segunda-feira, outubro 15, 2007

PRONTO PARA GANHAR

Como muitos milhares de curiosos, também eu esperava que Luís Filipe Menezes promovesse, sob o impulso das directas, uma verdadeira renovação do PSD. Fora isso que prometera e para um líder que começa nada melhor do que iniciar o mandato cumprindo as pequenas promessas eleitorais. Menezes disse que iria contar com todos os militantes, com os de ontem e com os de hoje, e eles, os que estiveram em peso no congresso, contavam com ele para renascerem das cinzas. Menezes não desiludiu. Por uma vez o PSD vai ter representados nos seus órgãos nacionais todas as sensibilidades. Dos putativos herdeiros de Francisco Sá Carneiro aos barrosistas, dos santanistas aos mendistas, dos cavaquistas aos menezistas, sem esquecer os autonomistas, os comunistas, digo, independentistas, os futebolistas, os portistas e os regionalistas. Um verdadeiro melting pot. Podemos começar por olhar para as vice-presidências para perceber quão longe foi a renovação. Duarte Lima, Luís Fontoura, Rui Gomes da Silva, Zita Seabra, Ribau Esteves e Mendes Bota são políticos de altíssimo calibre, cultos e de uma coerência exemplar, que iniciam agora uma carreira política. Gente que ninguém conhece e que nunca teve qualquer intervenção em nenhum dos antigos PSD. Nenhum deles ocupa ou ocupou cargos políticos de relevo. Jamais beneficiaram de qualquer integração nas listas, jamais tiveram intervenção nas secções do partido em que militam e nunca ninguém os viu ou ouviu. Em suma, são uns neófitos da coisa pública. Nenhum deles conheceu, mais, nunca nenhum deles ouviu falar em Cavaco Silva, Pedro Santana Lopes ou Marques Mendes, fez parte dos seus órgãos dirigentes, fez campanha ao lado deles ou exerceu cargos durante os seus mandatos, fosse dentro do partido, no parlamento nacional, no parlamento europeu ou no Estado. No seu vocabulário não existem palavras como corrupção, clientelismo, burocracia, tráfico de influências, compra de votos. Não sabem o que é um controleiro ou um delator. Nenhum deles obteve, alguma vez, ganhos de imagem ou teve uma presença regular nos media, jornais, rádios ou televisões, antes de ser chamado por Menezes a exercer funções no PSD. Confessemos que era difícil fazer melhor a este nível. Mas não foi só nas vice-presidências que o PSD se renovou. Outros nomes surgiram, gente que tem todo um caminho à sua frente para mostrar os seus enormes talentos e fantásticas competências. Gente como Feliciano Barreiras Duarte, Arlindo Carvalho, Couto dos Santos, Paulo Pereira Coelho, João Bosco Mota Amaral ou Ângelo Correia vão garantir a mais completa renovação do PSD desde os tempos de Cavaco Silva. É uma verdadeira revolução. Menezes é um líder a sério. E com ar sério, como o que exibe o seu amigo Nuno Delerue. Isso também é demonstrado pelas várias intervenções que fez no congresso: o convite a Ferreira Leite, uma conferência de imprensa memorável, a avisar que iria anunciar os nomes das suas listas em breve, um discurso de hora e meia e a sua total disponibilidade para responder às perguntas dos jornalistas. Só lamento que um jovem como Eurico de Melo não tenha também sido integrado nas listas de Menezes. Era o sangue novo que faltava, a cereja no topo do bolo. Pena é que haja sempre umas pessoas como Manuela Ferreira Leite, Pacheco Pereira, Marcelo Rebelo de Sousa ou Miguel Veiga que não tenham espírito para participar nestes eventos que marcam um novo ciclo na vida do partido. Problema deles que não ficarão nas fotografias. Esta é a verdadeira refundação do PSD. Começa hoje a ser mais do que certo que Menezes vai ganhar todos os actos eleitorais em que participar e que em vez de um vão surgir dezenas de meninos-guerreiros prontos a abrirem o partido aos novos ventos que sopram de Gaia, de Ílhavo e de Loulé. A influência do novo PSD vai começar já a fazer-se sentir na comunicação social: disseram-me ontem que alguns clones de Luís Delgado vão ser produzidos em série e que até um jornal, chamado Avante, graças à influência da nova vice-presidente do partido, vai ter um dos tais clones do Luís Delgado como director. Vai ser um país todo pintado de laranja, sorridente, contente, pronto a enfrentar os combates que se avizinham. O ruído que perturbou os últimos anos da vida do partido e as directas vão desaparecer. De hoje em diante as quotas vão passar a ser sempre pagas individualmente. O caciquismo e as práticas clientelares são já parte da história do partido e os livros que amanhã se escreverem vão refazer esse passado. Tudo novo como na Moviflor. A minha única dúvida, aliás irrelevante, neste momento de exaltação que o PSD vive, e que não serei eu a estragar, é saber se os resultados eleitorais obtidos no Second Life, depois de definitivamente apurados, também são objecto de promulgação e de publicação, como acontece entre nós. No mundo real, digo eu. Mas como também não sei se no Second Life existe um Diário da República, pode ser que os publiquem n' A BOLA. Este jornal sei eu que existe. O Fernando Seara já mo garantiu. Ainda ontem, quando tomámos um café, ele confidenciou-me que só aceitaria um lugar nas listas de Menezes se também lhe dessem uma coluna no Second Life para poder escrever sobre futsal. Nem mais. O Menezes ao princípio ainda ficou sem saber se autorizaria. Depois, convencido pelo Hermínio Loureiro e pelo Pinto da Costa, lá concordou. Eu ainda fiquei admirado por ser futsal. Só que perante o meu espanto o Seara já não pôde esconder mais. Ele lá, no Second Life, já não tem tempo para o futebol de onze. Diz ele que são demasiadas solicitações para um homem só. Eu concordei. Que diabo, o futsal também se joga com uma bola. E daí não há-de vir mal ao mundo. Nem à renovação do PSD.



Última Hora: Já estão escolhidos alguns dos sloganes do partido para as próximas eleições: "Com Luís Filipe Menezes a caminho do Second Life", "Força Ribau, o poder local quer é cacau" e "Índios de mota, Portugal com o Bota"!

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