As últimas declarações de António Nunes, o charutoso presidente da ASAE, indiciam que a instituição está em autogestão. Quando há umas semanas atrás foi revelado o caso do Porto, em que uma circular impunha o cumprimento de metas mínimas em matérias de rusgas, abertura de processos e multas, Nunes veio dizer que isso não passava de um documento interno do qual não tinha conhecimento. Duas semanas depois ficamos todos a saber que afinal o documento interno de trabalho foi distribuído por todos os serviços regionais da ASAE para ser devidamente cumprido e não houve uma alma que fosse que questionasse a sua razoabilidade. Quando a bomba rebentou na comunicação social, Nunes, pressuroso, veio dizer que era apenas mais um lapso, mais uma distribuição por engano. E, de novo, ele não tinha conhecimento do que se passava em sua casa. A seguir vieram Paulo Portas e a direcção do CDS/PP pedir a sua cabeça. As razões são conhecidas, tanto mais que Portas também aprecia uma boa ópera. Nunes foi então à televisão mostrar a sua pesporrência e a sua força. O sujeito entende que não pode ser responsabilizado pelas asneiras dos seus subordinados e por isso vai dizendo o que diz da forma como diz. Do lado Governo nem uma palavra. De dentro da ASAE nem um tugido. O medo é mais que muito. E a única razão que encontro, embora não a possa confirmar, é que Nunes deve esconder segredos que levam os seus superiores a temê-lo. Um poder assente no medo é algo terrível e impensável numa democracia consolidada. Pior ainda quando uma promissora coragem acaba por se revelar pífia e se deixa impregnar pela teimosia, pela mentira e pela falta de lucidez. Aí entramos já no campo da loucura.
terça-feira, maio 13, 2008
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