terça-feira, novembro 28, 2006

TEXTOS DA MINHA VIDA



AOS MEUS CRÍTICOS

Há muitas flores, no entanto
Poucas em fruto hão-de vingar;
Todas à porta da existência
Batem, mas quantas se desfolham!

É muito fácil fazer versos
Se nada temos que dizer,
Palavras ocas alinhando,
Que pelas rimas soam a falso.

Mas quando o nosso coração
Sofre de anseios e paixões,
E as suas vozes se insinuam
No nosso espírito, uma a uma,

Batendo à porta das ideias
Tal como as flores à da vida,
Pedindo ao mundo a sua entrada
E o vestuário da linguagem,
¿Como volver olhos serenos,
Olhos gelados, implacáveis,
Para as paixões que nos consomem
E para a nossa própria vida?

Ah! Nesse instante dir-se-ia
Que sobre nós desaba o céu!
Mas onde e como achar palavras
Para exprimirmos a verdade?

… Vós sois, ó críticos, as flores
Que nunca em frutos se tornaram. –
É muito fácil fazer versos,
Se nada temos que dizer.

(Mihail Eminescu, in Poesias)

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