sábado, outubro 31, 2009

PREGAR AOS CHICOS

António pregou aos peixes. Este senhor prega aos chicos. O primeiro chegou a Santo. O segundo não aspira a tal, mas tem tudo para isso. A única diferença entre um e o outro é que enquanto o primeiro pregou para os peixes, que o escutaram, o segundo prega para chicos que não percebem o que ele diz porque sofrem de iliteracia. É que apenas aprenderam a conjugar dois verbos na perfeição: sacar e safar. Em mais de trinta anos de democracia este país não viu outra coisa que não fosse uma cultura de chico-espertismo. Uma criança não vai para a escola para aprender. Vai para sacar uma notas que depois lhe permitam safar-se lá fora e assim continuar a sacar outras notas que depois lhe permitam continuar a safar-se. E é assim pela vida fora até à hora da reforma. Alguns há que conjugam esses verbos tão bem que mesmo depois da reforma continuam a conjugá-los: a sacar e a safar-se. De caminho também sacam algum para os filhos e para a família e ajudam os amigos a safarem-se. Na actividade privada ou em empresas públicas, na tropa ou na banca, com os subsídios à agricultura ou os fundos europeus. Sem esquecer a política, onde uma multidão de chicos entra e sai para sacar e safar-se. Do general ao trolha, do banqueiro ao arrumador, do taberneiro ao escritor. É certo que há um tratado que continua por escrever, mas escrever para quê se já todos o leram. Nas entrelinhas. No recato de um gabinete, numa chamada telefónica, num piscar de olhos cúmplice. E alguns há que dominam esse tratado na perfeição. Pouparam o tempo da leitura e safaram-se. Na política houve quem atravessasse todo o arco a safar-se. Da esquerda à direita, de Lisboa a Bruxelas. Um discurso aqui, uns votos ali, um saquezito aqui, uma safadeza ali, uma peúgas para mim, uns bilhetinhos para ti. Ernâni Lopes é um homem bom. António também era. Os homens bons são homens decentes. Pena é que na casa dos chicos ninguém os aponte como exemplo. Se este país fosse educado na seriedade, no trabalho e na honestidade não existiria. Seria um país de homens bons, um país decente. Um país de Ernânis. Não teríamos espertalhões. Não haveria chico-esperto que se safasse, que conseguisse sacar alguma coisa. Os tribunais não serviriam para nada. Nenhum magistrado se safaria. Na carreira, evidentemente. O Conselho Superior de Magistratura seria um corpo espúrio do regime. O Millennium não pagaria dividendos. O Porto nunca teria sido campeão. O Colégio Militar não existiria. Portugal, muito provavelmente, também não existiria como país. Como Camões, Sena ou Cardoso Pires também nunca teriam existido. Eles ainda são hoje, para os sucateiros deste país, para os árbitros, para os senhores que mandam na bola e nos bares de alterne, o exemplo do fracasso. Já de Saramago não dizem o mesmo. Do Diário de Notícias ao Nobel, lá se foi safando: safou-se do PREC, de Cunhal, do PCP, do Ribatejo, das portuguesas e de Portugal. Até chegar a Estocolmo. Escrevendo, ora com vírgulas, ora sem vírgulas, lá se foi safando e sacando os respectivos direitos de autor. Medina Carreira também nunca teria existido, embora haja quem diga que este senhor não existe de todo e que não passa de um fantasma da República. E Cavaco Silva também não seria Presidente da República. Nem José Sócrates primeiro-ministro. Nem eu estaria onde estou. Nem este blogue (nem muitos outros mais) teria conhecido as luzes da blogosfera. Ernâni Lopes, que sabe de economia como poucos, devia meditar nisto. Ele faz-me lembrar alguns juízes, alguns advogados e alguns políticos que vivem fora do mundo. Os gatos fedorentos não existem por acaso. Sacando e safando-se. A mim ninguém me ensinou a conjugar o verbo sacar. E o safar ainda menos. Tenho pena. Por mais que tente nunca conseguirei aspirar a ser um sucateiro respeitável. Ou um "advogado de sucesso". A mim limitaram-se a dizer-me que a decência não pode ser cabulada. A decência não se ensina. Transmite-se. E para isso é preciso tê-la. Como aos tomates. Ernâni Lopes devia ter percebido isto.

sexta-feira, outubro 30, 2009

O SONHO DOS GULOSOS

Heidi Klum. Que dizem eles? A caminho do quarto filho? E sotto il cioccolato niente! E então se for o da Cadbury's é um banquete. Vou ali e já volto. Para ver as fotos e o vídeo.

