domingo, fevereiro 28, 2010
FUERZA, CHILE
CINCO PERGUNTAS APENAS
CONTINUA A CRISE
P.S. O que está hoje a acontecer só reforça o que aqui escrevi.
DIA DE ANIVERSÁRIO
segunda-feira, fevereiro 22, 2010
BOA FÉ
MEMÓRIA CURTA
Ainda não foi eleito líder do partido e aos poucos vão-se sabendo as verdades que queria esconder. Porquê? Será que sente vergonha do facto de ter sido militante do CDS/PP durante cerca de 3 anos? Que diabo, não foi propriamente uma inscrição feita na adolescência, quando a barba começava a despontar, mas uma opção numa idade em que já era presumível alguma maturidade. A não ser que Rangel considere que aos 28 anos ainda não tinha acordado para a política.
Depois de ter enganado os eleitores e ter criticado outros candidatos, dizendo que estaria de pedra e cal em Bruxelas; depois de há 3 meses ter reafirmado que queria ficar em Bruxelas e de assegurar a todos que estava empenhado nesse projecto; depois de muito ter criticado o primeiro-ministro e de lhe ter apontado falhas de carácter; depois de ter dito que não se recordava se tinha chegado a estar inscrito no CDS, eis mais dois factos que abonam muito pouco o carácter (já que é este um dos pontos essenciais em que ele quer fazer assentar as diferenças em relação a José Sócrates) do candidato a líder do PSD.
Paulo Rangel não só esteve inscrito no CDS/PP como depois formalizou a sua renúncia e reafirmou essa decisão em 2002. Como é possível que se tenha esquecido disto?
Eu já tinha percebido que o estilo cantinfleiro por ele cultivado não augurava nada de bom. Quem ainda não tinha certezas pode começar a tê-las. Rangel é apenas mais um disposto a tudo para chegar onde sonha, nem que para isso tenha que mentir e enganar os portugueses.
Quem mente por tão pouco, que por tão pouco procura esconder a verdade dos factos, até onde poderá chegar?
Pacheco Pereira, que tanto tem atacado o carácter de José Sócrates, poderá sair a terreiro para justificar estas "falhas de carácter" de Paulo Rangel, poderá vir desvalorizá-las. Mas os militantes do PSD que dentro de dias escolherão um novo líder não poderão depois vir dizer que não foram avisados. Pela boca morre o peixe.
[também no Delito de Opinião]
sexta-feira, fevereiro 19, 2010
QUE NINGUÉM FALTE À CHAMADA
É ESTRANHO?
quarta-feira, fevereiro 17, 2010
PARA PRESIDENTE NÃO ESTÁ MAL...
segunda-feira, fevereiro 15, 2010
DISPONIBILIDADE
domingo, fevereiro 14, 2010
PASSAR PELO DELITO
SEM COMENTÁRIOS
"Nada, jamais, me fará deixar de lado o nojo que me causa a revelação destas 'verdade' arrancadas à custa da divulgação de conversas telefónicas ou presenciais privadas, do atropelo sem vergonha do segredo de justiça";
"Já faltou mais para que, qualquer dia, tenhamos os dirigentes sindicais dos magistrados a ditarem sentenças que devem ser aplicadas";
"E, preto no branco: no lugar do director do 'JN', José Leite Pereira, eu também não teria consentido a publicação da crónica de Mário Crespo. Porque não aceito como regra deontológica do jornalismo, a publicação de notícias fundadas numa fonte anónima que escutou conversas privadas, mesmo em local público. E porque também não o aceito como regra de educação. Nunca o fiz e nunca o farei - e também o poderia fazer abunddantemente. E sinto asco quando vejo o director do 'Sol' vir agora revelar o suposto teor de uma conversa com Sócrates, num almoço em que foi como convidado a S. Bento e onde o PM lhe teria feito confidências gravíssimas. Com gente desta não quero almoçar. (Não deixo, aliás, de achar extraordinário que o mesmo 'Sol' ande aí a gritar aos quatro ventos que o Governo português quis comprar a sua liberdade, aproveitando as dificuldades financeiras do jornal, quando, tanto quanto sei, eles se abriram, directa ou indirectamente, aos dinheiros do mais corrupto Governo do planeta)".
Miguel Sousa Tavares, no Expresso de 13 de Fevereiro de 2010, "Oito passos em direcção ao fim".
ANTÁRCTIDA 2010
sexta-feira, fevereiro 12, 2010
COM QUE ENTÃO O CARÁCTER?
