quarta-feira, março 14, 2012

Dias de sol (3)

Há sempre uma primeira vez. E posso garantir-vos que não é preciso ser primeiro-ministro ou "escrevinhador de prefácios" para ir ao Quirinale. Numa notável iniciativa das instituições da República Italiana, a comemorarem os 150 anos da Unificação, o Palácio do Quirinale, actual residência do Presidente da República, abriu as suas portas a todos os que queiram lá ir. De interessante, para além de uma exibição de carruagens, carros e motas que foram usados por reis e presidentes, saliento a interessantíssima exposição de documentos, quadros, gravuras e esculturas guardados no Quirinale. Na imagem de cima podem ver o texto original da Constituição italiana assinada pelos parlamentares que a votaram.
 O pátio interior do Palácio do Quirinale num momento do render da guarda.

Um magnífico Lancia que em tempos esteve ao serviço dos presidentes.

E depois de fazermos uma viagem pelos segredos, não do Vaticano mas da presidência italiana, nada como ler os últimos textos de Giorgio Napolitano, incluindo, este sim a merecer leitura, o respectivo prefácio. Para quem viu o que se passou antes em Itália, com os governos de Berlusconi, assistiu ao que se passou em Portugal com José Sócrates e está agora a pasmar com os erros grosseiros do governo de Passos Coelho, ante a total secura, manifesta falta de capacidade para o exercício das funções  e um mínimo de senso político por parte do mais alto magistrado da Nação, vale a pena recordar algumas das palavras escritas por Napolitano: "Il prezzo che si paga per il prevalere - nella sfera della politica - di calcoli di parte e di logiche di scontro sta diventando insostenible. Una coza è credere nella democrazia dell'alternanza; altra cosa è lasciarla degenerare in modo sterile e dirompente dal punto di vista del comune interesse nazionale". Os nossos governantes também deviam perceber isto. Não seria pedir-lhes muito, penso eu, mas admito que para quem escolheu viver e enriquecer com e à custa da política, aproveitando as horas vagas para andar a tirar cursos que pudessem conferir um título na hora da tomada de posse, seja naturalmente difícil compreender coisas tão simples.

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