terça-feira, junho 30, 2009

DEBATE SUADO

O debate patrocinado pelo Observatório do Algarve que ontem à noite teve lugar, em Faro, entre José Apolinário e Macário Correia, constituiu a primeira amostra da renhida competição que aí vem. Pese embora os dichotes habituais de meia dúzia de tipos mal educados, mais interessados em dar nas vistas do que na discussão, o debate permitiu começar a perceber as diferenças entre os candidatos. Enquanto José Apolinário aposta na informação e na seriedade do trabalho realizado, Macário Correia apela ao marketing e ao sonho. Alguns ecos do debate podem ser encontrados também aqui. Aguardam-se os próximos encontros.

domingo, junho 28, 2009

SILÊNCIOS QUE FALAM POR SI

"Não façam promessas que não podem cumprir. Falem só a verdade às populações", recomendou Manuela Ferreira Leite aos candidatos a autarcas do seu partido na convenção regional autárquica do PSD/Algarve. De acordo com o relato do Observatório do Algarve "no final do seu discurso, Manuela Ferreira Leite abandonou a sala de congressos do Pavilhão do Arade, em Lagoa, sem falar aos jornalistas". Ou seja, deu o exemplo aos candidatos: começou a falar verdade.

quinta-feira, junho 25, 2009

PONTO FINAL

Depois de um longo interregno, o Ponto Final voltou às ondas da blogosfera. Hoje com o merecido destaque ao falecido Nuno Barreto.

ELE É MAIS DAS BICICLETAS

"Entendo que a abrangência de vontades e de correntes de opinião não pode senão engrandecer a tarefa que nos propomos"

"Alargamos o leque de apoios porque é também da diversidade que vão surgir dinâmicas de crescimento"

"Os Farenses descobriram o caminho para o êxito da Cidade e do Concelho."

"Macário não esqueceu a Universidade, as colectividades de cultura e recreio. Os muitos públicos que se suscitam quando se pensa Faro neste âmbito."

"Urge pois, olhar para a Baixa e Centro Histórico com especial atenção antes de fazer estas zonas encarar, indefesas, mais um colossal empreendimento comercial."

"Importa pensar em articular o investimento em comércio que se vai fazer "em cima do relvado". Reflectir nas consequências de mais uma centralidade comercial (...)"

Estas frases, entre muitas outras de tarar, constam de um opúsculo colorido que me foi largado na caixa do correio pela gente do engenheiro Macário Correia. Não sei se foi o candidato quem escreveu os textos, mas pela amostra da prosa, se isto é assim em campanha quando ainda tem de convencer os eleitores para "refazer de Faro uma capital", imaginem agora os despachos que hão-de sair da Câmara se ele um dia lá chegar. Vai ser de gritos.

UM HOMEM À ALTURA

Não é por ter sido meu professor e eu ter uma estima muito particular por todos aqueles de quem um dia tive a sorte de aprender alguma coisa de útil para a vida e para a profissão, mas do professor Jorge Miranda retive sempre a ideia de que era um homem sábio e sério como poucos. Com a vantagem de ser educado e generoso para com todos, como só alguns eleitos conseguem. Ao ler hoje aqui que ele retirou, desiludido, a sua candidatura ao lugar de Provedor de Justiça, percebi que ele tomou a única decisão possível num homem decente. Aquilo que a candidata apoiada pelo PSD não foi capaz de fazer, fê-lo ele com toda a dignidade. Pena é que esta gente não aprenda nada. Quem fica a ganhar são os seus alunos.

ALGUMA VEZ HAVIAM DE REPARAR EM NÓS

O artigo de Don Tapscott no The Huffington Post era a ajuda que Sócrates precisava numa altura em quase tudo lhe corre mal. Quando Portugal é elogiado no Canadá por causa do programa tecnológico isso só pode servir para elevar a auto-estima nacional. Vamos aguardar a reacção da Dr.ª Manuela.

terça-feira, junho 23, 2009

À ATENÇÃO DA FERNANDA CÂNCIO...

... que ainda no sábado passado escreveu uma peça sobre o general Rocha Veira, na edição do Diário de Notícias, este pequeno mas bastante elucidativo texto do insuspeito Nuno Lima Bastos (PSD). Aqui. Há homens que nunca hão-de aprender nada, nem sequer com os próprios erros. Talvez por isso mesmo depois de serem quase tudo e terem quase tudo acabassem tristemente a subscrever anúncios para o BPP sobre a estratégia do retorno absoluto.