(graças ao Blasfémias)
Para quem tanto criticou o carácter dos outros, o excesso de protagonismo, o populismo, o arraial, não deixa de ser curioso vê-lo agora a apelar à desistência de Aguiar-Branco. Rangel quebrou uma promessa eleitoral três meses depois de ter garantido a Judite de Sousa, peremptoriamente, que não seria candidato e que estava interessado em cumprir o contrato que celebrara com os eleitores por ocasião das eleições europeias. Fê-lo depois de uma espaventosa declaração em Bruxelas, para inglês ver, com a qual não se importou de denegrir, miseravelmente, a imagem internacional de Portugal, colocando-a ao nível do Burundi, para dois dias depois, em plena discussão do Orçamento de Estado na Assembleia da República, vir anunciar a sua candidatura à liderança do PSD, única forma para tentar tirar o tapete a Aguiar-Branco, de quem foi secretário de Estado e que há muito preparava a sua própria candidatura. Se estes são os métodos que JPP aprova, percebe-se hoje melhor a energia com que criticava o carácter dos outros. Mentiroso? Não, apenas mais um chico-esperto.
MAIS UMA D' IL CAVALIERI
LIBERDADE DE IMPRENSA
LOGO VI...
NÃO HÁ NADA COMO A LIBERDADE DE IMPRENSA
quinta-feira, fevereiro 11, 2010
ATÉ QUE ENFIM
segunda-feira, fevereiro 08, 2010
AGORA PERCEBEMOS MELHOR
LIDERAR PELO EXEMPLO
A utilização que tem sido feita do aparelho de Estado, das maiores e melhores empresas do país e dos partidos para a promoção de interesses privados, vaidades pessoais e distribuição de caramelos, não pode ser dissociada de tudo o que está a acontecer.
A transcrição das escutas à revelia do poder judicial, o relato escabroso de conversas privadas, a manipulação e utilização da comunicação social como meio para se atingir fins que de outra forma dificilmente seriam alcançados, não são nada de novo neste país e não começaram com nem por causa do actual primeiro-ministro.
A descredibilização do poder político é, também ela, indissociável do abastardamento da função legislativa, de um nepotismo disfarçado que invadiu todos as sectores da nossa vida pública, do recrutamento político ao empresarial, que tomou conta de vastas áreas da actividade bancária e que só não minou de vez a credibilização e o prestígio das Forças Armadas porque esta instituição, com todos os seus defeitos e apesar do conúbio de algumas das suas elites com as negociatas privadas, soube manter-se de certa forma impermeável ao que em seu redor ia acontecendo.
O que hoje acontece em Portugal não é diferente do que aconteceu, numa escala mais reduzida, na Macau dos anos oitenta e noventa do século passado. A interferência do poder político na comunicação social sempre foi uma constante. A aquisição e venda de jornais, a detenção de jornais por membros da classe política afecta ao poder, a instrumentalização da rádio e das televisões, o silenciamento dos opositores ou das simples vozes discordantes, sempre foram normais. Ainda esta semana José Pedro Castanheira o recordava nas páginas da Revista Única. Nomes como os de Fernando Lima ou Afonso Camões fizeram parte desse universo logístico de que o poder se serviu para fazer passar a sua mensagem. Por vezes sem qualquer suor, mas com muito sangue e algumas lágrimas.
E o que se passou na comunicação social, que inclusivamente envolveu a instrumentalização e contratação de jornalistas e a realização de vultuosos investimentos, sob a forma disfarçada de publicidade e de cadernos promocionais em jornais nacionais fora do território, bem como o financiamento da produção de programas televisivos, aconteceu também com empresas públicas, participadas e nalgumas privadas.
Muitos do que hoje falam contra o controlo da comunicação social em Portugal foram então instrumentos do poder político em Macau e mantiveram-se silenciosos quando a Amnistia Internacional chamava a atenção para o que se estava a passar.
Como tudo o que é ruim, essa mesma gente, e outra do mesmo jaez, tendo conquistado posições de poder e influência, metastizou-se em Portugal, penetrou a sua sociedade civil, tomou conta dos partidos e das instituições, apoderou-se do aparelho do Estado, e nele vão medrando independentemente de quem transitoriamente está no poder.
Falar alto em restaurantes não é pior do que ter o telemóvel a tocar nesse mesmo restaurante, em cerimónias públicas ou no cinema, e nesses locais atendê-lo permitindo que o vizinho do lado ouça o que se está a dizer, incomodando tudo e todos com tais modos e displicência.
Quando se olha para as notícias e se recorda, por exemplo, as agressões de um jogador de futebol a um seleccionador nacional, ou as agressões destes, verbais e físicas, a jogadores, jornalistas e até simples comentadores televisivos e a forma como depois a hierarquia reage, desculpando, ignorando, tolerando e protegendo, não há que estranhar a publicação de escutas, o arquivamento de processos, o ror de anos que demora a instrução de alguns até atingir a prescrição ou que haja membros da magistratura ou das forças armadas metidos nos negócios da bola, da comunicação social ou na aquisição de equipamentos. O "comissionismo" e a cobrança de favores são desde há muitos anos as actividades mais rentáveis deste país, e com profissionais em todas as áreas da nossa vida pública.
