sexta-feira, setembro 28, 2007

HOJE HÁ...


... Vitorino Nemésio, às 23.30, na RTP 2

"Mas quando eu morrer, só por geometria,
Largando a vertical, ferida do ar,
Façam, à portuguesa, uma alegria para todos;
Distraiam as mulheres, que poderiam chorar;
Dêem vinho, beijos, flores, figos a rodos,
E levem-me - só horizonte - para o mar"

HÉLÈNE SEGARA




Aqui, a bela Hélène Segara numa prestação irrepreensível com esse grande senhor chamado Jacques Brel. Para quem apreciar o género (tipo lamecha com "voz de cama"), aqui há mais e mais recente. Mas se for cá dos meus, então o melhor mesmo é ouvir o Brel original como poucos tiveram a sorte de poder vê-lo e ouvi-lo.

quinta-feira, setembro 27, 2007

INDIO TAMBÉM PAGA QUOTA, POR ISSO VOTA

( à porta da concelhia de Loulé do PSD, à espera do recibo das quotas pagas)

Enquanto Santana Lopes dava show na SIC Notícias, Luís Filipe Menezes continuava o seu périplo pelo país laranja antes de apresentar a sua mais do que previsível desistência à boca das urnas. Por falta de condições, digo eu. E vai daí, descobriu que há militantes do PSD num lugar recôndito da Amazónia, índios diz ele. Mas então índio não tem direito de voto só porque está na Amazónia? Não sei de que Menezes se admira. Ele e os seus homens quiseram armar-se em chico-espertos e agora que lhes apanharam a marosca parecem umas virgens púdicas. Bastava ver ontem aquele senhor que manda lá na sucursal da Amadora, a justificar o pagamento das quotas da sua malta, dizendo que o regulamento apenas refere que as quotas podem ser pagas por multibanco, para se perceber a golpada. Além do mais, não se percebe por que razão os da Amazónia não hão-de poder votar. Se os "índios" da Quarteira, arrebanhados pelo amigos de Menezes, também votam e têm quotas pagas, por que raio o genuíno índio não havia de votar e de pagar quotas nas directas do PSD?

P.S. O inefável "independente" Moita Flores, que apoia Menezes, veio dizer que está muito triste. Mas nas novelas é mesmo assim. Como guionista, Moita devia saber que os momentos de tristeza alternam com os de alegria. É normal que assim seja. O que já não é normal é que um presidente de Câmara, eleito como independente nas listas do PSD, que não é militante do partido, entre na liça e venha apoiar um candidato em desfavor de outro.

DESTA VEZ ELE TINHA RAZÃO


Ontem à noite, na SIC Notícias, Pedro Santana Lopes deixou Ana Lourenço a falar sozinha. Convidaram-no para falar sobre as directas do PSD, sobre os problemas dos partidos, sobre o sistema político, enfim, sobre assuntos que mexem com a vida de todos nós. Para todos os efeitos era um ex-presidente do PSD e um antigo primeiro-ministro de Portugal que ali estava. Interromperam-no por causa do José Mourinho que acabava de chegar a Lisboa. Ele não gostou e recusou-se a continuar a entrevista. Por uma vez Santana Lopes estava cheio de razão. Por uma vez a televisão teve o que merecia. Diariamente as televisões interrompem programas, cortam filmes sem critério, fazem directos sem qualquer sentido, promovem o espectáculo, o tabloidismo, a guerra de audiências por puro oportunismo, ignorando os direitos dos telespectadores, dos convidados que têm em estúdio ou dos realizadores dos filmes que interrompem. Ricardo Costa veio dizer que a reacção do entrevistado foi excessiva e espectacular. Talvez tenha sido, mas já é tempo das televisões perceberem que em televisão não vale tudo. O responsável pela informação da SIC Notícias diz que isso é normal num canal como aquele. Até pode ser que seja, mas não devia sê-lo. Há directos que não justificam a interrupção. A chegada de Mourinho a Lisboa é seguramente um desses momentos, em especial depois das entrevistas que ele já tinha dado em Londres e do bombardeamento a que os portugueses foram sujeitos depois da saída do Chelsea. Que diferença fazia à SIC ou à qualidade da informação do canal gravar a chegada de Mourinho e passá-la logo a seguir às declarações de Santana Lopes? Nenhuma. A SIC e Ricardo Costa só se podem queixar de si próprios.

quarta-feira, setembro 26, 2007

A CHACINA JÁ COMEÇOU


Três monges foram mortos em Rangoon. A brutalidade militar regressou à rua. A Prémio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, está com segurança reforçada, isto é, está presa e rodeada de tropa. Vamos ver quantos mais irão morrer até que as Nações Unidas resolvam actuar. Quem quiser manter-se informado e manifestar o seu apoio à democratização do Myanmar, ex-Birmânia, só tem de ir à página da Democratic Voice of Burma em www.english.dvd.no e deixar aí a sua mensagem. Por aqui vamos manter-nos atentos.

