"Mas a questão da prevalência das lealdades partidárias às competências exigidas para o desempenho dos respectivos cargos não se fica pelo exemplo atrás referido [Tribunal Constitucional].
Com efeito, o facto do Governo ter criado uma comissão, dita independente, encarregada do processo de recrutamento de dirigentes da função pública, está a confessar publicamente que os membros do Governo são incapazes de resistir à pressão das forças partidárias e assim assegurar a isenção na escolha dos responsáveis máximos pelas instituições públicas.
Esta confissão, se por um lado nos tranquiliza por indiciar uma intenção meritória, por outro preocupa-nos.
Com efeito, esta decisão demonstra como as instituições que, pela sua vocação, têm a seu cargo a defesa do interesse nacional e, nessa medida, devem ser competentes e eficientes na gestão de recursos, podem estar capturadas pelas máquinas cujas clientelas estão, em muito casos, empenhadas em defender interesses que nada têm a ver com o colectivo." - Manuela Ferreira Leite, Expresso, 28/04/2012
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