NOVOS TEXTOS

Estão ambos no Delito de Opinião: O perigo do timing e Uma polícia com paredes de vidro. Para quem quiser lá fazer uma visita.

VAMOS LÁ DAR UM EMPURRÃO

A perspectiva de Portugal vir a ocupar a vaga em aberto no Mundial de F1, questão que será decidida no próximo dia 11 de Dezembro na reunião do Conselho Mundial da FIA (Federação Mundial de Automobilismo), deverá mobilizar todos os portugueses, a começar pelo primeiro-ministro e os responsáveis pelo desporto, de hoje até esse dia. Impõe-se uma operação de promoção em larga escala ao Autódromo Internacional do Algarve, dentro e fora de portas, nomeadamente em Monte Carlo onde terá lugar a reunião da FIA, muito em especial porque nesta altura já podemos contar com a simpatia do actual presidente, Jean Todt, e o apoio do cessante. Portugal e o Algarve não poderão desperdiçar esta oportunidade única de voltarem a ter uma corrida no Mundial de F1. Sempre sai mais barato do que organizar 3 jogos de futebol e tem retorno garantido.

POUR UN INSTANT LA LIBERTÉ

Alguém escreveu que se tratava de um filme "bouleversant". E é. Se ainda não o viu, tente encontrá-lo num clube de vídeo e aproveite para ver esta obra-prima do realizador Arash T. Riahi, baseada em factos reais e que já foi amplamente reconhecida nos festivais por onde passou. Para além dos fantásticos planos, Pour un instant la liberté ajuda-nos a compreender um pouco melhor o drama de viver sem democracia e dá-nos uma razão, se outras não houvesse, para que transformemos cada dia numa vitória. Uma realização notável, uma história arrepiante. Definitivamente um filme a não perder. Para ver e rever numa próxima oportunidade.

quinta-feira, outubro 29, 2009

BREVE EVOCAÇÃO

"Whatever you do will be insignificant, but it is very important that you do it" - M. Gandhi

Ontem, no mesmo dia em que era divulgado um relatório sobre a banalização da violência entre os jovens, do qual a edição de hoje do Público faz eco, vi a minha tarde abruptamente cortada pela notícia, esmagadora, avassaladora, da morte às mãos de um pretenso esquizofrénico de uma pessoa amiga e do seu irmão. Mais do que a morte em si, que a todos um dia nos alcança sem aviso prévio, foi a brutalidade do acto, a sua frieza, que me deixou desconcertado. Que pode levar um homem a degolar um seu semelhante, a desferir repetidos golpes de arma branca contra quem não tinha outro meio de defesa do que as próprias mãos, e depois seguir calmamente o seu caminho deixando as vítimas a esvaírem-se em sangue? Conheci o Pedro há quase três décadas, namorava ele com a mulher com quem veio a casar e que lhe deu dois filhos. Depois, com o correr dos anos, fomos perdendo contacto e, ultimamente, tirando uma das últimas vezes em que ele estivera pelo Algarve, raramente nos encontrávamos. Ia sabendo dele por amigos comuns e alguns familiares que amiúde com ele se cruzavam. Quando ontem soube o que tinha acontecido, senti desabar sobre os mais indefesos toda a injustiça do mundo. Dir-me-ão que se tratou de um acto isolado, de um gesto tresloucado. Mas eu não acredito que haja loucura que justifique a violência. As mãos que lhe permitiam cuidar das flores com o mesmo desvelo e a prazenteira amabilidade com que falava a todos os que encontrava nada puderam fazer perante tamanha violência. Sei que de nada servirá, que não haverá conforto que possa valer a quem perdeu os seus em circunstâncias tão inauditas, mas lá, onde estiverem, o Pedro e o irmão podem ter a certeza de que por aqui continuará a haver quem faça da luta contra a violência uma bandeira. Para que ainda que por breves instantes continue a valer a pena tomar um café com um amigo ou fazer uma onda no Guincho. Para que as estrelícias, as margaridas, as gerbérias, as rosas, em suma, para que todas as flores de que eles tanto cuidaram nos últimos anos possam continuar a nascer, a florir e a morrer. Em Cascais ou em qualquer outro lugar. Livres e ternas.

quarta-feira, outubro 28, 2009

TARDOU MAS CHEGOU

A sentença do Tribunal de Paris de 27 de Outubro pp., que julgou o chamado Angolagate, não deixou margem para dúvidas relativamente à culpabilidade dos condenados e à forma como o tráfico de influências levado à acção por figuras proeminentes da política e dos negócios corrói as estruturas do Estado. Esta página do Le Monde, com vários links interessantes, é uma boa porta de entrada para se começar a perceber a teia de negócios e cumplicidades. Como já seria de esperar a reacção angolana foi de estupefacção perante a condenação de Pierre Falcone.

