quinta-feira, março 13, 2008

CARTÃO VERMELHO

(imagem reproduzida com a devida vénia de http://www.encarnados.blogspot.com/)

No final da penosa jornada de ontem à noite em Madrid, diante do Getafe, que ditou a eliminação prematura do Benfica na taça UEFA, Fernando Chalana veio dizer que a equipa fez uns bons 25 minutos e que se a bola enviada por Makukula ao poste tem entrado a sorte do jogo podia ser outra. Chalana foi um jogador excepcional, que passeou classe pelos estádios europeus, um benfiquista dos quatro costados e um profissional exemplar. Pegou na equipa num momento difícil, pela segunda vez, e tentou fazer o impossível. Regista-se a atitude de procurar defender a equipa, de lhe enaltecer o carácter, mas como ele bem sabe o problema não se resume a uma questão de sorte. O Benfica em 90 minutos de jogo limitou-se a criar uma oportunidade clara de golo e Rui Costa fez um remate à baliza. Para uma equipa com os pergaminhos do SLB e que precisava de ganhar marcando pelo menos dois golos é muito pouco. Chalana sabe, tão bem quanto eu, que aquela equipa não tem a classe apregoada por Luís Filipe Vieira - a melhor equipa dos últimos 10 anos, anunciava ele do alto da sua verborreia - e só está em 2º lugar no campeonato e nas meias-finais da taça de Portugal por mero acaso. Está à vista o descalabro desportivo do Benfica pelo qual o principal responsável é Luís Filipe Vieira. Vieira quis transformar o clube numa fábrica de pneus multipiso e o resultado está à vista. Uma equipa sem chama, sem fulgor, sem fio de jogo. Jogadores contratados como estrelas - Di Maria vinha para fazer esquecer Simão! - e pagos a peso de ouro, que nem os pitons adequados ao relvado sabem escolher. O individualismo campeia, a lentidão de execução é atroz, a equipa pura e simplesmente não existe. É que como Chalana também bem sabe, não basta ter bons pés, é preciso saber jogar com inteligência, e isso é o que não acontece. Os jogadores não sabem o que fazer com a bola, têm imensa dificuldade em pensar o jogo, em descobrir linhas de passe, em desmarcarem-se e ocuparem os espaços livres. Depois, a maior parte deles remata muito mal e não sabem passar e recepcionar uma bola decentemente. Os homens que ontem estavam no banco, velhas glórias de equipas de outros tempos - Eusébio, Shéu, Rui Águas -, exímios na arte de rematar, de dominar a bola e de a colocarem jogável no companheiro em qualquer parte do terreno, bem podiam dar umas lições àquela manada que ontem se passeou pelo campo do Getafe. Tenho pena que Rui Costa vá acabar a carreira assim. Ele não merecia. Nós também não. Mas a culpa, caro Fernando Chalana, não é da sorte, é de quem dirigiu e dirige o futebol do Benfica, é de quem avalizou contratações medíocres, prometeu um "Benfica Europeu", mas anda há 5 anos para construir uma equipa e de cada vez que ela começa a adquirir contornos desmantela-a, para no final ainda ter o desplante de, impante, vir atacar os sócios e desviar as atenções para o "Apito Dourado". Por alguma razão um contabilista não faz projectos de arquitectura e um advogado não arranca dentes. Luís Filipe Vieira, que pode ser muito bom a dividir e a somar e a colocar o lápis atrás da orelha, devia ter a humildade de reconhecer o falhanço desportivo e de se retirar a tempo de se poder preparar a próxima época com critério, coisa que não tem existido. Camacho não fez milagres, como Chalana também não podia fazer, nem ninguém o fará no actual caos do departamento de futebol. Eleições antecipadas já!

P.S. O autor destas linhas é sócio do SLB, accionista da SAD e detentor de um título fundador do actual estádio.

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