segunda-feira, junho 08, 2009

VENCEDORES E DERROTADOS DE 7 DE JUNHO

OS VENCEDORES:

1. Manuela Ferreira Leite, Paulo Rangel e o PSD: Conseguiram segurar o partido e levá-lo a um resultado eleitoral de excepção face às sondagens. Não responderam à letra aos dislates de Vital Moreira. Souberam ser pacientes, exploraram o descontentamento com conta, peso e medida e souberam centralizar o discurso, desvalorizando as intervenções pessimistas de alguns opositores internos. Foram os únicos que acreditaram e o eleitorado recompensou-os por isso.
2. Bloco de Esquerda: A agressividade discursiva continua a dar frutos em alturas de acentuada crise. O desacerto de algumas políticas socialistas, as intervenções infelizes de dois ou três ministros, a falta de resposta atempada aos problemas por parte do Governo, a forma como o grupo parlamentar do PS se tem comportado em questões decisivas para o interesse nacional (offshores, Europa, impostos, rendimentos do mercado de capitais, justiça, banca) e o modo como se lidou com Manuel Alegre e as críticas que vinham de dentro, deram-lhes a oportunidade de brilhar. Teve mérito indiscutível, mas contou com a ajuda da crise. No Algarve teve um resultado histórico. A crise instalou-se a Sul.
3. Paulo Portas e Nuno Melo: Contra ventos e marés seguraram o partido sozinho. No parlamento e fora dele mostraram serviço. Falam uma linguagem clara e directa, embora com laivos populistas e apoiada na ignorância de vastos sectores do eleitorado. O seu resultado vai moderar as expectativas do PSD para Outubro.
4. Manuel Alegre: Sem ir a votos, mostrou de que lado estava a razão dentro do partido. Manteve-se sereno e ontem quando foi ouvido pela comunicação social manteve a elevação não pedindo a cabeça do primeiro-ministro.

OS DERROTADOS:

1. José Sócrates e Vital Moreira: Ignoraram todos os sinais que vinham da sociedade, mantiveram um discurso para idiotas, convencidos de que a propaganda faria o resto. Esqueceram-se de que as pessoas têm sentimentos, pagam impostos e não suportam a teimosia arrogante. As declarações de ontem mostram que não querem entender o resultado. Insistem em fazer uma destrinça que o eleitorado não faz. Se o resultado não é um cartão rosa ao Governo é o quê? O resultado do mau desempenho dos parlamentares europeus do PS? Não sejamos ridículos.
2. Partido Socialista: Desconsiderou militantes, ostracizou os críticos, estalinizou-se. Os dirigentes continuam a falar sozinhos. A política de clã, o seguidismo militantemente acrítico e a aposta na infalibilidade dos dirigentes, trazida pelos ex-comunistas, foi agora posta a nu. A democracia e a renovação não se fazem com yes men, com as palmadinhas de Chávez ou o destrabelhamento discursivo de alguns ministros e dirigentes nacionais. Se depois do resultado de ontem tudo ficar na mesma até Outubro é sinal de que José Sócrates quer sair da política para descansar à sombra dos seus quatro anos de governação. Vara, Coelho e Gomes terão então o parceiro que lhes faltava para a sueca.
3. Jerónimo de Sousa e o PCP: Segurar o eleitorado pode parecer uma vitória. Mas quando se levou os últimos meses, oportunisticamente, à porta das fábricas e das escolas e a organizar manifestações contra o Governo, tentando comandar o descontentamento popular, para se acabar atrás do Bloco de Esquerda que há dez anos não tinha nem 2% dos votos, isso só pode ser visto como uma derrota. Se o PCP e os seus apêndices tivessem sido capazes de capitalizar as críticas ao Governo vindas dos sectores de esquerda descontentes com o PS poderia ter tido um resultado histórico. Como esses votos foram direitinhos para o Bloco de Esquerda, os dirigentes comunistas agora limitam-se a roer as unhas em silêncio e a fazer de conta que tiveram um grande resultado.
4. PSD Algarve: O PS perdeu no Algarve cerca de 30 mil votos, mas estes não foram para o PSD. É isto que os seus dirigentes não conseguem explicar quando proclamam vitória. E não conseguiram ganhar em Vila do Bispo, onde são poder, em Lagos e em Portimão.
5. PS Algarve: Miguel Freitas terá de rever estratégias. Perder 30 mil votos em quatro anos não é culpa do atraso na regionalização. A hecatombe nacional e a crise não explicam tudo.