TRÊS NOTAS

1 - Certamente que alguém já o disse ou escreveu. Muitos terão visto. Mas creio que nunca será demais sublinhar a presença e a postura assumida por Manuela Ferreira Leite na tomada de posse do XVIII Governo Constitucional (que tomou posse num dia cuja soma dá 8 e onde 8 ministros experientes se juntaram a outros 8 mais novatos, sublinhando os muitos e auspiciosos oitos que rodearam o seu aparecimento num ano 9, como diriam os meus amigos chineses). Ao contrário de outros dirigentes, cuja ausência não passou despercebida, a actual líder do PSD fez questão de estar presente e de deixar comentários adequados à ocasião. A democracia é um exercício constante, a procura de um equilíbrio muitas vezes difícil de manter no vaivém dos debates e da guerrilha política, mas há alturas em que é fundamental que venham à superfície os valores que distinguem um exercício puramente formal de uma verdadeira democracia. O sucesso de um governo saído de eleições livres e democráticas virado para a resolução dos problemas do país será também o sucesso do país. Ferreira Leite percebeu-o e fez questão de assinalá-lo. Outros, mesmo do seu próprio partido, têm mais dificuldade em assimilá-lo.

2 - A primeira e mais comum reacção da maior parte dos comentadores políticos à composição do novo Governo foi a de realçar a experiência e o bom desempenho dos que transitaram, questionando as novas escolhas. Antes de os verem fazer qualquer coisa, inclementes, apontaram aos novos ministros a pecha da falta de experiência política, a falta de "peso político", os perfis "demasiado técnicos", a inexperiência governativa. Se fossem todos velhos e experientes correligionários do partido, certamente que esses mesmos críticos não se cansariam de destacar a falta de renovação. Como entrou gente nova, as cassandras vieram logo falar na falta de experiência. Como se o exercício da política não fosse ele próprio um exercício permanente de intervenção cívica e de aprendizagem, de gestão e execução de um programa, e um governo não fosse um conjunto de pessoas com diferentes origens, formações e apetências, trabalhando para um objectivo comum, partilhando saberes e cultivando a entreajuda entre os seus membros.

3 - A escolha de Pierluigi Bersani para a liderança do Partido Democrático italiano, em especial depois de um inédito processo de escolha que mobilizou mais de 2 milhões de italianos, entre militantes, simples simpatizantes e estrangeiros residentes em Itália, dando-lhe uma confortável vitória, pode representar o vento de mudança e de esperança de que a Europa necessita. A forma como a sua eleição ocorreu é uma achega importante para a renovação da participação política e uma efectiva escolha dos melhores fora dos estreitos e usurpadores canais do caciquismo partidário.

CINEMA FRANCÊS EM FARO

Começa hoje em Faro a 10ª Festa do Cinema Francês. É no Teatro das Figuras e arranca com "Le plaisir de chanter" de Ilan Duran Cohen, às 21h 30m. Continuará amanhã, dia 29 de Outubro, às 19h e 30m com "Le bal des atrices" de Maïwenn Le Besco e às 21h 45 com "Pour un instant la liberté" de Arash T. Riahi. Seguir-se-ão "La premiére étoile" de Lucien Jean-Baptiste e "Demain dès l'aube..." de Denis Dercourt. No sábado, o programa começa logo às 11h com "Mia et le Migou", filme para jovens de Jacques-Rémy Girard, prosseguindo às 19h com "Cliente" de Josiane Balasko e às 21h e 45m com "Le premier jour du reste de ta vie", de Rémi Bezançon. O ciclo encerra-se no domingo, dia 1 de Novembro, com uma sessão às 19h de "Bellamy", um filme de Claude Chabrol e outra às 21h e 45m com o filme "Coco Chanel e Igor Stravinsky" de Jan Kounen. A entrada é livre, mas os bilhetes deverão ser levantados no Teatro. O programa tem o apoio do Instituto Franco-Português e da Alliance Française do Algarve.

