Os resultados das autárquicas no Algarve espelham bem a divisão política existente entre PS e PSD e a natureza do confronto. Há maiorias esmagadoras (Albufeira, Loulé, Vila Real de Santo António para o PSD, Aljezur, Lagos, Portimão e São Brás de Alportel para o PS), há maiorias fortes (Alcoutim e Castro Marim para o PSD ou Olhão para o PS) e há locais de luta muito acesa (Faro, agora ganha pelo PSD, Tavira, ganha pelo PS, e Lagoa, onde o PSD voltou a vencer pela diferença de 300 votos). Outros há onde nunca se percebe muito bem o que influencia as escolhas (Silves, onde Isabel Soares e o PSD venceram perdendo a maioria, o caso de Monchique, onde Carlos Tuta perdeu ao fim de duas décadas, e Vila do Bispo, espectacularmente ganha ao PSD por Adelino Soares pela margem de 0,5%, mais ou menos cem votos). Com excepção do maior centro urbano, Faro, a região continua a ser profundamente cacical. De tempos a tempos há mudanças. Mas as mudanças nem sempre são perceptíveis. Torna-se por isso mais difícil entender como poderá vir a comportar-se num cenário de regionalização. No deve e haver destas eleições, o PSD manterá a presidência da Associação de Municípios do Algarve. Trocou Tavira e Vila do Bispo por Faro e Monchique. Estes 4 resultados são os que merecem análise mais detalhada. Em Vila do Bispo mandava o PSD há dois mandatos. José Viegas foi uma aposta pessoal de Mendes Bota. Perdeu. Tavira passa para o PS que recupera de 35,39% para 45,99%. É uma derrota do PSD/Algarve e da líder nacional. Ambos aceitaram deixar sair Macário Correia para Faro convencidos de que mantinham Tavira. Perderam em toda a linha. O PS voltou a apostar em Carlos Tuta em Monchique e a aposta falhou. O futuro do PS naquele concelho fica demasiado fragilizado e a exigir uma renovação que se tornou tardia. O caso mais bicudo é Faro. Macário Correia apostou forte e venceu. É indiscutivelmente uma vitória pessoal. Obtém maioria absoluta na câmara, mas a coligação PSD/PP perde a assembleia municipal e não conseguirá formar maiorias. O que os eleitores deram a Macário por um lado, retiraram-lhe pelo outro. Dentro de 4 anos, muito provavelmente com um referendo à regionalização pelo meio, voltar-se-á a fazer as contas.
[Este post e o anterior também estão aqui]