MAGALHÃES MOTA

(1935-2007)

Lembro-me dele na famosa Ala Liberal. Depois, recordo a sua imagem nos primeiros tempos da revolução de 25 de Abril, no 1º de Maio de 1974, da sua passagem pela liderança do grupo parlamentar do PPD, e mais tarde a cisão e a fundação da ASDI. Quando se afastou da política passei a vê-lo no comboio Lisboa/Cascais, ao fim do dia, quando eu vinha da faculdade e ele regressava a casa depois de mais um dia de trabalho. Na advocacia e na política habituei-me a admirar-lhe a inteligência, a simpatia, o estilo, a correcção, a lhaneza no trato e no discurso e, em especial, a coragem e o rigor, qualidades inseparáveis dos homens íntegros e virtuosos. Sempre com o cachimbo ao canto da boca e um monte de jornais e revistas. A democracia ficou mais pobre. Espero que os candidatos à liderança do PSD e aqueles que nunca o compreenderam não venham tentar retirar dividendos políticos do seu desaparecimento e tecer loas a quem nunca lhes ligou peva.

MOURINHO CONTINUA EM ALTA

Should England sack McClaren and go for Jose?

Yes: 88%
No: 12%


A sondagem online do tablóide inglês The Sun, cuja pergunta e resultado acima se reproduzem, não deixa de ser irónica. Para quem se apressou a pôr Sven Goran Eriksson na rua por ser sueco, e assim poder entregar a selecção a um inglês, supostamente melhor técnico do que aquele, é caso para dizer que cá se fazem cá se pagam!

AO NÍVEL DA CAMPANHA DO PSD PARA A ELEIÇÃO DO NOVO LÍDER...

...estão o reitor da Universidade de Columbia e o presidente do Irão. O primeiro porque convidou Ahmadinejad para aquilo que era suposto ser uma conferência e uma troca de argumentos académicos, acabando por aproveitar a oportunidade para o insultar ao vivo e em directo para as televisões, numa manifestação de intolerância e xenofobia que se supunha impensável num fórum académico e que certamente não será recordada no futuro como um momento alto daquela comunidade académica. O segundo porque se convenceu de que, perante argumentos como os deixados pelo reitor e aquela plateia de nhumbos trajados a rigor, estava a falar para os mullahs da sua terra e se prestou a um exercício de hipocrisia que o transformou num palhaço. É bem feito para ambos. Mas infelizmente para nós, ao contrário do que pensa Ahmadinejad em relação ao seu país, também temos cá disto. E estou convencido que a maior parte nem sequer são gays.

JÁ NÃO HÁ MILAGRES COMO DANTES

O reitor do Santuário de Fátima, monsenhor Luciano Guerra, em declarações publicadas no Diário de Notícias de hoje, vem esclarecer que a novíssima Igreja da Santíssima Trindade vai custar qualquer coisa como o dobro do que chegou a ser previsto. Ou seja, segundo o prelado, a coisa deve ficar aí nuns "70 ou 80 milhões"(sic), embora as contas ainda estejam por fechar. Monsenhor Guerra esclarece que um dia espera poder vir a publicar as contas de uma obra que foi integralmente paga com o dinheiro dos peregrinos. Como todos sabem, com excepção das obras subsidiadas com fundos de Bruxelas, a maior parte das obras públicas deste país são pagas pelos contribuintes, que são uns sujeitos que estão para o Estado mais ou menos como os peregrinos estão para as obras do santuário. A diferença é que as obras pagas com o dinheiro dos contribuintes não gozam das benesses divinas e quando descarrilam dão brado. Para quem ouviu alguns altos responsáveis da Igreja portuguesa queixarem-se das derrapagens nas obras do Euro 2004, agora era caso para os peregrinos lhes perguntarem se ninguém é responsável por tão grande descarrilamento que seguramente deixou mais gordas as contas bancárias de alguns. Em matéria de construção civil e de trocos, como bem se vê, continua a não haver milagres. Nem mesmo em Fátima.

terça-feira, setembro 25, 2007

DESCAMBOU!