EVIDÊNCIAS

"E acontece ainda (a verdade é para ser dita) que o Benfica está a jogar um grande futebol, que dá gosto ver. Não é apenas a impressionante média de 3,5 golos por jogo, ou a cadência de jogo ofensivo do quarteto sul-americano do ataque (Di Maria, Aimar, Saviola, Cardoso). É também uma coisa que há muito tempo, muito tempo, não se via ao Benfica: o prazer de jogar, o respeito pelo público, a vontade de fazer cada vez mais e melhor e a sensação de que ali está a nascer uma grande equipa e não apenas um lote de jogadores momentâneamente inspirados. Confesso que estava longe de esperar tanto do Benfica de Jorge Jesus. Não sei se isto é para durar e se continuará assim quando chegarem os jogos a doer - já no próximo fim-de-semana, em Braga. Mas, para já e por enquanto, caramba, que diferença para o Benfica dos últimos anos, que tanto reclamava e apregoava e tão pouco jogava". - Miguel Sousa Tavares, A Bola, 27/10/09, p. 46

sexta-feira, outubro 23, 2009

UMA BOA NOTÍCIA

Ora aqui está uma daquelas notícias que pode fazer por Portugal aquilo que milhões de euros de publicidade do Turismo de Portugal não conseguem fazer. Creio que até o António Costa ficará satisfeito. Carlos Barbosa sempre passará a ter menos tempo para falar do Terreiro do Paço.

NOVO GOVERNO, NOVA VIDA

Finalmente, temos governo. Para quem esperava uma salada russa à direita e à esquerda, saiu um governo de acção. Nada mau. Em tempo de crise é o melhor que se podia desejar. O primeiro-ministro mandou descansar quem estava cansado, quem perdeu o norte, quem já se sentia mal na sua pele. Livrou-se de fantasmas e zombies. Para já, foi uma aposta na consistência e na graça. Consistência técnica e política. Graça feminina. Equilíbrio, bom senso e trabalho parecem-me ter sido as determinantes das escolhas. Excelentes notícias foram a continuação de Teixeira dos Santos nas Finanças e as idas de Vieira da Silva para a Economia e de Alberto Martins para a Justiça. O tridente por onde vai passar todo o sucesso ou insucesso da governação na hora de fazer o balanço. Sólidas as opções pela manutenção de Pedro Silva Pereira na Presidência, de Ana Jorge na Saúde e de Mariano Gago na Ciência e Ensino Superior. A continuação de Luís Amado nos Negócios Estrangeiros é uma opção pela segurança numa área cujo rumo tem tido algumas opções discutíveis. A escolha de Santos Silva para a Defesa (méritos políticos à parte) é um enigma. Espero que compreensível pelas chefias militares. Eu teria preferido ver alguém como Maria Carrilho ou Medeiros Ferreira nesse lugar. Quanto aos estreantes nada a dizer. Tirando Rodrigo Moita de Deus, com menos informação do que a que seria esperada pelas tiradas que debita, toda a gente que anda nos meios respectivos sabe quem são os novos, o que fizeram e o que valem tecnicamente. E merecem o seu período de graça. Menos expectável, sem pôr em causa bons desempenhos anteriores e a sua capacidade de trabalho, é a escolha de Lacão. Para mim seria mais óbvia a escolha de António José Seguro, atendendo ao período que atravessamos e à composição da Assembleia. Por agora não encontro razão para a continuidade de Rui Pereira na Administração Interna. Espero ainda vir a encontrá-la e que não venha a ser esse o elo mais fraco. Por mim, basta-me que governem bem, que é como quem diz, democraticamente, com senso, sentido das realidades e do interesse nacional. Sem tiques nem complexos. Já bastam os que geneticamente herdámos e os que o salazarismo deixou.

[também no Delito de Opinião]

A SAGA CONTINUA

(Reuters/JMRibeiro/Público)

BENFICA - 5 EVERTON - 0

E vão 42 golos em 13 jogos oficiais. Ontem, o Everton sofreu a sua maior humilhação na UEFA. Desde 1964 que uma equipa portuguesa não marcava cinco golos a uma equipa inglesa. Só foi pena o remate à barra de Di Maria. Máquina afinada é máquina que faz sonhar. Oxalá continue assim.

segunda-feira, outubro 19, 2009

PARA O ANO HÁ MAIS

Este venceu logo na primeira corrida em que participou no Mundial de F1.
Mas que raio, para que quer ele tantos volantes? Manias.