AMANHÃ

Amanhã também há-de ser dia. Viver é como governar: "uma estratégia de ordenação selectiva, um equilíbrio de caos e ordem, de liberdade e necessidade, de contexto e autonomia" - Daniel Innnerarity, A transformação da política.

sexta-feira, junho 19, 2009

MOÇÃO DE CENSURA

O ressuscitado CDS/PP do Dr. Portas estava convencido de que apresentava uma moção de censura e voltava para as parangonas dos jornais. Quarenta e oito horas depois e uma ou duas frases bem colocadas do acossado Vítor Constâncio retiraram o CDS/PP dos jornais e bastaram para o fazerem voltar aos 3 ou 4% de importância que a comunicação social lhes reserva. Têm de treinar mais vezes.

ETA NO!

Uma vez mais a besta voltou a atacar. Agora em Arrigorriaga. Mais um dos nossos, como disse Patxi López, caiu. Aos 49 anos. Outra vida ceifada, mais uma viúva, mas dois órfãos. Não pode haver tréguas contra o terrorismo. A ETA não passará, os bascos e a democracia vencerão.

SOMÁLIA? NÃO, NÁPOLES

A notícia de hoje do Corriere della Sera dando conta de mais um ataque de piratas ao jeito somali no mar de Posillipo, próximo da costa de Napóles, reacende o debate sobre a pirataria e as formas de melhor a combater. Desta vez foi às portas Europa, longe do corno de África. O incidente vem reavivar os ataques piratas de Agosto de 2005 em Ischia e Capri. Talvez por isso o melhor mesmo seja ficar por cá este Verão.

terça-feira, junho 16, 2009

CLARIFICAÇÃO DE CONCEITOS

Em dia de prova de Português, verifica-se que não sendo pedido ao Vitalino Canas, ao António Vitorino ou ao António Costa que façam a adequada clarificação de conceitos em sede de Direito Constitucional, acaba-se por recorrer a sociólogos de ocasião que fazem uma grande confusão entre uma maioria parlamentar e uma maioria absoluta. Enfim, coisas que a minoria absoluta tece.

sexta-feira, junho 12, 2009

TRANSUMÂNCIA AUTÁRQUICA

Macário Correia, candidato do PSD à Câmara de Faro, de acordo com o Jornal Região Sul, anunciou a formação de uma coligação pré-eleitoral com o CDS/PP, com o MPT (Movimento Partido da Terra) e o PM (Partido Monárquico). Aqui pude também confirmar a notícia. Só se esqueceram de nela incluir José Vitorino. Ainda há dias eu falava de falta de memória, de coerência e de equilíbrio, e logo me surge esta "coligação" no horizonte. Eu já sabia que o PSD/Algarve era uma espécie de girândola. O problema é que às vezes funciona mais como detector de cheiros e aí vira-se para onde vem o cheiro, o que nem sempre coincide com o local de onde sopra o vento, em especial se não houver vento. Não foi preciso muito para nova confirmação deste comportamento sui generis. Basta olharmos um pouco para trás para verificarmos, por exemplo, que o PSD/Faro só permitiu a aprovação do Programa Polis nesta cidade in extremis, engolindo um sapo para não ficar com o odioso de ter permitido o desperdício de alguns milhões. Fê-lo numa altura em que Tavira e Loulé já haviam aprovado o Polis e depois de se opor à demolição de casas nas ilhas-barreira. Ou seja, exactamente o oposto daquilo que Macário Correia sempre defendeu. Segue-se, pois, o apoio a um candidato que sempre pregou a favor dessa demolição, sem que primeiro se esclarecesse o eleitorado sobre a posição que a Câmara de Faro irá defender sobre esta matéria, caso o PSD vença as eleições autárquicas. Normal. Como normal foi inundar a cidade de cartazes e painéis com a figura alaranjada do inchado candidato, logo no dia seguinte às eleições europeias, esquecendo-se que antes o próprio candidato anunciara uma campanha contida, com poucos meios e sem espectáculo. A coligação que se anuncia é o corolário da "estratégia" do PSD/Faro. O cheiro do poder, mesmo breve, é o único factor de unificação. Nesta matéria, o PSD/Faro, com a benção do seu soba regional, sem memória e sem coerência, é exemplar. A transumância autárquica anuncia a antecipação da silly season.