Por tudo isto é que quando há dias vi o último filme de Clint Eastwood, dei comigo a pensar no quão fácil seria mudar este país. Portugal não tem um Nelson Mandela, não tem um François Pineaar, e muito embora tenhamos os Lobos e Tomás Morais, a nossa tradição na oval não nos permite sonhar que eles tenham a capacidade aglutinadora dos Springboks, por muito grande que fosse a sua vontade.
Clint Eastwood, que não perde uma oportunidade para nos continuar a dar com a mestria só ao alcance dos génios verdadeiras lições de vida, voltou com Invictus a colocar o dedo na ferida.
A única liderança capaz de se afirmar e de poder levar um povo a lutar contra a adversidade, a contrariá-la, a rasgar novos caminhos contra a razão que outros quiseram dar ao seu próprio destino, forçando-o, como cantava o poeta, em cada esquina, em cada cruzamento, é aquela que se impõe por si, a que se impõe pelo exemplo, pelo trabalho, pela coragem, pela perseverança, mas também pela sua liberdade, independência, espírito crítico e capacidade de introspecção. É verdade aqui como é verdade em Carmel, em Itália, em França ou noutro lugar qualquer.
Enquanto não tivermos a humildade de reconhecermos isto, de nos convencermos, e aos que nos rodeiam, que não existe outro caminho; enquanto não tivermos elites que assim pensem e gente a comandar os destinos das instituições deste país com esse espírito, não servirá de nada andarmos para aqui a escrever, votarmos de quatro em quatro anos ou desfilarmos pela Avenida da Liberdade em defesa da liberdade de expressão e pelo direito à livre opinião. Porque os que hoje clamam por esses inalienáveis direitos, tirando os bem intencionados que sempre aparecem nestas ocasiões, são os mesmos que ontem silenciaram e ignoraram quando os mandaram como correspondentes para Nova York ou Bruxelas ou lhes deram um contrato em Macau; são os mesmos que confundem tolerância com subserviência; são os que hoje bajulam para amanhã recriminarem quando lhes tirarem o prato de lentilhas. Não sejamos hipócritas: Crespo, Moniz ou Moura Guedes não são melhores do que o José Saramago que foi director do DN ou do que o Fernando Lima que foi director do Centro de Informação e Turismo do Governo de Macau, chefe de gabinete de Martins da Cruz, director do mesmo DN ou é assessor político do Presidente da República. Da mesma maneira que o Carlos Queirós que em Moçambique apoiou a Frelimo e criticou os que fugiam ao regime no tempo de Samora Machel não é melhor do que o Scolari que agredia jogadores ou daquele outro que ainda agora ofendeu um comentador televisivo em pleno espaço público e à vista de todos para depois se desculpar dizendo que tudo não passou de uns empurrões, aparentemente "normais" porque o agredido era seu conhecido há mais de vinte anos.
Em causa não está uma qualquer cultura de tolerância. Nem a democracia ou a liberdade é posta em risco porque meia dúzia de atabalhoados, cretinos e almas servis a isso se predispõem.
Em causa continua a estar, como sempre esteve, o haver gente capaz de liderar pelo exemplo, o de haver gente capaz de dizer "sou senhor do meu destino, capitão da minha alma", sem para isso ter de descer a Avenida da Liberdade, ir para a rua defender o República ou a Rádio Renascença, assinar manifestos, dar palmadinhas nas costas do primeiro que lhe aparece ou ter de se esforçar para ser entrevistado durante o primetime teelvisivo para se poder afirmar entre os seus. E de haver dentro dos partidos quem esteja disponível a ser escolhido pelo exemplo, não iludindo o passado ou as fraquezas; e quem esteja disposto a escolher pelo exemplo. E não pela manjedoura ou pelo clã.
As coisas são bem mais simples e muito menos maquiavélicas do que aquilo que possam parecer.
sexta-feira, fevereiro 05, 2010
A AVENTURA COMEÇOU
PASSA POR AQUI
NEM MAIS
CRISE? QUAL CRISE?
O actual clima de guerrilha já era previsível em Setembro, em especial a partir do momento em que se tornou irreversível a vitória eleitoral do PS, contra tudo aquilo que em que PSD, CDS, BE e PCP tinham apostado.
Mesmo com um José Sócrates acossado, mesmo com um PS fragilizado, aqueles que apostaram em derrubar o primeiro-ministro por via das urnas e falharam, clamaram depois vitória por lhe terem retirado a maioria absoluta.
