O Público relata hoje que a Câmara Municipal de Loulé instituiu um prémio bienal de arquitectura e urbanismo, destinado a incentivar "a construção rigorosa e bem enquadrada de obras tendo em conta a preservação de espaços verdes". Para quem não saiba, a referida autarquia é uma das mais ricas e menos endividadas do país, graças ao crescimento imobliário e a algumas pérolas como a Quinta do Lago ou Vale do Lobo. A criação de tal prémio não deixa, por isso mesmo, de ser curiosa, num concelho onde, entre outras coisas, existe um condomínio gigantesco chamado Quarteira e se está a proceder à destruição total e completa da praia das Dunas Douradas, com uma urbanização enorme, do mais puro mau gosto, que devia ser derrubada já e à martelada, e numa autarquia onde o inacreditável acontece sem que a edilidade ou o IGAT tenham capacidade de acção e de intervenção em tempo útil. O Dr. Menezes, que, segundo as crónicas, fez um trabalho "notável" em Gaia e agora lidera a oposição ao licenciado José Sócrates, podia começar por ensinar aos seus correligionários de Loulé, os mesmos que o vão apoiar no congresso deste fim-de-semana, que a hipocrisia é uma coisa muito feia e que o poder deve começar por ser exercido dentro das próprias autarquias, de uma forma legal, rigorosa, célere e directa, sem entraves desnecessários, sem burocracias inúteis e evitando o foguetório. O esforço ficar-lhe-ia bem, muito embora eu compreenda que isso deva ser difícil de assimilar por alguns sobas locais que se dedicam à organização de festanças, como a do Pontal, e se especializaram nos comes e bebes.
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