FORÇA, LAMY!

Mais um fim-de-semana em Le Mans, mais uma grande prova em perspectiva com 6 portugueses em pista. Para já a pole position ficou com a marca do leão. Uma magnífica volta de Stéphane Sarrazin, feita quase à meia-noite de ontem e não obstante o muito tráfego em pista, atirou o Audi R15 com o n.º 1 para a segunda posição. Mas é do carro que fez o 3º tempo e que vai sair da 2ª linha da grelha que os portugueses mais esperam. Amanhã, a partir das 7h30m, será o warm up. A partida é às 14h. Para acompanhar no Eurosport durante todo o dia e toda a noite.

BERARDO À PRESIDÊNCIA

Pois a mim parece-me que é altura de se acabar com a "desgraça". Que tal V. Ex.ª chegar-se à frente e encabeçar uma equipa para pôr as coisas na ordem? Não convém que se atrase e depois também será melhor não se chegar aos microfones. Contrate alguém que fale por si e verá como a coisa vai piar mais fino. Além de que não temos de ser dotados para tudo: basta arranjar as pessoas certas para os lugares certos. Não lhe parece?

terça-feira, junho 09, 2009

POLÍCIAS SEM BONÉ OU SEM NORTE?

O triste espectáculo que ontem um grupo de polícias deu à porta da residência oficial do prinmeiro-ministro até podia ter, e acredito que tivesse, as mais nobres motivações, apesar de ser difícil acreditar que estando em jogo subsídios, folgas e promoções isso tenha alguma nobreza. Dignidade certamente que terá numa perspectiva profissional e de discussão pública de questões que a todos, e não apenas aos polícias, dizem respeito. Ou deviam dizer. Mas a forma desvairada como alguns se comportaram para as câmaras, o atirar do insulto gratuito ao primeiro-ministro, insulto do teor daqueles que em simples discussões de trânsito já deram lugar a processos por parte de polícias queixosos, e o arremeso indiscriminado de bonés e chapéus, não contribuiu em nada para a dignificação da sua luta e a conquista da opinião pública. Ninguém gosta de ver polícias descontrolados aos berros e aos insultos tomando atitudes de crianças de escola. Foi demasiado mau para ser verdade.

UM CHICO-ESPERTO NÃO FARIA MELHOR

A antecipação de eleições para os órgãos sociais do Sport Lisboa e Benfica peca por tardia. Porém, se levarmos em conta as declarações mais recentes do presidente do SLB e os comunicados da SAD relativamente à permanência de Quique Flores, percebe-se a razão da antecipação. Em causa não está a preparação da nova época, porque uma direcção que vai tomar posse depois de 3 de Julho já tem de ter a época planeada, o plantel minimamente consolidado e as dispensas e contratações finalizadas ou, pelo menos, em fase muito avançada. Como alguns sócios disseram, o que está em causa é uma "golpada" visando a recandidatura de um homem que a si próprio se considera um gestor magnânimo mas que anda há cinco épocas a contratar treinadores por dois anos e depois despede-os no final do primeiro ano pagando avultadas indemnizações. Antes de ter convocado eleições, Luís Filipe Vieira devia ter começado por dizer aos sócios quanto já pagou em indemnizações a treinadores pelo seu despedimento prematuro, se a mudança de treinador todos os anos faz parte do plano de estabilidade para o Benfica e se ao fim destes anos todos ter apenas um jogador na selecção nacional é o remate do plano que o levou à presidência. Os benfiquistas reconhecem e agradecem-lhe o esforço que fez para a consolidação financeira do clube e a construção do novo estádio, mas não têm agora de ficar eternamente a pagar-lhe o "empenho". Era só o que nos faltava.

segunda-feira, junho 08, 2009

VENCEDORES E DERROTADOS DE 7 DE JUNHO

OS VENCEDORES:

