quarta-feira, junho 03, 2009

AS EUROPEIAS E A RECONDUÇÃO DE BARROSO

O Le Monde pergunta hoje se a divisão na esquerda europeia será suficiente para reconduzir Durão Barroso à frente da Comissão Europeia. A pergunta é oportuna e reflecte a incomodidade provocada pelo texto publicado no blogue Coulisses de Bruxelles que pôs em relevo o facto de 8 antigos dirigentes socialistas europeus (Mário Soares, Felipe Gonzalez, Lionel Jospin, Paavo Lipponen, Aleksander Kwasniewski, Gerard Schröder, Constantino Simitis e o austríaco Franz Vranitzky) terem subscrito um manifesto contra a reeleição de Barroso, colocando em xeque o apoio, prematuro na minha opinião, de Zapatero e José Sócrates à reeleição do nosso compatriota. Jean Quatremer enfatiza aliás, o desconchavo que é apoiar "sem vergonha" um candidato que mostrou sobejamente o seu apego à desregulamentação do mercado. É certo, como ali se sublinha, que Tony Blair não subscreveu esse manifesto, tanto mais que Barroso foi "invenção" sua. Mas nesta altura, pensando na Cimeira dos Açores, no Iraque, em Gordon Brown e nos sucessivos escândalos que abalam a democracia de Sua Majestade, será que ainda alguém está preocupado com o que Blair pode pensar? Neste momento temos 21 governos conservadores na Europa, não sendo neste momento seguro que o panorama se mantenha após 7 de Junho. De qualquer modo, parece-me já ser tarde para o PS se demarcar da posição de José Sócrates. E não será a catilinária eleitoral que o fará mudar de campo. Mas lá que é incómodo, lá isso é.

P.S. A penúria em que o PSD vive é tão grande que embora este partido pretenda reconduzir Barroso e explorar a óbvia divergência entre os discursos de José Sócrates e Vital Moreira, foi incapaz de dirigir ao cabeça de lista do PS a única pergunta cuja resposta poderia influenciar o eleitorado: É mais vantajoso para Portugal apoiar para próximo presidente da Comissão, como quer Vital Moreira, um candidato não-português saído da esquerda europeia, ou será melhor apoiar um português do campo liberal que, por acaso, é neste momento o presidente da Comissão Europeia? Não há milagres.