O momento antropofágico das eleições directas à liderança do PSD começou mais cedo do que se poderia imaginar. De repente, do meio de um partido que pretende ser alternativa de governo ao PS, começaram a sair múltiplas recriminações internas. Em matéria de transparência já todos percebemos que o PSD não tem nada a esconder. Perdeu a compustura. Descambou de vez. Esta manhã fiquei a saber que houve um benemérito militante que pagou as quotas em atraso de outros 189 militantes, num terminal de Multibanco, entre as duas e as quatro da manhã. Há mortos que, entretanto, ficaram com as quotas em dia e já há quem fale de falsificação dos cadernos eleitorais. Ribau Esteves e os seus homens das "regiões" acusam Mendes e Guilherme Silva das maiores patifarias. Rui Gomes da Silva fala em "actividade deliberada de eliminação de um lado" e que "milhares de militantes com as quotas pagas desapareceram dos cadernos eleitorais". Eu no lugar do Rui falaria já em genocídio. Teatro por teatro ao menos que seja uma coisa à séria. Como se não houvesse já muita confusão no adro da igreja, o patriarca Eurico de Melo também resolveu sair a terreiro para apoiar Menezes. É pena que um homem como Eurico de Melo se meta neste granel, mas a arteriosclerose também faz das suas. Os seus amigos tinham a obrigação de impedir tal declaração de apoio quanto mais fosse para protegê-lo. Menezes, por seu turno, que até já se queixou dos Códigos Penal e de Processo Penal, esquecendo-se de dizer quantos dos seus apoiantes os votaram na Assembleia da República, à falta de melhor número e, certamente, seguindo o conselho de um dos trolhas que lhe deu a corda para se enforcar, agendou uma declaração para esta noite às 20 horas. Temo que acabe a publicitar os lenços de papel da Renova já que a essa hora a selecção de rugby joga em Toulouse. Mas o grave é que, enquanto o PSD se diverte aos tiros, o primeiro-ministro José Sócrates vai praticando o seu inglês e fazendo o seu jogging fora de portas, mais preocupado com o senhor Mugabe ou com as relações comerciais com a China do que com o futuro da pátria. E assim, de mansinho, como quem não quer a coisa, lá começa de novo a aparecer Rui Rio, seja por causa dos problemas com os agentes "culturais" do Porto, seja por causa dos toxicodependentes. Enquanto os homens de Menezes e os de Mendes se forem amofinando uns aos outros, é Rio quem marca pontos. O PSD tem dificuldade em perceber as coisas simples. Rio poderá ser a única alternativa à balbúrdia permanente em que o partido vive. Eu não devia escrever isto aqui, já que ele, ante a ausência de Manuela Ferreira Leite, é o único com um estilo e uma tenacidade capazes de incomodarem José Sócrates. Só que a insistir pelo actual caminho, o PSD vai ficando parecido com o PCP: vão todos ao fundo a cantar o venceremos e o avante camarada. Por isso, o PSD arrisca-se a ter um destes dias como candidato a primeiro-ministro um Guilherme Silva, um mestre de cerimónias algarvio, ou, sei lá, um autarca alentejano que tenha sido candidato pelas listas do Porto. Já faltou mais. Depois de Santana Lopes ninguém estranharia. Mas agora a sério: mal por mal, então escolham o Filipe La Féria que sempre está mais habituado a andar pelos camarins e a lidar com toda a espécie de coristas e de bichos.

PAULA REGO EM MADRID


Até 30 de Dezembro, no Museo Nacional Reina Sofia, em pleno centro de Madrid, estará a exposição retrospectiva de Paula Rego. A não perder.

segunda-feira, setembro 24, 2007

ELA NÃO TEM MEDO...

... de perder contratos comerciais com a República Popular da China. A isto chama-se pragmatismo. Cada vez gosto mais de mulheres na política. Uma lição para os nossos pantomineiros de sacristia.

DE FORMA DISCRETA, SEM ONDAS...

... como convém a quem não integra tertúlias, nem é de grandes foguetórios. No passado dia 20 de Setembro, O Bacteriófago completou um ano de vida. A quem, da Suécia a Macau ou do Chile a Cascais, vai tendo tempo e paciência para lhe dedicar uns minutos de quando em vez, aqui fica o meu obrigado. Na esperança de que à sua maneira, na luta por uma sociedade mais livre e mais decente, tenha contribuído para a diminuição do número de bactérias em circulação.

