Pelo menos há trinta e sete anos que a RTP passa regularmente programas sobre o 25 de Abril. Durante décadas vimos filmes, entrevistas, reportagens. A revolução entrou nas escolas, tornou-se tema de estudo e de reflexão. Foram investidos milhões a dar a conhecer o 25 de Abril às novas gerações. E, que diabo, o 25 de Abril não ocorreu há séculos. Pois bem, ontem, uma simples reportagem televisiva atirou por terra todo esse trabalho que, certamente, terá contribuído para justificar muitos dos défices de exploração da televisão pública em anos recentes. A geração "mais bem preparada de sempre" também chegou ao parlamento e foi penoso, deprimente, confirmar o seu baixo nível e grau de ignorância.
Não saber quem foi o último Presidente do Conselho deposto em 25 de Abril de 1974, dizer que Vasco Lourenço foi primeiro-ministro, ou que Vasco Gonçalves é que foi o primeiro primeiro-ministro após a revolução, enfim, são falhas que eu até poderia compreender se estivéssemos a falar de gente da rua, de desempregados sem estudos, de pessoas sem qualificações.
Agora se os entrevistados são deputados na presente legislatura, licenciados em "relações internacionais e ciência política" mas nem sequer conhecem um mínimo da história que fez deles deputados, permitindo-se dizer as alarvidades que essa reportagem demonstrou, é sinal de que, de facto, só se andou a perder tempo e a gastar dinheiro e que os partidos também não cumprem a sua função formativa. Nada de novo, portanto.
O que lhes foi perguntado é cultura geral, não tem nada de extraordinário, mais a mais sendo eles deputados. Sugiro por isso à senhora presidente da Assembleia da República que no próximo ano organize umas sessões de esclarecimento e formação para os deputados sobre o 25 de Abril e lhes distribua umas brochuras - de preferência coloridas e com pouco para ler para eles não gastarem os neurónios nessa actividade que não rende votos nem senhas de presença - antes destas datas que o país celebra, para que dessa forma os senhores deputados - com a honrosa excepção de um deputado do CDS/PP - não exibam de forma tão despreocupada a sua falta de conhecimentos.
Quando aqui há uns tempos foi realizada uma reportagem de idêntico teor junto dos nossos jovens universitários, não faltou quem bradasse aos céus porque isso não era representativo da nossa juventude. Pois não, não era. Mas esta reportagem da TVI, porque de deputados e militantes partidários com responsabilidades estamos a falar, é bem demonstrativa não só do que eles não sabem, e deviam saber, como da falência do sistema de ensino e do (de)mérito do recrutamento feito pelos partidos. Se esses são os melhores, os que chegaram ao parlamento, imaginem agora o nível de alguns que nunca lá chegarão e que mandam nos partidos a nível local e nas autarquias.
Quem tem razão é Miguel Relvas. Fechem a RTP, fechem o serviço público de televisão que andou durante anos a gastar milhões na preservação da nossa memória histórica. Se nem mesmo os nossos deputados viram esses programas da RTP, que lhes facilitariam a vida e não lhes roubaria tempo de leitura e reflexão à actividade política, conseguiram aproveitar alguma coisa, então é sinal de que o serviço público de televisão também nunca existiu.
Quando aqui há uns tempos foi realizada uma reportagem de idêntico teor junto dos nossos jovens universitários, não faltou quem bradasse aos céus porque isso não era representativo da nossa juventude. Pois não, não era. Mas esta reportagem da TVI, porque de deputados e militantes partidários com responsabilidades estamos a falar, é bem demonstrativa não só do que eles não sabem, e deviam saber, como da falência do sistema de ensino e do (de)mérito do recrutamento feito pelos partidos. Se esses são os melhores, os que chegaram ao parlamento, imaginem agora o nível de alguns que nunca lá chegarão e que mandam nos partidos a nível local e nas autarquias.
Quem tem razão é Miguel Relvas. Fechem a RTP, fechem o serviço público de televisão que andou durante anos a gastar milhões na preservação da nossa memória histórica. Se nem mesmo os nossos deputados viram esses programas da RTP, que lhes facilitariam a vida e não lhes roubaria tempo de leitura e reflexão à actividade política, conseguiram aproveitar alguma coisa, então é sinal de que o serviço público de televisão também nunca existiu.
Felizmente que o tipo de perguntas feito nessa reportagem não colheu as respostas de alguns membros do actual Governo. Seriam ainda mais tristes, estou certo, mas talvez depois disso talvez já ninguém se admirasse de haver quem com tamanhas responsabilidades se aprestasse para acabar com os feriados do Primeiro de Dezembro e do Cinco de Outubro.
Quando quem tem que saber não sabe, quando não se conhece a História, é a ignorância que triunfa.
Licenciados, dizem-se eles. Pois pois, doutores é o que eles são, sim, mas da mula ruça.
Quando quem tem que saber não sabe, quando não se conhece a História, é a ignorância que triunfa.
Licenciados, dizem-se eles. Pois pois, doutores é o que eles são, sim, mas da mula ruça.
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