sexta-feira, outubro 23, 2009

NOVO GOVERNO, NOVA VIDA

Finalmente, temos governo. Para quem esperava uma salada russa à direita e à esquerda, saiu um governo de acção. Nada mau. Em tempo de crise é o melhor que se podia desejar. O primeiro-ministro mandou descansar quem estava cansado, quem perdeu o norte, quem já se sentia mal na sua pele. Livrou-se de fantasmas e zombies. Para já, foi uma aposta na consistência e na graça. Consistência técnica e política. Graça feminina. Equilíbrio, bom senso e trabalho parecem-me ter sido as determinantes das escolhas. Excelentes notícias foram a continuação de Teixeira dos Santos nas Finanças e as idas de Vieira da Silva para a Economia e de Alberto Martins para a Justiça. O tridente por onde vai passar todo o sucesso ou insucesso da governação na hora de fazer o balanço. Sólidas as opções pela manutenção de Pedro Silva Pereira na Presidência, de Ana Jorge na Saúde e de Mariano Gago na Ciência e Ensino Superior. A continuação de Luís Amado nos Negócios Estrangeiros é uma opção pela segurança numa área cujo rumo tem tido algumas opções discutíveis. A escolha de Santos Silva para a Defesa (méritos políticos à parte) é um enigma. Espero que compreensível pelas chefias militares. Eu teria preferido ver alguém como Maria Carrilho ou Medeiros Ferreira nesse lugar. Quanto aos estreantes nada a dizer. Tirando Rodrigo Moita de Deus, com menos informação do que a que seria esperada pelas tiradas que debita, toda a gente que anda nos meios respectivos sabe quem são os novos, o que fizeram e o que valem tecnicamente. E merecem o seu período de graça. Menos expectável, sem pôr em causa bons desempenhos anteriores e a sua capacidade de trabalho, é a escolha de Lacão. Para mim seria mais óbvia a escolha de António José Seguro, atendendo ao período que atravessamos e à composição da Assembleia. Por agora não encontro razão para a continuidade de Rui Pereira na Administração Interna. Espero ainda vir a encontrá-la e que não venha a ser esse o elo mais fraco. Por mim, basta-me que governem bem, que é como quem diz, democraticamente, com senso, sentido das realidades e do interesse nacional. Sem tiques nem complexos. Já bastam os que geneticamente herdámos e os que o salazarismo deixou.

[também no Delito de Opinião]