1. Manuela Ferreira Leite, Paulo Rangel e o PSD: Conseguiram segurar o partido e levá-lo a um resultado eleitoral de excepção face às sondagens. Não responderam à letra aos dislates de Vital Moreira. Souberam ser pacientes, exploraram o descontentamento com conta, peso e medida e souberam centralizar o discurso, desvalorizando as intervenções pessimistas de alguns opositores internos. Foram os únicos que acreditaram e o eleitorado recompensou-os por isso.
2. Bloco de Esquerda: A agressividade discursiva continua a dar frutos em alturas de acentuada crise. O desacerto de algumas políticas socialistas, as intervenções infelizes de dois ou três ministros, a falta de resposta atempada aos problemas por parte do Governo, a forma como o grupo parlamentar do PS se tem comportado em questões decisivas para o interesse nacional (offshores, Europa, impostos, rendimentos do mercado de capitais, justiça, banca) e o modo como se lidou com Manuel Alegre e as críticas que vinham de dentro, deram-lhes a oportunidade de brilhar. Teve mérito indiscutível, mas contou com a ajuda da crise. No Algarve teve um resultado histórico. A crise instalou-se a Sul.
3. Paulo Portas e Nuno Melo: Contra ventos e marés seguraram o partido sozinho. No parlamento e fora dele mostraram serviço. Falam uma linguagem clara e directa, embora com laivos populistas e apoiada na ignorância de vastos sectores do eleitorado. O seu resultado vai moderar as expectativas do PSD para Outubro.
4. Manuel Alegre: Sem ir a votos, mostrou de que lado estava a razão dentro do partido. Manteve-se sereno e ontem quando foi ouvido pela comunicação social manteve a elevação não pedindo a cabeça do primeiro-ministro.

OS DERROTADOS:

1. José Sócrates e Vital Moreira: Ignoraram todos os sinais que vinham da sociedade, mantiveram um discurso para idiotas, convencidos de que a propaganda faria o resto. Esqueceram-se de que as pessoas têm sentimentos, pagam impostos e não suportam a teimosia arrogante. As declarações de ontem mostram que não querem entender o resultado. Insistem em fazer uma destrinça que o eleitorado não faz. Se o resultado não é um cartão rosa ao Governo é o quê? O resultado do mau desempenho dos parlamentares europeus do PS? Não sejamos ridículos.
2. Partido Socialista: Desconsiderou militantes, ostracizou os críticos, estalinizou-se. Os dirigentes continuam a falar sozinhos. A política de clã, o seguidismo militantemente acrítico e a aposta na infalibilidade dos dirigentes, trazida pelos ex-comunistas, foi agora posta a nu. A democracia e a renovação não se fazem com yes men, com as palmadinhas de Chávez ou o destrabelhamento discursivo de alguns ministros e dirigentes nacionais. Se depois do resultado de ontem tudo ficar na mesma até Outubro é sinal de que José Sócrates quer sair da política para descansar à sombra dos seus quatro anos de governação. Vara, Coelho e Gomes terão então o parceiro que lhes faltava para a sueca.
3. Jerónimo de Sousa e o PCP: Segurar o eleitorado pode parecer uma vitória. Mas quando se levou os últimos meses, oportunisticamente, à porta das fábricas e das escolas e a organizar manifestações contra o Governo, tentando comandar o descontentamento popular, para se acabar atrás do Bloco de Esquerda que há dez anos não tinha nem 2% dos votos, isso só pode ser visto como uma derrota. Se o PCP e os seus apêndices tivessem sido capazes de capitalizar as críticas ao Governo vindas dos sectores de esquerda descontentes com o PS poderia ter tido um resultado histórico. Como esses votos foram direitinhos para o Bloco de Esquerda, os dirigentes comunistas agora limitam-se a roer as unhas em silêncio e a fazer de conta que tiveram um grande resultado.
4. PSD Algarve: O PS perdeu no Algarve cerca de 30 mil votos, mas estes não foram para o PSD. É isto que os seus dirigentes não conseguem explicar quando proclamam vitória. E não conseguiram ganhar em Vila do Bispo, onde são poder, em Lagos e em Portimão.
5. PS Algarve: Miguel Freitas terá de rever estratégias. Perder 30 mil votos em quatro anos não é culpa do atraso na regionalização. A hecatombe nacional e a crise não explicam tudo.

