"Estranha, esta angústia do presente, do futuro.
Estranha, a imobilidade em que me perco, como se tivesse milhões de horas para esbanjar.
Estranho o medo que me prende.
Estranha, a inconsciência com que governo o dia-a-dia (a vida, essa, é ingovernável...).
Não sou o primeiro que deseja o repouso do não-ser, gasto pelos amanhãs que não vêm - ou temendo-os - pernas e maõs bloqueadas, cérebro vazio, nauseado, sem saber.
Amanhã!
E amanhã será como hoje, como ontem, como sempre, insatisfeito, triste, longe, mas enraizado naquela terra donde vim."
"Acordou com a luz quente do Sol, que durante o Verão, a meio da manhã, entrava quase sempre pelas nesgas entre as lousas mal sobrepostas no telhado. O pano de linho que cobria a enxerga estava manchado de sangue, e o cheiro doce da seiva das dedaleiras e das dulcamaras enchia a casa. Tinha finalmente chegado o que esperava havia então mais de dois anos: a hora da mandrágora."
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