Em 1958, no Mundial de F1, este Maserati foi sublimemente conduzido por uma mulher chamada Maria Teresa (de Filippi). Deve ser do nome. Talvez daí as paixões.

As estrelas fizeram-se para brilhar.

A vencer até morrer.

UMA JORNADA INESQUECÍVEL (5)

Mesmo de pernas para o ar o tridente é o mesmo.

E que tal? Impressionante.

Em Le Mans estiveram sempre à frente do seu tempo.

Peter Revson. Será que este nome não vos diz nada?

A "bomba" do João Mira Gomes. Sempre simpático, um Secretário de Estado que faz a diferença e que continua apaixonado pelas velhas glórias. Foi pena a falta de combustível. E o emblema do Sporting na rectaguarda. Dá mau aspecto.

UMA JORNADA INESQUECÍVEL (4)

Continua cheio de sede. E de pica!

Será que estes nomes vos dizem alguma coisa? A mim muito. Até nos livros de Michel Vaillant.

O Lola de um campeoníssimo: Bobby Rahal.

Ainda se lembram do Chevron BMW de Kevin Jones?

Este carro espalhou o "pânico" às mãos de Bonnier.

UMA JORNADA INESQUECÍVEL (3)

Um velhor Ford GT 40

Temos quase a mesma idade. Só que este venceu no Mónaco.

Faz parte das minhas memórias. Um grande carro que foi genialmente conduzido por Ronnie Peterson.

Lotus quê? Em Portugal havia muitos mas eram da Scalectrix.

Inconfundível. O azul que faz sonhar de um mítico Alfa Romeo. O Giulia TZ. Só para apreciadores.

UMA JORNADA INESQUECÍVEL (2)

Animação a rodos

Até arrepia vê-los a reduzir no final da recta. Um tipo pensa que eles se vão desconjuntar.

Os Ford continuam a curvar com estilo.

Há sempre uns tipos que só sabem andar à frente.

Matar saudades de Le Mans num circuito onde todas as curvas têm excelente visibilidade.

UMA JORNADA INESQUECÍVEL (1)

Correu mundo nas mãos de Patrick Depailler até se reformar.

Recordações de um grande campeão.

O velho Fórmula 1 de Chris Amon.

Quem não se lembra de ver Brambilla e Pescarolo com esta máquina?

De volta a casa. Para o ano há mais.

sexta-feira, outubro 16, 2009

UM EXPOSIÇÃO DIFERENTE

É amanhã inaugurada em Faro uma exposição cujo tema é "Homenagem à Vagina". Depois do aclamado Monólogo da Vagina, eis uma exposição que se pretende diferente e com um título no mínimo fora do comum. Vão estar patentes obras de pintura e de escultura de Bual, João Moniz, Luísa Nogueira, Ricardo Passos, Maria João Franco, Chichorro, Rico Sequeira, António Inverno, Silvestre Raposo e mais alguns. A Galeria ARC-16 fica no Largo da Estação, n.º 3.

NÃO É SÓ ENTRE NÓS

Passou-se em Santa Cruz de Tenerife, mas podia ter-se passado aqui onde também acontecem situações semelhantes. Graças ao El Confidencial.

quinta-feira, outubro 15, 2009

LER

É imprescindível ler e ver as imagens deste post do meu amigo Carlos Barbosa de Olveira.

DOMINGO DE ELEIÇÕES NA ILHA DESERTA



É assim o Algarve fora de época, em pleno Outono e com uma água paradisíaca, bem acima dos 20ºC. E ainda há quem insista em fazer férias em Agosto.

terça-feira, outubro 13, 2009

ALGARVE HISTORIC FESTIVAL

É já no próximo fim-de-semana que terá lugar o Algarve Historic Festival, oportunidade única para ver evoluir na magnífica pista do novo autódromo velhas glórias do passado conduzidas por quem aprendeu e nunca mais esqueceu. Para desanuviar de campanhas, de listas e de candidatos não há melhor. A animação e a emoção estão garantidas.

