sexta-feira, abril 27, 2012

De luva branca

Nunca tive particular atracção pela figura, nem apreciei o seu estilo enquanto Presidente da República. Menos ainda o seu patrocínio à aventura semi-péronista do PRD. Porém, nunca deixei de lhe estar reconhecido, como todos os portugueses de boa índole deveriam estar, pelo papel que desempenhou no 25 de Novembro de 1975.
Com o decurso dos anos, em especial dos mais recentes, creio que o comecei a ver com outros olhos, a compreendê-lo melhor, e a perceber algumas das atitudes e decisões que tomou no passado.
Não sendo particularmente simpático aos olhos da opinião pública, manteve sempre um comportamento acima de qualquer suspeita, como militar e como cidadão, coisa que de alguns dos seus pares não poderei dizer.
A entrevista, magnífica, diga-se de passagem, que foi exibida no dia 25 de Abril, voltou a surpreender-me positivamente. E embora possa manter a discordância quanto a algumas das interpretações que faz, não deixei de registar o momento em que referiu que nunca lhe passaria pela cabeça receber outro ordenado enquanto Presidente da República que não o da função exercida. Menos ainda, e isso ele não o disse, lhe passaria certamente pela cabeça receber outro ordenado - mais elevado - e ainda acumular com as ajudas de custo da função cujo ordenado recusara. Mesmo que não tivesse dito mais nada, só por isso, teria valido a pena ouvi-lo.
Um homem que sabe dar-se ao respeito tem outra dimensão. E autoridade. Ainda quando se discorda dele.      

Sem comentários:

Enviar um comentário