Os resultados dessa "vitória" começaram rapidamente a dar sinais, tendo atingido o seu ponto mais alto com a reunião do Conselho de Estado da passada quarta-feira.
A negociação do orçamento, o acordo precário a que se chegou, com a sua viabilização negociada e contrariada por parte do PSD e do CDS/PP, foi apenas o motivo para esses mesmo partidos darem uma no cravo e outra na ferradura. Não valia a pena afrontar o Presidente da República depois do que ele tinha dito.
Os episódios marginais, como a pindérica novela com Mário Crespo ou a divulgação das escutas do processo Face Oculta, mais não serviram do que para apimentarem o debate. Não passam disso mesmo, de episódios que fazem parte de uma luta política que à esquerda e à direita ignora, com cada vez mais frequência e total ausência de razão, a carga negativa do discurso que vai para o ar, o seu baixíssimo nível e a indecência argumentativa de alguns dirigentes.
De toda esta marginalidade mediática, onde campeia a euforia e a contra-informação, e que nada acrescenta à estética ou á ética, ressalta uma constatação: a de que está em curso um processo de regionalização fraudulento.
O bloco parlamentar que contra natura e que contra tudo o que era recomendável nas actuais circunstâncias políticas e económicas quer impor aos portugueses, neste momento de particular gravidade, de "pântano", como diz o deputado Guilherme Silva, a alteração da Lei das Finanças Regionais, não o faz apenas para satisfazer as clientelas madeirenses do Sr. Jardim e assim enfraquecer o todo nacional, criando dificuldades acrescidas ao país e aos portugueses, remetendo-nos para um buraco lodoso ao lado da laxista Grécia. Fá-lo no âmbito de uma estratégia há muito prosseguida pelo líder madeirense de conseguir por meios ínvios aquilo que os votos regionais sozinhos não conseguem.
Há muito que a Madeira de Alberto João Jardim deixou de se comportar com uma região autónoma à luz da Constituição da República. Duvido mesmo que alguma vez como tal se tenha comportado. E se por momentos no passado deu a entender que ainda fazia parte do todo nacional, fê-lo por razões de conjuntura. As mesmas razões que hoje únem a oposição parlamentar em torno da alteração à Lei das Finanças Regionais.
Eu até posso aceitar que a última alteração não foi a mais adequada e que importaria corrigir o que ficou menos bem. Mas o problema é que a alteração hoje pretendida não resolve nada. E o momento é demasiado crítico para jogos florais. Não são mais 50, 80 ou 400 milhões que resolvem o despesismo madeirense ou saciam a gula do Sr. Jardim. A alteração à lei é tão-só um pretexto para o agudizar da crise, para enfraquecer o governo e precipitar novas eleições. É essa lei como poderia ser outra qualquer porque para o caso qualquer coisa serve.
No momento em que importava unir o país para fazer frente às dificuldades que temos de enfrentar, corrigir o rumo, controlar o défice das contas públicas e tentar minorar o problema do desemprego, canalizando verbas para onde elas podem ser úteis, há quem insista em divertir a populaça, promovendo a existência de um estado regional fraudulento. Fraudulento porque criado à margem dos mecanismos legislativos que prevêem o processo de regionalização, feito à revelia dos portugueses e das populações que nas diversas regiões do território continental também gostariam de ter a sua própria região, usando para tal a Lei das Finanças Regionais. Alberto João Jardim conseguiu criar com a sua gente uma verdadeira "Região" dentro do Estado unitário, contando com a conivência das sucessivas direcções nacionais do PSD que não se importaram de ser regularmente enxovalhadas para poderem contar com os seus votos.
Não admira, por isso mesmo, que à saída da reunião do Conselho de Estado, ante a perspectiva de não conseguir abrir os cordões à bolsa, o Sr. Jardim se tivesse virado para os jornalistas que estavam em Belém e lhes tivesse desejado um bom Carnaval.
O Carnaval é a única preocupação de Alberto João Jardim. A única coisa que o põe fora de si. É que ele sabe que mesmo com o Bloco de Esquerda e o PCP a apoiarem o seu amigo Guilherme Silva, com o Mário Crespo aos berros, com Pacheco Pereira irado, com Passos Coelho a publicar livros, com Manuela Moura Guedes constituída assistente em todos os processos e mais alguns ou com as escutas a Vara escarrapachadas nos jornais, daí nunca virá dinheiro algum. E sem dinheiro não haverá Carnaval. Para haver Carnaval era preciso haver música, máscaras e bailarinas. E alguém teria de pagá-las.
Jardim sabe isso. A Dr.ª Manuela Ferreira Leite, como é normal, não percebe. E Paulo Portas é cínico.