segunda-feira, outubro 12, 2009

ENA TANTOS

Lisboa, Figueira da Foz, Tavira, Vila do Bispo e Ourém. Tenho de confessar que fiquei satisfeito. Com o resultado, é claro. Mas também por saber que o António Costa, o Rui Araújo, o Rui Daniel, o Adelino Soares e o Sérgio Faria, de quem ontem muito especialmente me lembrei quando estávamos a lançar os dados que nos iam chegando e vi fugir Faro para o PSD, por 126 votos, ficando de pantanas a hipótese da vereação de Faro ter mais mulheres do que homens, também ficaram satisfeitos. Cada um pelas suas razões e à sua maneira. Daqui vai um abraço para todos eles. E também para o José Apolinário, por dois simples gestos. O primeiro quando na véspera das eleições e sem saber o que iria acontecer fez questão de se dirigir aos militantes e simpatizantes para agradecer o apoio durante a campanha. O segundo pela forma corajosa e digna como assumiu a derrota. Com uma diferença tão curta e num momento de grande desconforto, apressar-se a acalmar as suas hostes e dizer resignado que "a democracia é isto", para a seguir pegar no telemóvel, felicitar o adversário e combinar a transferência de poderes para o dia seguinte, dizendo aos seus que "não é na secretaria que se vai ganhar o que se perdeu nas urnas", não é para todos. Pode parecer banal, mas diz muito sobre o carácter de um homem. Sem ressentimentos. Com grandeza. É assim que eu gosto da política.

[também aqui]

GANHAR COM UMA MÃO O QUE SE PERDE COM A OUTRA

Os resultados das autárquicas no Algarve espelham bem a divisão política existente entre PS e PSD e a natureza do confronto. Há maiorias esmagadoras (Albufeira, Loulé, Vila Real de Santo António para o PSD, Aljezur, Lagos, Portimão e São Brás de Alportel para o PS), há maiorias fortes (Alcoutim e Castro Marim para o PSD ou Olhão para o PS) e há locais de luta muito acesa (Faro, agora ganha pelo PSD, Tavira, ganha pelo PS, e Lagoa, onde o PSD voltou a vencer pela diferença de 300 votos). Outros há onde nunca se percebe muito bem o que influencia as escolhas (Silves, onde Isabel Soares e o PSD venceram perdendo a maioria, o caso de Monchique, onde Carlos Tuta perdeu ao fim de duas décadas, e Vila do Bispo, espectacularmente ganha ao PSD por Adelino Soares pela margem de 0,5%, mais ou menos cem votos). Com excepção do maior centro urbano, Faro, a região continua a ser profundamente cacical. De tempos a tempos há mudanças. Mas as mudanças nem sempre são perceptíveis. Torna-se por isso mais difícil entender como poderá vir a comportar-se num cenário de regionalização. No deve e haver destas eleições, o PSD manterá a presidência da Associação de Municípios do Algarve. Trocou Tavira e Vila do Bispo por Faro e Monchique. Estes 4 resultados são os que merecem análise mais detalhada. Em Vila do Bispo mandava o PSD há dois mandatos. José Viegas foi uma aposta pessoal de Mendes Bota. Perdeu. Tavira passa para o PS que recupera de 35,39% para 45,99%. É uma derrota do PSD/Algarve e da líder nacional. Ambos aceitaram deixar sair Macário Correia para Faro convencidos de que mantinham Tavira. Perderam em toda a linha. O PS voltou a apostar em Carlos Tuta em Monchique e a aposta falhou. O futuro do PS naquele concelho fica demasiado fragilizado e a exigir uma renovação que se tornou tardia. O caso mais bicudo é Faro. Macário Correia apostou forte e venceu. É indiscutivelmente uma vitória pessoal. Obtém maioria absoluta na câmara, mas a coligação PSD/PP perde a assembleia municipal e não conseguirá formar maiorias. O que os eleitores deram a Macário por um lado, retiraram-lhe pelo outro. Dentro de 4 anos, muito provavelmente com um referendo à regionalização pelo meio, voltar-se-á a fazer as contas.

