensar um pouco em tais números acabei por tirar as minhas conclusões. É claro que os estudos nunca podem dizer tudo. Por isso mesmo, perante o número esmagador de 83% de portugueses que preferem o sexo ao futebol, concluí que os chorões que nos envergonham estarão nos outros 17% de choninhas que prefere o futebol ao sexo. Afinal sempre são uma ínfima parte. Como se esses machões que por aí andam aos berros nos estádios fossem capazes de chorar por causa de uma bola de futebol. Pelo Rui Costa ainda podia ser, agora por uma bola...

CONTEMPORÂNEOS?

O novo programa de humor (será mesmo?) da RTP é um desastre. Bruno Nogueira e companheiros não vão a lado nenhum. Os textos são maus, as charlas medíocres e requentadas, o mau gosto é de antologia. Assim se perde o talento e se presta uma péssimo serviço ao público. A propósito: que faz Maria Rueff no meio daquela malta?

UM SÉCULO DE MEMÓRIAS

(Diego Urdiales, San Isidro 08, 13 de Maio, foto ABC)

Aproveitando a feira de San Isidro, está a decorrer em Las Ventas uma exposição de fotografia intitulada "Cien años de toros, un siglo de imágenes". A exposição termina em 8 de Junho e tem mais de 200 fotografias do arquivo histórico do ABC (1907 a 2007). De Manolete a Gallito, de Góngora a Hemingway, passando pelo nosso João Moura, está lá toda uma época.

PAVILHÃO DO ARADE

Graças a um simpático convite, tive oportunidade de acompanhar a 9ª edição do Festival Internacional de Publicidade e Comunicação em Língua Portuguesa que decorreu em Portimão, no Pavilhão do Arade. Para além de constituir uma excelente iniciativa destinada a premiar e a dar a conhecer o que de melhor se faz em matéria de publicidade e comunicação, a edição deste ano permitiu-me conhecer o novo pavilhão de Portimão. Com uma arquitectura moderna e um design funcional, constitui mais uma excelente infra-estrutura para dinamizar a região. Não há dúvida de que em Portimão se está a trabalhar bem e a tirar o melhor partido das potencialidades do concelho. As iniciativas multiplicam-se e os resultados começam a aparecer. Vamos é esperar que as obras da ponte velha não se eternizem.

sexta-feira, maio 16, 2008

CANNES 2008

(Caprice Bourret e Hofit Golan, foto AP no Corriere della Sera)

Com alguns portugueses em destaque, começou a maior festa do cinema (quem disse que era do outro lado do Atlântico mentiu). Todo o esplendor e o glamour da Sétima Arte estão em Cannes. Nunca a mulher foi tão venerada. Definitivamente, tal como Trauffaut, continuo a gostar de admirar les femmes qui aiment les hommes qui aiment les femmes. Na imagem as novas estrelas de Tarantino na apresentação de "Death Proof".

quinta-feira, maio 15, 2008

UNS PÂNDEGOS

A imagem ontem dada por um conjunto de deputados a receberem o arguido Pinto da Costa na Assembleia da República para um jantar de confraternização, comemorativo da conquista do título nacional de futebol pelo Futebol Clube do Porto, é o espelho de uma certa classe política que não tem a noção do seu estatuto, das conveniências e das distâncias. O regionalismo bacoco é tão grave quanto a corrupção de que o convidado é acusado, com a agravante de não perceber o que é a separação de poderes numa democracia. Talvez o presidente da Asssembleia da República possa oferecer aos senhores deputados confraternizantes alguns exemplares da Democracia na América, d' O Espírito das Leis e da Educação de Emílio para eles aprenderem essas coisas tão simples. Demoram mais de 6 minutos a ser lidos, mas não é necessário que o façam na casa de banho, ao contrário do que o seu convidado possa sugerir-lhes. Também poderão fazê-lo no plenário em vez de lerem "A Bola", os que o fazem. Aos que não apareceram ao "repasto" espero que lhes seja feita justiça divulgando-se os seus nomes.