O ROSTO DO PARTIDO



Guilherme Silva tornou-se ao longo dos anos numa das figuras incontornáveis do PSD. Nos debates parlamentares, nos congressos do partido, nas aparições televisivas, nos canais da rádio, em suma, em qualquer lado onde fosse preciso um dirigente suficientemente maleável e sempre disposto a dar o dito por não dito, lá estava ele. Para muitos, ele é um espelho do próprio PSD, um misto entre o Zé Povinho, o conselheiro Acácio e o Dantas. Sempre pronto a fazer fretes aos líderes do partido, sempre disposto a apoiar os potenciais vencedores, sempre em cima do acontecimento mesmo que não não saiba o que está acontecer, outras vezes disfarçando o seu conhecimento sobre os problemas para não ter de fazer comentários. Agora, a próposito do cambalacho, pelos vistos habitual, em matéria de pagamento de quotas de cada vez que é preciso chamar os militantes do PSD a votos, o insubstituível Guilherme Silva, citado pelo Diário de Notícias de hoje, veio dizer que esse "É um problema jurídico e político complexíssimo" (sic!). Se eu não me tivesse habituado a ver e ouvir Guilherme Silva em tudo quanto é sítio e não soubesse quem ele é, ainda por cima licenciado em direito e advogado, só poderia ser levado a concluir uma de duas coisas: ou não sabe nada de direito ou perdeu completamente a noção do ridículo. Eu estou mais inclinado à segunda hipótese. É que do ponto de vista jurídico o problema não tem nada de complexo: ou respeita o regulamento ou não respeita e se não respeita só há uma solução. E politicamente só poderá ser um problema complexo para os tíbios e para todos aqueles que querem estar sempre de bem com Deus e com o diabo. Agora complexíssimo, só se for mesmo na Madeira.

SINGELA HOMENAGEM

A um homem maior que a vida

sexta-feira, setembro 21, 2007

E POR FALAR EM PORTUGAL...


"Que esperar daqui? O que esta gente
Não espera porque espera sem esperar?
(...)

Que Portugal se espera em Portugal
Que gente ainda há-de erguer-se desta gente?
Pagam-se impérios com o bem e o mal
mas com que há-de pagar-se a quem só rouba a mente?

Chatins engravatados, pelenguentas fúfias,
Passam de trombas de automóvel caro
Soldados, prostitutas, tanto rapaz sem braços
Ou sem pernas - e como cães sem faro
Os putas poetas se versejam trúfias.

Velhos e novos, moribundos mortos
Se arrastam todos para o nada nulo.
Uns cantam, outros choram, mas tão tortos
Que amesquinhês transborda ao mais singelo pulo.

Chicote? Bomba? Creolina? A liberdade?
É tarde, e estão contentes de tristeza,
Sentados no seu mijo, alimentados
Dos ossos e do sangue de quem não se vende.

(Na tarde que anoitece o entardecer nos prende)."

Carta a Sophia, em 9/10/1971, in Correspondência 1959-1978, Guerra & Paz, 2ª edição, p. 114.

DEPOIS DO DEBATE MENSAL...

... no Parlamento, e do debate de ontem na Rádio Renascença, entre Jorge Sampaio, D. José Policarpo e Pinto Balsemão, vale a pena recordar este texto do João Carreira Bom:

"Reconheço que os nossos políticos, na ânsia de nos tomar por parvos, se portam como idiotas. Mas exagera-se. Confunde-se demasiado a crise do sistema representativo nas democracias com a crise do sistema português. Imputa-se a Portugal uma corrosão que não é apenas nossa. Salienta-se o aumento da abstenção nas eleições domésticas, frisa-se a ganância dos deputados e sublinha-se a mediocridade dos chefes, como se isso não acontecesse um pouco por todo o lado. Compreende-se. Não é lá fora que nos dói. É aqui. Ao mesmo tempo, contudo, não se percebe. Diluímos na hegemonia do estrangeiro o bem da soberania, o bem da língua, o bem da nossa identidade e não diluímos nos demais que nos condicionam o mal da quebra de confiança dos dirigidos nos dirigentes. Talvez sofrêssemos menos se enquadrássemos o nosso mal no mal dos outros. Não faço, todavia, um apelo à resignação. Critique-se o que é criticável. Revolucione-se o que for necessário. (...) Sim, os políticos portugueses não páram de nos decepcionar! Os italianos corrompem-se por milhões; os nossos, por bilhetes de avião. A magistratura desespera... Em Portugal, até a "operação mãos limpas" dá vontade de rir. Mas nem nisso somos os melhores. Lembra-se do "havano" do Presidente Clinton?" - João Carreira Bom, A catástrofe da política, Diário de Notícias, 7 de Novembro de 1999.

UMA LIÇÃO

Não gosto do estilo. Não lhe aprecio o verbo. Ainda por cima treinou o FC Porto. Mas tenho de reconhecer-lhe os méritos, a categoria dentro das quatro linhas das equipas por ele treinadas e a forma como mexeu com o sistema. Em Portugal e em Inglaterra. Roman Abramovich pode ter-se livrado de um problema, mas criou um monstro do qual agora terá dificuldade em libertar-se. As imagens que ontem correram mundo dos adeptos do Chelsea à porta de Stanford Bridge a entoarem cânticos a Mourinho dizem tudo. O futebol inglês não voltará a ser o mesmo. Ainda bem.

