Sem qualquer novidade, e tão previsível quanto seria de esperar, o Presidente da República voltou a mostrar na sua mensagem de Ano Novo que o fato que veste o incomoda. Ainda não se percebeu se é nas mangas se nas costas, mas que ele que se sente desconfortável parece óbvio.
Que 2013 irá ser um ano difícil não constitui novidade para ninguém. Que o OE de 2013 contém um forte aumento de impostos igualmente. Que 90% dos deputados apoiam ou apoiaram o programa de assistência financeira idém. Que uma crise política nesta altura seria pouco ajuizada e que se não for declarada a inconstitucionalidade de algumas normas do OE haverá alguns que serão mais prejudicados do que outros também.
Uma vez mais o Presidente da República quis demarcar-se do Governo sem se demarcar. Tudo como dantes, tudo demasiado teatralizado, tudo sem uma palavra nova, quase que se diria de tão pobre que foi um discurso de agradecimento pelo que se passou em 2012.
Depois, na mesma linha de previsibilidade foram as reacções dos partidos. Mas houve uma que pelo seu significado não poderá passar sem ser devidamente assinalada. Refiro-me à do Secretário-Geral do PSD, Matos Rosa.
Desde logo pelo facto de ter sido um deputado apagado da segunda linha do PSD, um burocrata do aparelho, o sucessor de Miguel Relvas, a "comentar" a declaração do Presidente da República. Se o PSD e Passos Coelho pretendem continuar a desvalorizar as intervenções do PR, Matos Rosa será seguramente o homem indicado para tal.
E essa desvalorização, para não dizer acinte, foi tão notória que o "comentário" era afinal a leitura monocórdica, trapalhona e pontuada de engasgos, de um "lençol" pobre e confuso, previamente preparado e sem direito a perguntas por parte dos jornalistas.
Atento o tempo que mediou entre o final da declaração do PR e a leitura do "comentário" por parte de Matos Rosa, é evidente que a reacção do PSD já estava escrita há muito tempo.
Daí que, também, seja absolutamente incompreensível que tendo o Governo levado um apertão do PR sobre as opções do OE e se tivesse ficado a saber de viva voz que aquele levantava fundadas dúvidas sobre um documento socialmente desequilibrado e que culmina uma "espiral recessiva", o PSD tivesse vindo dizer que estava de acordo com o PR e que subscrevia as posições deste.
Pela maneira como começou, o ano político do PSD de Passos Coelho não só não augura nada de bom, como ainda por cima entrou com o pé esquerdo. Dir-se-ia mesmo que o comunicado lido por Matos Rosa foi tão infeliz que será de admitir ter sido escrito pelo anterior secretário-geral antes deste ir lançar foguetes para o réveillon do Rio de Janeiro. Noutras circunstâncias teria sido hilariante. Assim, como aconteceu, foi mais um prego no caixão da credibilidade e da seriedade da política e deste PSD.
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