sexta-feira, junho 05, 2009

CENÁRIOS PÓS-ELEITORAIS

Como amanhã é dia de reflexão este blogue também estará de pousio. Daí que, antes que outros o façam por mim e depois me acusem de plágio, quero aqui deixar as minhas perspectivas pós-eleitorais. O estado do país não permite imaginar muitos cenários. Com ou sem obras públicas, é certo e sabido que a crise está para continuar. Uma vitória do PS, ainda que tangencial, poderá constituir um novo fôlego para as autárquicas e as legislativas de Outubro, catapultando o PS para novas vitórias, sendo que as últimas sê-lo-ão sempre sem maioria absoluta. Mas ainda é possível dar a volta para se obter um resultado que não comprometa de vez as aspirações do partido. Bastará que o primeiro-ministro resolva acabar rapidamente com o filme em que tem apostado, se livre da tralha do socratismo e de alguns actores de série B que o têm exuberantemente acompanhado, e se decida a realizar uma curta-metragem de grande impacto. Eu recomendo uma coisa do género daquele filme português que ganhou este ano a Palma de Ouro em Cannes. Ou seja, terá de arranjar meia-dúzia de actores competentes, daqueles que só por si enchem a pantalha, um guião credível e um realizador à altura. Mesmo com meios limitados é possível fazer muito melhor. Não antevejo uma derrota do PS, em especial porque as pessoas já perceberam que uma vitória do PSD assumiria contornos de verdadeira catástrofe. Alguém imagina um parque aquático repleto de escorregas e de miudagem, sem guardas, com uma mãe que detesta confusões e que está permanentemente a mandá-los calar e a estarem quietos, enquanto os filhos (Rangel, Macário, Marques Mendes, Menezes, Passos Coelho, Morais Sarmento, Santana Lopes, Mendes Bota) não lhe ligam nenhuma, cada um a falar para o seu lado, a rirem-se, a comerem gelados, com todos a acotovelarem-se, batendo-se e discutindo para ver quem desce primeiro os escorregas, ao mesmo tempo que o filho mais velho (Rui Rio) diz que não é nada com ele e que não foi ele quem lhes comprou os bilhetes? Pois é, este é o cenário mais provável em caso de vitória do PSD no domingo. Arrepiante! Confesso que desta forma não me estou a ver chegar a Outubro inteiro. Por outro lado, qualquer que seja o vencedor no domingo, a irrelevância eleitoral da CDU manter-se-á. Não há votos de protesto úteis, embora por vezes, salvo o devido respeito, haja idiotas úteis. Já a influência do Bloco de Esquerda poderá vir a ser decisiva se o seu resultado eleitoral melhorar e se o partido conseguir meter mais um deputado em Bruxelas. Em tal hipótese, a possibilidade de haver um aumento de coligações pré-eleitorais disfarçadas nalgumas autarquias (PS/BE) não será de desdenhar. O Bloco também quer e gosta do poder. Quer para o PS quer para o Bloco é fundamental ganhar votos à CDU para chegarem aos próximos actos eleitorais com mais força. Um reforço da CDU não só não trará quaisquer benefícios para o país, aumentando a conflitualidade social e as lutas laborais, como reforçará nos portugueses a convicção de que este país não sairá da crise nos próximos anos. Para o CDS, apesar da boa campanha que tem feito, onde Nuno Melo é cada vez mais o homem na calha para substituir Portas em caso de débâcle, qualquer resultado que se traduza em menor número de votos - mesmo sem perder mandatos - será sempre um mau resultado. Como o CDS promete sempre mais do que aquilo que é capaz, ao contrário do que dizem os seus dirigentes e o partido sabe, o modelo Portas está esgotado. As perspectivas não são boas. A queda de Portas, a que se poderá seguir nova vitória interna, é só uma questão de meses. O partido não tem massa crítica, limita-se a seguir o líder e continuará a fazer o que este disser. Só os seus militantes poderão decidir se preferem manter um CDS/PP com Portas, com muito alarido e sem qualquer expressão eleitoral, ou se preferem um partido mais moderno, renovado, com outra gente e outro rumo. Quanto aos novos partidos/movimentos que se apresentam a estas eleições não faço qualquer previsão. Espantar-me-ia se algum deles elegesse um deputado. Mas na actual situação o desespero pode levar a tudo. Quem no meio disto tudo, depois de perder uma parte da poupanças e de se ver misturado nas confusões da SLN/BPN por causa de umas acções que já nem possui, será o Presidente da República. Só lhe restará pensar como irá desembrulhar-se deste atoleiro em que se meteu. Por mim, não deixarei de votar, mesmo contrariado. Domingo por esta hora já nos estaremos a preparar para saber alguma coisa de mais definitivo.

GOSTEI...