FIRMEZA NÃO É COMPLEXO NEOCOLONIAL

As declarações ontem proferidas pelo primeiro-ministro britânico Gordon Brown relativamente à cimeira União Europeia/África, que o Governo português, enquanto país que preside à UE neste semestre, tem tido tanto empenho em assegurar, parece que começa a descambar. Até agora houve só conversas de bastidores e tirando um ou outro jornalista mais atrevido, as coisas foram-se passando com alguma discrição. Neste momento, o debate está na primeira página. Brown já disse que não vem e que não se senta à mesma mesa com o facínora Mugabe se este vier. O problema é que o Governo de José Sócrates já convidou o déspota racista do Zimbabwe. E agora não sabe como descalçar a bota. Esta manhã ouvi que o presidente da Zâmbia também diz que vai bloquear a cimeira se o seu vizinho não vier. Agora começa tudo a ficar mais claro. No meio vai estar Portugal. Espera-se que pelo menos não fique de cócoras, pois se assim não for terá mais dificuldade em fazer-se ouvir e conciliar os desavindos. Mas para já a única lição a tirar é que enquanto África não se libertar de meia dúzia de tiranos cleptocratas com complexos racistas será muito difícil construir um futuro em paz, com algum desenvolvimento e muito menos pobreza, contando para tal com o apoio da Europa.

quinta-feira, setembro 20, 2007

E AGORA MADAÍL?

Tal como se previa, o iluminado presidente da Federação Portuguesa de Futebol continua a aguardar o resultado do inquérito que mandou instaurar à conduta do seleccionador nacional. Para quem dizia que não tinha tocado nem num cabelinho do jogador sérvio e no dia seguinte veio pedir meias desculpas, mais a pensar na previsível punição do que no arrependimento, quatro jogos e 20 mil francos suiços de multa indicam que o comité de disciplina da UEFA não perdeu tempo e foi insensível aos bigodes da dupla Madaíl/Scolari. Um dirigente que tivesse em boa conta a função que desempenha e a gravidade da actuação de Scolari há muito que teria arrepiado caminho. Madaíl continua a fazer como a avestruz. Agora com a equipa órfã até ao final da fase de qualificação do Euro 2008, espera-se para ver o filme que se segue. Talvez o David Coperfield os possa ajudar. Esta gente não presta.

terça-feira, setembro 18, 2007

ASSOCIAÇÃO 27 DE MAIO


E por falar em Luanda; há dias, o meu bom amigo José Reis falou-me na Associação 27 de Maio e na existência de um site dedicado aos acontecimentos desse fatídico dia de 1977. Porque a memória nos ajuda a viver e a verdade deve ser um objectivo permanente das pessoas de bem, das sociedades democráticas e do Estado de Direito, aqui fica o endereço e o convite a que façam uma visita: www.27maio.org. Quanto mais não seja porque os angolanos merecem que essa data não seja esquecida.

PORQUE SERÁ?


Ainda estou à espera que alguém me explique se, para lá do puro exibicionismo serôdio, existe alguma razão que leve José Sócrates a fazer jogging para as câmaras das televisões de cada vez que faz uma viagem ao estrangeiro? Desta vez foi em Washington, como antes foi em Moscovo, em Pequim e em Luanda. Em Lisboa só o tenho visto a correr integrado em grandes manifestações de massas. Quem corre por gosto fá-lo sempre e não apenas quando vai ao estrangeiro. Já não vejo a hora de ver as imagens dele a correr com os assessores pela Avenida da Liberdade, todos os dias às 7 ou 8 da manhã.

sexta-feira, setembro 14, 2007

E AINDA....

...Os Lobos jogam contra os All-Blacks no Mundial de Rubgy, amanhã às 12 horas de Lisboa...


... e mais à noite o SLB joga contra a Naval, no inferno da Luz. Com a garra de Camacho e muito fairplay. É o que se chama um fim-de-semana em cheio!


E TAMBÉM...


... Grande Prémio da Bélgica de F1.

ESTE FIM-DE-SEMANA HÁ...

... Grande Prémio de Portugal, Mundial de MOTOGP, no Autódromo do Estoril.

ERA SÓ O QUE FALTAVA!


Quem quiser pode dar a sua opinião no www.msn.com. Se tiver que escolher viajar entre duas companhias aéreas que me dêem igual segurança, prefiro viajar numa companhia que tenha mulheres bonitas e sensuais. A beleza e a sensualidade femininas só fazem mal aos pobres de espírito. Nem quero pensar no que seria de mim sem elas?

