quinta-feira, outubro 01, 2009

CONSTATAÇÕES E OMISSÕES

1 - O Diário de Notícias faz hoje manchete com o afastamento pelo Presidente da República do director de informática da Presidência da República, ocorrido há quatro meses atrás.
2 - Ficamos assim a saber que José Luís Seruya, um licenciado em teologia, da confiança do PSD, que trabalhara para o governo liderado por Durão Barroso, substituiu o anterior responsável pelos serviços que tinha sido nomeado por Jorge Sampaio.
3 - Também se refere que o Presidente da República procedeu à reestruturação do núcleo informático dos serviços da Presidência e criou uma Direcção de Serviços de Informática.
4 - Se isto é verdade, e tudo indica que sim posto que foi confirmado pela LUSA, à semelhança do que já acontecera com as acções da SLN, inexplicavelmente omitidas num comunicado da Presidência da República quando rebentou o caso BPN/Dias Loureiro, o Presidente da República voltou a esconder aos portugueses factos essenciais para a compreensão da verdade e da sua posição, ficando nós sem saber se as suas dúvidas e perplexidades quanto às eventuais vulnerabilidades das comunicações e sistemas informáticos de Belém começaram antes da substituição de Paulo Castro Costa, ou se depois, e por que razão o especialista que a Presidência contratou não resolveu o problema detectado (se é que algum problema foi detectado e tudo não passou de uma visão persecutória da realidade).
5 - Quem numa empresa privada actuasse como actuou Fernando Lima, à revelia do chefe, invocando o seu nome e criando um escândalo público em matérias de tão grande melindre, causando alarme nas instituições e na opinião pública num período eleitoral, seria imediatamente alvo de um processo disciplinar visando o seu despedimento com justa causa.
6 - Na Presidência da República esse tipo de comportamento é alvo de protecção da exposição pública e das consequências do abuso e da invocação indevida do nome do titular do cargo.
7 - Tal como acontecera com o caso das acções da SLN, quando o Presidente veio falar na sua vida privada e na legitimidade dos ganhos que auferiu com a sua venda, quando não era isso que estava em causa nem o que os portugueses queriam saber, também agora veio, despropositadamente, abordar questões irrelevantes, omitindo o esclarecimento sobre os factos essenciais que importava saber: o que sabia o Presidente da República da actuação de Fernando Lima, que ordens deu, quando e a quem.
8 - O Presidente da República falou aos portugueses como quem cavaqueia num café com os amigos e não como um Chefe de Estado que se dirige à Nação, formulando perguntas ingénuas e de resposta óbvia, pouco consentâneas com a responsabilidade do cargo que ocupa e colocando-se num patamar onde é alvo fácil da crítica e do enxovalho.
9 - Estes factos revelam traços preocupantes na actuação e pensamento do Presidente da República que eram totalmente desconhecidos dos portugueses.

[Também publicado no Delito de Opinião]