... de ouvir Miguel Portas, o Armani boy do Bloco de Esquerda, a explicar as razões para a sua equipa, em campanha eleitoral, ser obrigada a mudar o percurso previamente delineado para a Rua de Cedofeita (Porto). Dizia ele que como as comitivas dos outros partidos concorrentes se dirigiam para o mesmo local, não estava disposto a participar no "circo" (sic). Mas se não estava disposto a participar no circo, então para que raio levava ele na comitiva os bombos, os palhaços, os malabaristas, os ilusionistas e as majoretes do Bloco de Esquerda?

A IMPORTÂNCIA DO PORTUGAL-ALBÂNIA PARA AS EUROPEIAS

Lembraram-me há pouco que Portugal, leia-se a selecção portuguesa de futebol, joga amanhã com a Albânia. Nas palavras do seleccionador nacional é um jogo decisivo. Já Cristiano Ronaldo, a nossa prima donna mais conhecida depois da senhora D. Amália, afirmou com bastante lucidez que se não ganharmos na Albânia não merecemos ir à África do Sul. Confesso que partilho desta opinião. Para figuras tristes já bastaram as que o meu Benfica e Luís Filipe Vieira fizeram esta época. Dentro e fora de portas. O problema é que um resultado negativo não só nos atira para lá de Bagdad, em relação ao meridiano de Pretória e às odaliscas do presidente Madaíl, como pode levar a abstenção nas eleições europeias de domingo a resultados inimagináveis. Basta que os postes, as traves e o Ronaldo não colaborem com José Sócrates. Uma derrota na Albânia, na véspera das eleições, com um adversário tosco e sem currículo, que nos afaste do Mundial de futebol, só pode ter como consequência um aumento exponencial da desilusão nacional e, por essa via, da abstenção eleitoral. Aí, o tão propalado empate técnico virará vergonha nacional. Nenhum português se levantará no domingo de manhã para votar, ainda por cima com um tempo manhoso, depois de um empate ou de uma derrota pungente em Tirana. Vai estar tudo ressacado e preocupado a discutir o futuro... do Queirós e do Madaíl, obviamente. Até me admira como é que o PSD ainda não culpou o Governo, embora as eleições sejam marcadas pelo Presidente, para o descalabro que poderá acontecer. Não sei mesmo se algum dos nossos líderes já pensou nisto, mas se não quiserem que a abstenção bata todos os recordes possíveis e imaginários, talvez seja de mandar um recadinho aos foliões que partiram para a Albânia. Se eu fosse o primeiro-ministro pedia ao Laurentino Dias para lhes mandar a mensagem. Ele é o tipo certo para esta tarefa: tem a voz colocada, volume substancial e com dois berros dele aquela malta põe-se toda em sentido. Não convém é que tenha o José Lello por perto, senão ninguém o levará a sério e os miúdos vão logo perguntar se o major Valentim Loureiro é que vai pagar o prémio de jogo.

quinta-feira, junho 04, 2009

TRABALHAR PARA O BONECO

O Le Monde não é, nem nunca foi, um jornal de direita. Mais razão para nos espantarmos com que o hoje ali se escreveu. Não que não seja verdade, mas acima de tudo porque desfaz algumas ilusões. As campanhas internacionais do ministro Manuel Pinho e seus pares parece que só dão direito a medalhas em Loulé. Atribuídas pelos homens do PSD. A culpa não é das sondagens e estas coisas não ajudam. Seria bom que depois de 7 deJunho o PS e o seu líder se deixassem de diletâncias. Só confiança não chega. O António Vitorino que o diga.

A PARTIR DE HOJE

Continuo aqui, mas de quando em vez também irei andar por outra casa. Por uma casa com mais gente, mais debate e mais leitores. O Pedro Correia e o Delito de Opinião lembraram-se de mim. Fiquei sensibilizado e não podia fazer-lhes a desfeita.