AUDIÇÕES DE FIM DE VERÃO



"El presente
se vive de repente
accidente permanente
Como una raya en el mar.
Saber nadar...improvisar...
...de roca en roca...
...hasta la ultima ola
...sin dejarse llevar...
El presente es siempre diferente ... VIVELO INTENSAMENTE...
"

Mais um grande disco de Manu Chao. Faixas como "Me llaman calle", "A cosa", "Mundo révès" e "La vida tombola" são imprescindíveis em qualquer fim de tarde.

MAIS UMA AUTARQUIA QUE FUNCIONA EXEMPLARMENTE!


Há quatro meses atrás referi neste blogue que a Câmara Muncipal de Faro tinha iniciado obras na zona da cidade constante dessa fotografia, chamando a atenção para o facto do carro que está na imagem ali permanecer há mais de um ano e das obras estarem a ser feitas contornando o veículo. Na mesma altura mandei um e-mail para o Gabinete do Utente da referida autarquia. No dia seguinte à reclamação o carro foi retirado. Hoje, recebo um ofício, por correio registado com aviso de recepção, a informar-me que os fiscais tinham estado no local no mês seguinte e o carro já lá não estava!!! O contribuinte que pague o tempo que estes funcionários perdem com imbecilidades a destempo.

P.S. A obra em causa - construção de um jardim - arrastou-se durante todo o Verão, com ocupação de dezenas de lugares de estacionamento para instalação do estaleiro e de montes de areia, num local onde não existem alternativas e os prédios não têm garagens. Ainda não está concluída. Exemplar.

NO MÍNIMO UM ABSURDO


A nova norma do número 4 do artigo 88º do Código de Processo Penal vem dizer, a partir de amanhã, que "Não é permitida, sob pena de desobediência simples, a publicação, por qualquer meio, de conversações ou comunicações interceptadas no âmbito de um processo, salvo se não estiverem sujeitas a segredo de justiça e os intervenientes expressamente consentirem na publicação."

A norma é um disparate completo e o ministro da Justiça, como homem inteligente e ponderado, não tem de vir em defesa dela. Em especial, se como diz o seu colega, o lunático ministro da Administração Interna - a fazer fé no que escreve o Diário de Notícias de hoje - não for impeditiva da publicação das escutas que forem discutidas num julgamento.

Certo é que, enquanto a norma não for corrigida, sem o consentimento dos intervenientes (a cumulatividade é evidente na redacção adoptada), não é permitida a publicação de quaisquer escutas, mesmo que já não estejam sujeitas a segredo de justiça. Mas se não estão sujeitas a segredo de justiça qual o interesse público da protecção dos intervenientes? Se foram discutidas e lidas no âmbito de uma audência de discussão e julgamento, com respeito pelo contraditório e pelo sacrossanto princípio da publicidade da audiência, por que razão não podem depois ser reproduzidas num jornal ou noutro qualquer órgão de comunicação social? Se no decurso de um julgamento são reproduzidas escutas, que são depois valoradas como meio de prova pelo juiz na decisão que vai ser proferida e se a sua recolha e reprodução não enfermam de qualquer vício que as desvalorize, por que raio se há-de proteger o corrupto, o traficante de influências, o pedófilo, o mentiroso compulsivo ou o assassino convicto? Desde quando é que o interesse de um criminoso, de um corrupto ou de um traficante de influências se pode sobrepor ao interesse público no conhecimento do caso e dos factos que motivaram a sua condenação em juízo?

quinta-feira, setembro 13, 2007

UM EXEMPLO DE MAU CARÁCTER, UMA VERGONHA NACIONAL


Portugal tem um seleccionador nacional de futebol que é uma vergonha nacional. Já tinha mostrado ser teimoso e arrogante, por vezes mal-educado. Agora ultrapssou todas as marcas e tentou agredir perante as câmaras da televisão de todo o mundo um jogador de uma equipa adversária. Scolari não tem, nem nunca teve, perfil para seleccionador nacional. Foi a um europeu sem se qualificar e perdendo duas vezes em casa com uma das mais fracas selecções europeias e mundiais, hipotecou a hipótese de um resultado fora-de-série no Mundial da Alemanha com a melhor equipa de sempre e agora arrisca não se qualificar para um Europeu, ameaçando deixar o pais de fora de um campeonato da Europa, ao fim de uma quinzena de anos de presenças consecutivas. Pior do que tudo isso é Scolari querer fazer dos portugueses e dos telespectadores das televisões mundiais estúpidos, dizendo não ter feito aquilo que toda a gente viu. Para Scolari só existe uma solução: a imediata instauração de processo disciplinar e a rescisão imediata do seu contrato de trabalho com justa causa. Para que possa servir de exemplo e voltar a conferir dignidade ao país perante as instâncias internacionais. O copo transbordou. Resta saber se Gilberto Madaíl com a sua tradicional moleza e subserviência vai ser capaz de tomar já uma decisão que não nos envergonhe ou se, como é costume, vai ficar à espera que os outros nos crucifiquem para só depois agir.

