"Eu acho que a Ota foi um sonho do chamado grupo de Macau. Um sonho que foi imposto à força mas que não tinha sentido. Eu sou um leigo na matéria mas de tudo o que me foi dado observar não fazia sentido. Quando a CIP me perguntou e convidou para financiar um estudo sobre uma alternativa – e digo-lhe sinceramente que nessa reunião a alternativa não era Alcochete mas sim Poceirão – eu aceitei de imediato porque era necessário apresentar outra alternativa credível à Ota, mas que não fosse aquele disparate de localização e de custos. E estou muito satisfeito, como cidadão, com a alternativa encontrada." - Carlos Barbosa, presidente do Automóvel Club de Portugal, em entrevista ao Correio da Manhã, 10/9/2007
O puzzle foi montado em Macau e medrou no consulado de Rocha Vieira. À custa de adjudicações obscuras, de empreendimentos públicos e de múltiplas conveniências de serviço. Mereceu loas, jantares, cocktails, muitas viagens e condecorações no 10 de Junho. Na altura ninguém ligou, mas bastará ler alguns artigos do Ponto Final para se perceber quem são os figurões. Como alguém escreveu, era apenas um pequeno projecto imobiliário reunindo um grupo de amigos. Pois pois, basta ver quem investiu na região do Oeste nos últimos 15 anos para se perceber tudo. Estão lá todos os amigos, os construtores civis, os financiadores dos cadernos especiais dos semanários e os habitués das colunas sociais de algumas revistas muito lidas em Santa Sancha, os empreendedores que financiavam à socapa as campanhas dos partidos do bloco central, os directores de serviços que faziam os fretes em Macau e os demais serventuários políticos e empresariais. Sempre com a benção desse famigerado poder autárquico e de alguns jornalistas ávidos de protagonismo e mordomias (não eram só os árbitros que ganhavam viagens e férias à borla!). Um mimo. Agora percebe-se, ao fim destes anos todos, que com a OTA os únicos que ganhavam eram os do tal grupo. O país que se lixasse e investisse para eles ficarem com os bolsos cheios. Aos poucos vai-se sabendo a verdade e vê-se que só Vital Moreira é que ainda está convencido de que a solução OTA tinha por detrás algo mais do que o mero clientelismo e o refinado tráfico de influências que usou Macau para se projectar.
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