DÚVIDAS

Um primeiro-ministro pode alegar a ignorância da lei? Será admissível que ele manifeste o seu desconhecimento sobre o conteúdo de uma lei que ele próprio aprovou? Um pedido de desculpas e uma promessa iludem a questão? Há nisto alguma polémica? Com quem se aconselha o primeiro-ministro?

quarta-feira, maio 14, 2008

O FLOP

Tal como se esperava, o prometido flop aconteceu às 15 horas. Não foi preciso aguardar pelas 5, pelas cinco em ponto da tarde, ao contrário do que acontecera no poema de Lorca. As bestas sempre têm mais resistência, outra fleuma. E dão o corpo ao manifesto.

A PROPÓSITO DE UM CERTO VOO PARA CARACAS

Do artigo 2º do Decreto-Lei n.º 10/2004, de 9 de Janeiro, que estabelece o regime aplicável às contra-ordenações aeronáuticas civis:

"Salvo tratado ou convenção internacional em contrário, o presente diploma é aplicável aos factos praticados:
a) Em território português, independentemente da nacionalidade do agente;
b) A bordo de aeronave registada no Estado português;
c) A bordo de aeronave alugada, com ou sem tripulação, a um operador que tenha a sua sede em território português"

Do n.º 2 do artigo 4º da Lei 37/2007, de 14 de Agosto:

"2 - É ainda proibido fumar nos veículos afectos aos transportes públicos urbanos, suburbanos e interurbanos de passageiros, bem como nos trasnportes rodoviários, ferroviários, aéreos, marítimos e fluviais, nos serviços expressos, turísticos e de aluguer, nos táxis, ambulâncias, veículos de transporte de doentes e teleféricos".

Pergunta-se:
1 - A TAP - Air Portugal tem sede em território português?
2 - Um avião fretado à TAP - Air Portugal ainda é território nacional?
3 - À TAP - Air Portugal está sujeita às leis do Estado?
4 - José Sócrates é o primeiro-ministro de Portugal ou de uma república das bananas?
5 - José Sócrates é o secretário-geral do Partido Socialista ou de uma associação de bacanos?
6 - A Procuradoria-Geral da República já instaurou os competentes processos aos titulares de cargos políticos que violaram as leis da República?

Problema não é o facto da lei ser fundamentalista ou aberrante. O problema está na retórica do discurso político, na mensagem que se quer fazer passar, no estilo e na imagem das instituições. Mas é claro que me calarei se o objectivo de José Sócrates for o de hipotecar, a um um ano de vista, a maioria absoluta e transformar este país num país de "antónios nunes". Será que alguém pode emprestar a José Sócrates o Tratado da Argumentação de Chain Perelman?

terça-feira, maio 13, 2008

TEGGY

Quando a vejo a matriarcalmente arengar com o atónito Mário Crespo, ante o sorriso prazenteiro do Prof. Fernando Rosas, sobre a terminologia lúdica do I.D.T., fico a pensar se numa próxima encarnação a Teggy não daria uma boa ministra da Família de um governo de esquerda. Aliás, quem me garante a mim que ela, sob a capa da ingenuidade, não possui a varinha que transforma partidos conservadores e desinteressantes em instrumentos de dissuasão da toxicodependência, em máquinas de combate político, em cavalos de Tróia? E ainda há para aí uns palermas que dizem que a mulher é loura. Louro sou eu que ainda pago a TVCabo.