segunda-feira, setembro 10, 2007

UMA GRANDE SELECÇÃO, UM EXEMPLO PARA O PAÍS


A crónica extraída do site da Federação Internacinal de Rugby diz tudo sobre a magnífica performance dos Lobos na sua estreia contra a poderosa selecção da Escócia. A selecção portuguesa de rugby, a única selecção amadora na Taça do Mundo de Rugby, constitui um exemplo de trabalho, abnegação, capacidade de sacrifício, espírito de grupo, vontade de vencer e de aprender e de humildade. Até podem não ganhar nenhum jogo que só pelo exemplo não deixarei de aplaudi-los até que as mãos me doam. Era bom que tipos como Madaíl e Luís Filipe Scolari aprendessem alguma coisa com estes rapazes, em vez de se preocuparem em naturalizar Pepes e Decos.

"Portugal leave Scotland bruised
Soaring high: Portugal's captain Vasco Uva was named man of the match


SAINT-ETIENNE, 9 September - Portugal's strong defence and a willingness to attack have provided Scotland with a lot to ponder before their next match.

The Scots eventually ran out 56-10 winners in their Pool C opener on Sunday but it was far from plain sailing. Portugal delivered Scotland some surprises in the first half, with their impressive defence leaving no gaps early on. However, in the 12th minute Scotland drove their way through and full-back Rory Lamont scored. He crossed again two minutes later. Scott Lawson and Rob Dewey also grabbed a try each before the break. Portugal's fly half Pedro Carvalho ensured it wasn't all one-way traffic, scoring his country's first try at a world cup.
"I expected much more from (Scotland). When we came on to the field we weren't intimidated. When it was 28-10 at half time, we even had thoughts of winning. We are so proud," Carvalho said after the match.
The Scots were left battered and bruised by the debutants, with prop Allan Jacobsen taken to hospital after suffering a calf injury and outside centre Marcus Di Rollo receiving a knock to his temple.
"I was pretty confident we would break them down eventually, but they came out guns blazing in the first 10 minutes. It was a tough game and I'm feeling pretty bruised at the moment," Rory Lamont said after the match.
Scotland managed to wear out the debutantes in the second half, scoring four more tries, the first by Dan Parks, who also converted.
Portugal captain and number 8 Vasco Uva was awarded man of the match, which he said was a prize for the whole team.
"We knew that it was going to be tough but we gave everything we had to this game. We knew Scotland would be hard, but it was a very good game and I think we showed just what Portuguese rugby is about," he said.
The Scotland coach Frank Hadden said he wanted a slicker performance from his side in their next match against Romania in Edinburgh on Tuesday week.
Portugal's next match is against New Zealand in Lyon on Saturday
."

AOS POUCOS VAI-SE SABENDO A VERDADE


"Eu acho que a Ota foi um sonho do chamado grupo de Macau. Um sonho que foi imposto à força mas que não tinha sentido. Eu sou um leigo na matéria mas de tudo o que me foi dado observar não fazia sentido. Quando a CIP me perguntou e convidou para financiar um estudo sobre uma alternativa – e digo-lhe sinceramente que nessa reunião a alternativa não era Alcochete mas sim Poceirão – eu aceitei de imediato porque era necessário apresentar outra alternativa credível à Ota, mas que não fosse aquele disparate de localização e de custos. E estou muito satisfeito, como cidadão, com a alternativa encontrada." - Carlos Barbosa, presidente do Automóvel Club de Portugal, em entrevista ao Correio da Manhã, 10/9/2007

O puzzle foi montado em Macau e medrou no consulado de Rocha Vieira. À custa de adjudicações obscuras, de empreendimentos públicos e de múltiplas conveniências de serviço. Mereceu loas, jantares, cocktails, muitas viagens e condecorações no 10 de Junho. Na altura ninguém ligou, mas bastará ler alguns artigos do Ponto Final para se perceber quem são os figurões. Como alguém escreveu, era apenas um pequeno projecto imobiliário reunindo um grupo de amigos. Pois pois, basta ver quem investiu na região do Oeste nos últimos 15 anos para se perceber tudo. Estão lá todos os amigos, os construtores civis, os financiadores dos cadernos especiais dos semanários e os habitués das colunas sociais de algumas revistas muito lidas em Santa Sancha, os empreendedores que financiavam à socapa as campanhas dos partidos do bloco central, os directores de serviços que faziam os fretes em Macau e os demais serventuários políticos e empresariais. Sempre com a benção desse famigerado poder autárquico e de alguns jornalistas ávidos de protagonismo e mordomias (não eram só os árbitros que ganhavam viagens e férias à borla!). Um mimo. Agora percebe-se, ao fim destes anos todos, que com a OTA os únicos que ganhavam eram os do tal grupo. O país que se lixasse e investisse para eles ficarem com os bolsos cheios. Aos poucos vai-se sabendo a verdade e vê-se que só Vital Moreira é que ainda está convencido de que a solução OTA tinha por detrás algo mais do que o mero clientelismo e o refinado tráfico de influências que usou Macau para se projectar.