[Este post e o anterior também estão aqui]

UM ESTRANHO PAÍS

Finalmente, chegou ao fim o ciclo eleitoral que começou com as europeias de Junho, passou pelas legislativas e terminou ontem com as autárquicas. Nos próximos anos vai ser tempo de trabalhar, de enfrentar a crise, de nos concentrarmos nos projectos em curso e de preparar o futuro. Para quem pensava que o PSD ia esmagar o PS nas autárquicas, os resultados têm um sabor agridoce. Se a especificidade das autárquicas desaconselha leituras nacionais, não é menos verdade que não há líder político que não procure fazer extrapolações desses resultados. Por isso mesmo, será difícil fugir a essa leitura. O PS segurou quase 2 milhões e 100 mil votos, que lhe garantiram 918 mandatos nas vereações. O PSD sozinho e coligado obteve 898. Mas obteve 138 câmaras, 22 das quais em coligação. O PS sozinho e nalguns casos com o apoio de uns poucos independentes ganhou 130 câmaras. Mais 22 do que as que tinha. Perdeu Faro por 126 votos, Monchique por 70. Foi humilhado no Porto, em mais uma escolha com a chancela exclusiva do secretário-geral. E depois? Ganhou em lugares tão emblemáticos como Beja, Matosinhos, Viana do Castelo, Leiria e Aljustrel. Foi bom para quem tinha a ideia de que a força do PS ao nível autárquico se esgotava em meia dúzia de dinossauros locais e nalgumas figuras nacionais que de quando em vez davam um salto ao poder local. Como se viu não é bem assim. O que fica para a história é que este país muda pouco. Às vezes muda sem que se perceba bem porquê. Curiosamente, é nas autárquicas que melhor se percebe a fibra e o carisma de um líder. Incluindo dos líderes nacionais que impõem algumas escolhas aberrantes. De outras vezes torna-se patente a falta de jeito dos aspirantes. E confirma-se a de alguns antes consagrados no plano nacional. Todos os políticos profissionais deviam passar o crivo do poder local. As autárquicas são um pequeno laboratório que devia ajudar os partidos a pensar, a salvaguardar erros futuros. Não sei se alguma vez isso irá acontecer. É o que causa ainda mais estranheza.

sexta-feira, outubro 09, 2009

EFEITOS DO CLIMA

Paulo Rangel ainda agora chegou a Bruxelas, mas a atmosfera húmida, enevoada e sombria da capital belga já começou a produzir os seus efeitos. Num jantar-comício de apoio a Macário Correia, ontem realizado em Faro, o eurodeputado afirmou que neste momento o PSD luta por uma maioria absoluta na câmara da capital algarvia. Até admito que no actual panorama, e fazendo fé nalgumas sondagens, Macário Correia possa discutir a vitória em Faro. Só que daí a uma maioria absoluta nem Vasco Graça Moura se atreveria a tanto. Talvez o embaciamento das lentes possa explicar as afirmações de Rangel.

quinta-feira, outubro 08, 2009

MUNDIAL DE KARTING, MACAU 2009

Graças à oportunidade de João Severino, a cujo blogue fui buscar a imagem deste post, fiquei a saber do evento que hoje começou em Macau e que se desenrolará até ao próximo domingo. Fiz muitos e bons quilómetros na excelente pista de Coloane, e também na provisória que existiu no NAPE, e é sempre bom saber, mais de uma década volvida, que os irmãos Sin continuam de boa saúde e a fazer coisas boas pelo karting. Para eles e para o director do Jornal do Pau vai a minha saudação pela carolice e pela lembrança.

quarta-feira, outubro 07, 2009

PANORAMA SULISTA

Está aqui, no Delito de Opinião, para quem estiver interessado em saber o que se espera nas autárquicas algarvias.

APOIO ÚTIL

O inesperado apoio (e daí talvez não) de Carvalho da Silva a António Costa na corrida à Câmara de Lisboa, para além do próprio apoio em si, pode significar algo mais. Militante comunista, líder de uma importante força sindical, inteligente, simpático e capaz de congregar apoios fora das baias do PCP, Carvalho da Silva veio dizer que o voto útil em Lisboa não é em Ruben de Carvalho e na CDU. A forma sincera e expansiva como Carvalho da Silva manifestou o seu apoio e apelou à mobilização de forças à esquerda na recta final da campanha, vai logo passar em todas as televisões e seguramente que muitos potenciais eleitores da CDU não ficarão indiferentes a tal apelo. Jerónimo de Sousa e Ruben de Carvalho podem continuar a enterrar a cabeça na areia e fazer de conta que não é com eles, mas se Santana Lopes vencer a única certeza é que os 5, 10 ou até 20% de votos que a CDU angariar terão sido úteis para eleger "o candidato da direita" e fazer flores internamente. Contra a opinião de gente como o referido Carvalho da Silva e José Saramago. É capaz de ser muito pouco para justificar aos seus militantes uma derrota para a coligação de direita na principal câmara do país e isso pode bem significar o esgotamento da liderança do bonacheirão Jerónimo de Sousa. Vamos aguardar para ver.