AUTOGESTÃO

As últimas declarações de António Nunes, o charutoso presidente da ASAE, indiciam que a instituição está em autogestão. Quando há umas semanas atrás foi revelado o caso do Porto, em que uma circular impunha o cumprimento de metas mínimas em matérias de rusgas, abertura de processos e multas, Nunes veio dizer que isso não passava de um documento interno do qual não tinha conhecimento. Duas semanas depois ficamos todos a saber que afinal o documento interno de trabalho foi distribuído por todos os serviços regionais da ASAE para ser devidamente cumprido e não houve uma alma que fosse que questionasse a sua razoabilidade. Quando a bomba rebentou na comunicação social, Nunes, pressuroso, veio dizer que era apenas mais um lapso, mais uma distribuição por engano. E, de novo, ele não tinha conhecimento do que se passava em sua casa. A seguir vieram Paulo Portas e a direcção do CDS/PP pedir a sua cabeça. As razões são conhecidas, tanto mais que Portas também aprecia uma boa ópera. Nunes foi então à televisão mostrar a sua pesporrência e a sua força. O sujeito entende que não pode ser responsabilizado pelas asneiras dos seus subordinados e por isso vai dizendo o que diz da forma como diz. Do lado Governo nem uma palavra. De dentro da ASAE nem um tugido. O medo é mais que muito. E a única razão que encontro, embora não a possa confirmar, é que Nunes deve esconder segredos que levam os seus superiores a temê-lo. Um poder assente no medo é algo terrível e impensável numa democracia consolidada. Pior ainda quando uma promissora coragem acaba por se revelar pífia e se deixa impregnar pela teimosia, pela mentira e pela falta de lucidez. Aí entramos já no campo da loucura.

POR QUE SERÁ?

Quem hoje ouve Álvaro Braga Júnior e vê o que está a acontecer no Boavista quase já nem se lembra do que aconteceu no tempo em que ele esteve no Benfica com Vale e Azevedo. Vamos aguardar mais um tempo para ver se mesmo na 2ª divisão o Boavista não vai ter mais uns salários de 1ª para pagar ao ex-jornalista. Ou, quem sabe, umas letras para honrar.

VALHA-NOS NOSSA SENHORA DE FÁTIMA

Em dia de Nossa Senhora de Fátima, se não for ela a valer-nos também não serão os poderes públicos a fazê-lo. Logo hoje havia de ser publicada a Resolução da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira n.º 12/2008/M que tem por título "Congratulação pelos 30 anos de governação do Dr. Alberto João Jardim da Região Autónoma da Madeira". Tratando-se de um verdadeiro monumento à estupidez e de um insulto às instituições democráticas, é, antes de tudo o mais, uma desfeita a Jaime Gama e Cavaco Silva. Se eu estivesse no lugar deles rezava já uma dúzia de orações. Pode ser que dessa forma ainda vão a tempo de evitar a descida ao purgatório antes da inevitável subida aos céus.

sexta-feira, maio 09, 2008

UMA BOA NOTÍCIA NA ÁREA DA SAÚDE

Ben sei que hoje, Dia da Europa, foi assinada por Cavaco Silva a promulgação do Tratado de Lisboa. Mas essa notícia terá muito menos efeito na vida dos portugueses, nos próximos tempos, do que esta outra que hoje se conheceu. A publicação para consulta e discussão pública do novo anteprojecto da Saúde sobre as convenções é a melhor notícia do dia. A D. Fátima Campos Ferreira bem pode ir preparando um Prós e Contras. É que parece que finalmente se vai dar conteúdo a um célebre parecer da Entidade Reguladora da Saúde sobre a matéria. E fazer justiça a Correia de Campos. Podem consultá-lo aqui. Espera-se uma reacção nervosa e atabalhoada dos grandes grupos recheados de gestores, engenheiros e economistas, os mesmos que ultimamente começaram a tomar conta do sector, passeando-se em potentes carros alemães enquanto derretiam milhões para garantirem posições aos patrões e lixarem os médicos pequenos e independentes. É bem feito.

