sexta-feira, fevereiro 27, 2009

XVI CONGRESSO DO PS

"(...)O estado calamitoso em que o país ficou, o nível de degradação social e económica em que estamos, impõe medidas urgentes, rigorosas e consistentes. Afastada a deriva populista e ideológica, importa sumariar em breves linhas os pontos que considero essenciais:
1. Formar um Governo digno da maioria absoluta que conquistámos nas urnas e da tradição republicana;
2. Cumprir o programa eleitoral e fazer um programa de Governo que respeite as escolhas fazendo os ajustamentos necessários;
3. Escolher as pessoas pelo mérito, independentemente da sua história ou número de cartão do partido, da sua origem familiar ou grupo ideológico, formando um grupo coeso, homogéneo e competente para a realização das tarefas necessárias;
4. Ser capaz de assumir um governo de verdade, um governo capaz de dialogar e de entender os portugueses, sem tiques autistas, um governo capaz de distinguir o essencial do acessório e que evite cair em excessos de protagonismo;
5. Ter presente que as próximas eleições legislativas serão ganhas por quem, depois de conquistar uma maioria absoluta, tenha consciência de que só poderá voltar a ganhar se for capaz de governar com o único objectivo de realizar o interesse nacional, não confundido este com o do partido ou das clientelas que ciclicamente o invadem.
(...) Chega de demagogia. Basta de populismo. A responsabilização do Partido Socialista perante o eleitorado que nos deu a maioria absoluta começou ontem. É bom que o futuro primeiro-ministro de Portugal se lembre disso. E, também, que a República começa a construir-se em nossa casa, com liberdade, com responsabilidade, com seriedade, com democracia e sentido das realidades. (...) O Partido Socialista tem a obrigação de honrar a maioria absoluta e de apresentar ao país um Governo decente, competente e credível. Acabaram as Novas Fronteiras. O estado de graça começou e acabou na noite das eleições. Portugal não pode ficar à espera. A sua refundação tem de começar já. Só isso pode devolver a esperança aos portugueses. Saibam o PS e os seus dirigentes estar à altura do desafio. Os militantes anónimos saberão cumprir a sua parte e os portugueses de reconhecer na hora própria o trabalho realizado" - Acção Socialista, 25 de Fevereiro de 2005, p. 19.

Depreende-se, daquilo que então escrevi, que não tenho que alterar uma linha ao que foi publicado no jornal que era dirigido por Augusto Santos Silva. Por isso mesmo, e como também nunca fui especial adepto de unanimismos, abomino consensos forçados, descaracterizadores da identidade do partido, cerceadores do pluralismo e da liberdade de pensamento, detesto o empolamento retórico de banalidades, tenho horror ao carreirismo militante e ziguezagueante e é-me difícil conciliar discursos diferentes consoante as circunstâncias digam respeito à política, à vida profissional ou à pessoal, vou ficar à espera, em casa, para ver o que será parido pela Nave Polivalente de Espinho.

Post Scriptum
: Espero que o Miguel Freitas e os delegados do PS Algarve que vão a Espinho possam regressar com a garantia de que até 2013 será feito um novo referendo sobre a regionalização, que a pergunta a formular aos eleitores sê-lo-á num português compreensível para a generalidade dos cidadãos e que até lá será aprofundada a descentralização e criadas as condições para que quando aquela se vier a impor o seja em condições bem diferentes da italiana. Julgo ser esse o sentido do mandato que levam.