quinta-feira, setembro 06, 2007

INDECOROSA

A guerra em que anda o PSD começa a raiar o indecoroso. Depois do espectáculo que foi ver os dois principais candidatos à liderança a abrilhantarem a festa do Pontal, com Mendes a borrar a pintura, veio logo a seguir o plágio, irrelevante nas suas palavras, no blogue de Menezes. Ainda mal refeitos, veio Mendes dizer que estava muito satisfeito com os vetos do presidente da República e que isso seria uma prova da arrogância do Governo de Sócrates, esquecendo-se, como bem salientou Vital Moreira (desta vez até este teve razão), que o diploma que mais dúvidas suscitou ao Presidente da República foi o da responsabilidade civil extracontratual do Estado, lei que foi aprovada com os votos favoráveis do PSD. Agora é vê-los pelos Açores, um festejando o aniversário num passeio à cata de golfinhos e baleias, já de colete salva-vidas à volta do pescoço, antecipando os dias de borrasca que se avizinham, ao lado do homem que andou metido naquela embrulhada dos sobreiros, ao mesmo tempo que se congratulava com a não abertura de um inquérito criminal ao caso Somague - como se ficasse tudo limpo e lavado e não houvesse à mesma um ilícito embora de outra natureza; o outro passeando de ilha em ilha num jacto privado cuja factura é paga por um empresário de Gaia que investe no Algarve (estranhas amizades), aceitando que isso seja normal e assumindo não ter que prestar contas desse facto aos militantes do seu partido e ao país. Não se trata, é verdade, de algo particularmente humilhante ou indigno no actual contexto da nação, mas se a simples hipótese do PSD continuar a ser liderado por Marques Mendes é embaraçosa para os cidadãos de boa índole preocupados com o futuro da oposição, o mínimo que se pode pensar da candidatura de Menezes é que tem um ar sinistro. Aquela primeira linha da sacristia, posicionada logo atrás de Menezes e que agrupa Mendes Bota, Ribau Esteves e o inefável Moita Flores, o tal que à falta de melhores argumentos se pegou com a secretária de Estado da Reabilitação por uma mesquinha questão protocolar, é algo de inenarrável. Aguardemos os próximos desenvolvimentos de uma guerra que deverá ser seguida com toda a atenção. Quanto mais não seja para nos irmos rindo.

LUCIANO PAVAROTTI

Agora ficam só os amigos

segunda-feira, setembro 03, 2007

ISTO É PORTUGAL

Vista do Pico, a partir do Faial, Açores.

A VOLTAR AO NORMAL


Copenhaga 0 - Benfica 1
Nacional 0 - Benfica 3

CONTINUAM EM SILÊNCIO...



... Nada dizendo sobre os financiamentos da Somague ao PSD. Até quando?

15ª alteração ao CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

Não há nada como tratar destas coisas em férias, à pressão, para depois sair tudo gatado, como também é norma. Continua a ser obsceno o número de diplomas especialmente importantes para a vida da comunidade que é publicado pelo Governo da República quando o país está a banhos. O Governo Sócrates não foge à regra. Do registo automóvel ao processo penal, passando pela corrupção e pelos projectos de potencial interesse nacional e o urbanismo, há de tudo um pouco. A lei que aprovou a 15ª alteração ao Código de Processo Penal vai entrar em vigor já no dia 15 de Setembro. A diarreia legislativa continua. Vamos ver quanto tempo vai passar até começarem a sair as rectificações e as novas edições dos códigos ficarem desactualizadas.

À FRENTE DO TEMPO


Faltam apenas 52 dias para o voo inaugural do primeiro Airbus A-380 na rota Singapura-Sidney. A Singapore Airlines promove um leilão com bilhetes que em classe económica começam no USD € 3,80 e em Executiva nos USD € 38,00. Se quiser tente a sua sorte no e-bay, mas antes passe pelo site da Singapore Airlines, a companhia da cidade-estado que dá cartas no mundo da aviação comercial. Por mim, resta-me ter a esperança de que um dia o Fernando Pinto faça o mesmo por cá e de nesse dia ver o A380 em ... Alcochete, para desgraça do Mário Lino.