UMA FANTOCHADA

Esta tarde, depois de múltiplas fugas de informação, o que não deixa de ser revelador da forma amadora e pouco séria de actuar daquela gente que tomou conta da Liga de Clubes, o país ficou a saber que o FC Porto vai ser punido com seis pontos de penalização, num campeonato que há muito acabou e que todos sabiam quem ganhou e com que vantagem aproximada mesmo antes do fim. Esta penalização, como é bom de se ver, só é aplicada nesta altura porque não tem qualquer efeito prático. Tivesse a decisão sido tomada há 4 ou 5 meses atrás ou produzisse ela efeitos só na próxima época, então talvez as coisas fossem diferentes e outro galo cantaria. Assim, como foi, não serve para nada, a não ser para desprestigiar ainda mais o pobre, estafado e humilhado futebol português. O mesmo acontece com a sanção de descida de divisão aplicada ao Boavista. A equipa do Bessa sempre estaria condenada a isso devido à sua situação fiscal e às dívidas acumuladas a não iniciar o próximo campeonato. Fazê-la descer agora de divisão é também totalmente irrelevante. Igual coisa sucede com as punições de Pinto da Costa e João Loureiro. O primeiro está à beira da reforma e tem vindo a prepará-la paulatinamente, o segundo retirou-se no momento em que começou a sentir os fundilhos a arder e as gentes do Bessa começaram a ficar incomodadas com a excelência da sua gestão. Também os pontos retirados ao Leiria são irrelevantes e perfeitamente inócuos em relação a uma equipa que já estava despromovida antes da decisão. O único efeito das sanções agora aplicadas vai ser o de ajudar a encher os cofres da Liga e garantir que Hermínio Loureiro, fazendo pouco ou nada, como seria de esperar, engorde a "menina" que lhe garante o poleiro. Infelizmente, esta vergonha não vai ficar por aqui. Há recurso e enquanto o pau vai e vem e vendem-se jornais e enche-se a pantalha com os fatos castanhos dos catedráticos do futebolês. Que Portugal não é a Itália nem a Inglaterra, onde a corrupção é combatida por gente da mais séria que há, independente e com tomates, já todos nós sabíamos. O que desconhecíamos era a dimensão da falta de vergonha. Ficámos hoje a sabê-lo, apesar de continuarmos ainda a ignorar quando terminará.

Monica em Lisboa

Já tem umas semanas, mas é sempre um deleite para os sentidos. A curta metragem que Gabriele Muccino rodou em Lisboa com as mil e uma personagens de Monica Bellucci. A diva continua a encantar, mas desta vez o herói é mesmo il portuguese José Fidalgo. Aqui.

terça-feira, maio 06, 2008

PRESUNÇÃO E ÁGUA BENTA...

Santana Lopes apresentou a sua candidatura à liderança do PSD para, como ele diz, "ousar enriquecer Portugal". Resta agora saber se, depois da magnífica experiência do seu governo, o menino-guerreiro vai conseguir, primeiro, convencer o seu partido, depois convencer o país de que ele é a melhor solução e, no fim, convencer os portugueses a serem ricos... com ele. A avaliar pelo passado vivido e pelo discurso prometido, já não devem ser muitos os que querem enriquecer "à sua custa". Com sorte talvez arranje um madeirense aqui, um algarvio mais além, mas daí ao Euromilhões ainda vai alguma distância. Qualquer pobre honrado e que se preze dispensa a companhia de um vendedor de ilusões, preferindo ser discreto e feliz na pobreza a penhorado na televisão, todos os dias às 20h.

