sábado, outubro 13, 2007

DEPOIS DA TOMADA DO PODER VEM O ESCÂNDALO


A notícia que começou a ser divulgada ontem e que hoje vem no caderno de economia do Expresso, relativa ao alegado perdão de uma dívida de mais de 12 milhões de euros a um filho de Jardim Gonçalves, diz bem para onde vão os benefícios fiscais de que a banca tem gozado a coberto de uma mais do que duvidosa justificação com a criação de riqueza. Cobrando comissões por tudo e por nada, fazendo durante anos arredondamentos ilegais e emprestando dinheiro em condições leoninas à maoir parte dos cidadãos e das empresas que precisam, em contrapartida, como se vê pelo caso do BCP, emprestam quantias avultadíssimas, durante anos, a gente das relações dos dirigentes, sem as garantias mínimas de segurança. O desgraçado que se divorciou, que necessita de um empréstimo para ficar com a sua metade na casa que foi de morada de família e pagar as tornas devidas ao ex-cônjuge, ou o casal jovem e trabalhador que precisa de apoio para fazer umas obras em casa, têm imensa dificuldade em conseguir obter um empréstimo de meia dúzia de euros em qualquer banco, sem que as suas parcas poupanças fiquem caucionadas e lhes seja pedido um sem número de papéis e de garantias, de hipotecas a letras em branco. O reformado que foi fiador do filho, que por sua vez ficou desempregado e se viu insolvente de um momento para o outro, esse não merece contemplação e vão-lhe à reforma até se verem pagos da dívida do filho. O filho do administrador, o conhecido de boas famílias, o amigo, esse arranja sempre maneira da banca lhe pôr o dinheiro na conta e de ver a dívida perdoada quando surge a tormenta. O comendador Berardo, que já se queixava das mordomias dos administradores do BCP, dos gastos com a segurança e com os jactos privados, tem agora mais uma boa oportunidade para averiguar se os créditos concedidos a Filipe Jardim Gonçalves teriam sido disponibilizados a qualquer outro pequeno empresário que não fosse filho do patrão, pedir contas a quem o permitiu e malhar em quem recebe milhões para autorizar operações como a relatada, enquanto frequenta salões de chá e se dedica ao golfe, sem nunca prestar contas a ninguém. Viver não custa. É preciso é saber.

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