20 ANOS DEPOIS

O manto de silêncio continua a cobrir tudo e todos. A revolta foi trocada pela inserção no sistema ou pelo exílio. Coincidência ou não, vinte anos depois de Tiananmen um ex-maoista apela ao voto democrático nas páginas do Público e este mesmo jornal recorda as eleições que na Polónia marcaram o fim do comunismo. Há 20 anos atrás, num hotel de Tóquio, sozinho, acompanhei os acontecimentos com ansiedade e emoção, enquanto do lado de fora um grupo de manifestantes apelava à desmilitarização da península coreana e se manifestava contra os Estados Unidos. As palavras de ordem não mudaram muito. O mundo também não está melhor. Está apenas mais comodista e mais silencioso.

quarta-feira, junho 03, 2009

AS EUROPEIAS E A RECONDUÇÃO DE BARROSO

O Le Monde pergunta hoje se a divisão na esquerda europeia será suficiente para reconduzir Durão Barroso à frente da Comissão Europeia. A pergunta é oportuna e reflecte a incomodidade provocada pelo texto publicado no blogue Coulisses de Bruxelles que pôs em relevo o facto de 8 antigos dirigentes socialistas europeus (Mário Soares, Felipe Gonzalez, Lionel Jospin, Paavo Lipponen, Aleksander Kwasniewski, Gerard Schröder, Constantino Simitis e o austríaco Franz Vranitzky) terem subscrito um manifesto contra a reeleição de Barroso, colocando em xeque o apoio, prematuro na minha opinião, de Zapatero e José Sócrates à reeleição do nosso compatriota. Jean Quatremer enfatiza aliás, o desconchavo que é apoiar "sem vergonha" um candidato que mostrou sobejamente o seu apego à desregulamentação do mercado. É certo, como ali se sublinha, que Tony Blair não subscreveu esse manifesto, tanto mais que Barroso foi "invenção" sua. Mas nesta altura, pensando na Cimeira dos Açores, no Iraque, em Gordon Brown e nos sucessivos escândalos que abalam a democracia de Sua Majestade, será que ainda alguém está preocupado com o que Blair pode pensar? Neste momento temos 21 governos conservadores na Europa, não sendo neste momento seguro que o panorama se mantenha após 7 de Junho. De qualquer modo, parece-me já ser tarde para o PS se demarcar da posição de José Sócrates. E não será a catilinária eleitoral que o fará mudar de campo. Mas lá que é incómodo, lá isso é.

P.S. A penúria em que o PSD vive é tão grande que embora este partido pretenda reconduzir Barroso e explorar a óbvia divergência entre os discursos de José Sócrates e Vital Moreira, foi incapaz de dirigir ao cabeça de lista do PS a única pergunta cuja resposta poderia influenciar o eleitorado: É mais vantajoso para Portugal apoiar para próximo presidente da Comissão, como quer Vital Moreira, um candidato não-português saído da esquerda europeia, ou será melhor apoiar um português do campo liberal que, por acaso, é neste momento o presidente da Comissão Europeia? Não há milagres.

EXEMPLOS QUE VÊM DE CIMA

Fiquei hoje a saber pela imprensa estrangeira que Sofia, Rainha de Espanha, viajou na Ryanair num voo entre Madrid e Santander pela módica quatia de 13 libras esterlinas. Enquanto entre nós temos administradores de empresas públicas e banqueiros que embora manifestamente incompetentes exigem mordomias de estadão, aqui bem ao lado é-nos dado um exemplo de simplicidade e grandeza. Apesar de estarmos a travessar tempos de crise, acredito que não foi por avareza ou falta de meios que a soberana não viajou de Falcon ou na 1ª classe da Ibéria. Num país em que o estatuto é conferido pelo Mercedes e pelo BMW (comprados a crédito e pagos a prestações ao longo de anos), pelo cartão de crédito na marisqueira ou pela gravata berrante, é bom saber que de Espanha, ainda que haja quem pense que não vem bom vento nem bom casamento, sempre vão chegando bons exemplos.

terça-feira, junho 02, 2009

PROVEDOR

Parece que é amanhã que Nascimento Rodrigues porá termo à baixa definitivamente. Este imbróglio podia ao menos ter servido para pôr as meninges dos nossos deputados a funcionarem. Não sei como vão desta vez resolver o problema, mas eu sei como o resolveria para o futuro: anúncio da Assembleia da República a publicitar o concurso até 90 dias antes do termo do mandato daquele que estiver em exercício, apresentação de candidaturas nos 15 dias seguintes, selecção de três nomes pelo parlamento e envio destes ao Presidente da República para que proceda à escolha e marque a data da posse. Mais coisa menos coisa, e estava o assunto resolvido.

CADA VEZ MAIS PARECIDO

Com o Fernando. Na tristeza e no sonho. Mas também na pobreza e nos vícios. Mas há alturas em que o Alberto é que diz bem: "Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora; E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse, Que nunca é o que se vê quando se abre a janela".