[também no
Delito de Opinião]

terça-feira, outubro 06, 2009

RECORDAR AMÁLIA 10 ANOS DEPOIS

Os anos passam, as letras, as melodias, a voz e a sua presença ficaram para sempre. Aqui, em Itália, em 1970, e em especial aqui, numa magnífica interpretação de "Formiga Bossa Nova", dando dimensão universal à música de Alain Oulman e ao poema de Alexandre O'Neill. Assim devera eu ser, se não fora não querer.

sexta-feira, outubro 02, 2009

PARA AMANHÃ

Quem não for ao Estoril acompanhar o Grande Prémio de Portugal de MotoGP sempre pode participar no chat com Fisichella. Exclusivo para os amantes da casa de Maranello.

quinta-feira, outubro 01, 2009

NÃO RESISTI

Com os meus agradecimentos a Paulo Pinto Mascarenhas e ao 31 da Armada, onde encontrei esta preciosidade.

NOTÁVEL

O silêncio de alguns blogues sobre o discurso do Presidente da República diz muito sobre o que este representou no actual panorama político. O do 4R - Quarta República é a todos os títulos notável. Não sendo seguramente por falta de comentadores e de gente boa, mesmo excluindo a assessora presidencial Suzana Toscano, de quem não se esperaria que fosse comentar o chefe, esse silêncio não passa, todavia, despercebido a ninguém.

CONSTATAÇÕES E OMISSÕES

1 - O Diário de Notícias faz hoje manchete com o afastamento pelo Presidente da República do director de informática da Presidência da República, ocorrido há quatro meses atrás.
2 - Ficamos assim a saber que José Luís Seruya, um licenciado em teologia, da confiança do PSD, que trabalhara para o governo liderado por Durão Barroso, substituiu o anterior responsável pelos serviços que tinha sido nomeado por Jorge Sampaio.
3 - Também se refere que o Presidente da República procedeu à reestruturação do núcleo informático dos serviços da Presidência e criou uma Direcção de Serviços de Informática.
4 - Se isto é verdade, e tudo indica que sim posto que foi confirmado pela LUSA, à semelhança do que já acontecera com as acções da SLN, inexplicavelmente omitidas num comunicado da Presidência da República quando rebentou o caso BPN/Dias Loureiro, o Presidente da República voltou a esconder aos portugueses factos essenciais para a compreensão da verdade e da sua posição, ficando nós sem saber se as suas dúvidas e perplexidades quanto às eventuais vulnerabilidades das comunicações e sistemas informáticos de Belém começaram antes da substituição de Paulo Castro Costa, ou se depois, e por que razão o especialista que a Presidência contratou não resolveu o problema detectado (se é que algum problema foi detectado e tudo não passou de uma visão persecutória da realidade).
5 - Quem numa empresa privada actuasse como actuou Fernando Lima, à revelia do chefe, invocando o seu nome e criando um escândalo público em matérias de tão grande melindre, causando alarme nas instituições e na opinião pública num período eleitoral, seria imediatamente alvo de um processo disciplinar visando o seu despedimento com justa causa.
6 - Na Presidência da República esse tipo de comportamento é alvo de protecção da exposição pública e das consequências do abuso e da invocação indevida do nome do titular do cargo.
7 - Tal como acontecera com o caso das acções da SLN, quando o Presidente veio falar na sua vida privada e na legitimidade dos ganhos que auferiu com a sua venda, quando não era isso que estava em causa nem o que os portugueses queriam saber, também agora veio, despropositadamente, abordar questões irrelevantes, omitindo o esclarecimento sobre os factos essenciais que importava saber: o que sabia o Presidente da República da actuação de Fernando Lima, que ordens deu, quando e a quem.
8 - O Presidente da República falou aos portugueses como quem cavaqueia num café com os amigos e não como um Chefe de Estado que se dirige à Nação, formulando perguntas ingénuas e de resposta óbvia, pouco consentâneas com a responsabilidade do cargo que ocupa e colocando-se num patamar onde é alvo fácil da crítica e do enxovalho.
9 - Estes factos revelam traços preocupantes na actuação e pensamento do Presidente da República que eram totalmente desconhecidos dos portugueses.

[Também publicado no Delito de Opinião]