segunda-feira, maio 05, 2008

LEOPOLDO CALVO-SOTELO Y BUSTELO

(Madrid, 14 de Abril de 1926, Pozuelo de Alárcon, 3 de Maio de 2008)
Foi "inginiero de Caminos" e doutorado pela Universidade Politécnica de Madrid em 1960. Depois, procurador das Cortes, ministro do Comércio no 1º Governo pós-franquista presidido por Arias Navarro, ministro das Obras Públicas com Adolfo Suárez e 74º presidente do Governo de Espanha. Foi durante a votação para a sua investidura que Tejero de Molina entrou pelo parlamento adentro tentando derrubar a frágil democracia espanhola. Não conseguiu. O 23-F entrou na História como uma marco na defesa dos valores democráticos e constitucionais. Antes de terminar o seu curto mandato ainda resistiu a mais uma tentativa de golpe em 27/10/82. A ele se deve a adesão da Espanha à NATO, mais tarde confirmada por referendo, e um contributo decisivo para a adesão da Espanha à União Europeia. Merecidamente, em 2002, o Rei Juan Carlos fez dele Marquês de la Ria de Ribadeo e Grande de Espanha. Ultimamente estava afastado da política. Desencantado com os homens que hoje a fazem. Faleceu no sábado. A democracia espanhola e os democratas de todo o mundo, da direita à esquerda, têm para com ele uma dívida de gratidão.

ISABEL JONET

(foto Público)
Desta mulher costuma-se falar uma ou duas vezes por ano quando o Banco Alimentar Contra a Fome vem para as ruas recolher meios para ajuda aos mais desfavorecidos. Desde há vários anos que o faz de forma exemplar, congregando meios e vontades em prol dos menos afortunados. É um trabalho devotado e silencioso para o qual contribuem muitos milhares de anónimos, jovens e menos jovens, gente com meios e remediados, em torno de uma ideia que a todos devia motivar. Quando no próximo ano se lembrarem da atribuição do Prémio Pessoa não se esqueçam dela e da sua obra. Estou certo que o próprio Pessoa não desdenharia atribui-lo.

DE TANGA

O Público revelava ontem, a propósito do pagamento de uma multa de € 233.415 ao Tribunal Constitucional, que a situação económia e financeira do Partido Social-Democrata (PSD) é catastrófica, a ponto do seu secretário-geral se ter visto na contingência de escrever uma carta ao juiz-presidente daquele órgão pedindo o pagamento da dívida em prestações. Entre outras coisas, o impagável Ribau Esteves escreveu que "dada a muito delicada situação financeira que o PSD atravessa de momento e a indisponibilidade de crédito, revela-se-lhe da maior dificuldade - sob pena de afectar seriamente o desempenho de funções democráticas que constitucional e legalmente lhe estão cometidas - assegurar o cumprimento imediato das sanções". Em termos gerais, o PSD tem um "passivo de 13,5 milhões de euros, a que se deveriam somar 15 milhões de dívidas a terceiros". O anterior secretário-geral diz que não percebe de onde veio uma dívida dessa ordem de grandeza. Eu também não. Mas ao ler o que Ribau Esteves escreveu não posso deixar de me interrogar como é possível que este partido, o maior da oposição, com centenas ou milhares de economistas e gestores nas suas fileiras, incluindo ex-ministros das Finanças, que recebe uma avultada subvenção estatal para desempenhar as suas funções e esteve no governo até 2005, se permite criticar a política económica e financeira do Governo de José Sócrates quando é certo que nem sequer para si consegue crédito bancário. É, pois, natural, que num partido neste estado seja difícil à sua direcção vislumbrar os disparates de Jardim e se fale em coisas como "choque fiscal". Não me levem a mal, mas talvez seja melhor o PSD contratar alguém externamente que lhe permita endireitar as contas antes de se abalançar a outros voos. Que tal pedir ajuda ao Francisco Louçã?

SERÁ SÓ INGENUIDADE?

O ar espantado e assustado não augurava nada de bom, mas a fala pausada e aparentemente reflectida deixava antever alguma contenção e aprumo. Aos poucos foi-se revelando um verdadeiro desastre político. Alberto Costa poderá não ter a sorte pelo seu lado, mas há erros que custam muito caro. A última entrevista do director da PJ ao Diário Económico fala por si. A falta de sintonia com o ministério e o Governo é total. De que estão à espera para fazê-lo regressar aonde ele faz mais falta e é mais útil?