segunda-feira, agosto 27, 2012

Leituras

"Ter um inimigo é importante, não apenas para definir a nossa identidade, mas também para arranjarmos um obstáculo em relação ao qual seja medido o nosso sistema de valores, e para mostrar, no afrontá-lo, o nosso valor. Portanto, quando o inimigo não existe, há que construí-lo."
 
"Para fazer ruído não é necessário inventar notícias. Basta difundir uma notícia verdadeira, mas irrelevante, que, todavia, cria uma sombra de suspeita, pelo simples facto de que é dada. 
 
(...) O ruído não tem sequer necessidade de transmitir mensagens interessantes, até porque uma mensagem se sobrepõe a outra, e todas, precisamente, fazem ruído.
 
(...) um bom ideal para o universo da política de amanhã e da televisão seria ainda Santo Agostinho.
 
É apenas no silêncio que funciona o único e verdadeiramente poderoso meio de informação que é o murmúrio. Cada povo, mesmo que oprimido pelo mais censurador dos tiranos, sempre conseguiu saber tudo aquilo que acontece no mundo através do murmúrio.
 
(...) Eis que, portanto, em em conclusão, direi que um dos problemas éticos que se põe é como voltar ao silêncio. E um dos problemas semióticos que poderemos enfrentar é estudar melhor a função do silêncio nos vários modos de comunicação. Abordar uma semiótica do silêncio: pode ser uma semiótica da reticência, uma semiótica do silêncio no teatro, uma semiótica do silêncio em política, uma semiótica do silêncio no discurso político, isto é, a longa pausa, o silêncio como criação de suspense, o silêncio como ameaça, o silêncio como consenso, o silêncio como negação, o silêncio na música.
 
E, portanto, italianos, eu não vos convido às histórias, mas convido-vos ao silêncio." 

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