"Porquê? Porquê este niilismo? Porquê esta traição da nobreza de espírito?
A sedução do poder é a primeira razão: ser finalmente influente, ser finalmente ouvido, e, de preferência, ser igualmente admirado. Nada vicia tanto como o poder e a fama. E para se agarrar a isto, para se manter a posição de ideólogo ou especialista de partido, para ser porta-voz do 'público', é necessário adaptar-se constantemente. se existe algum lugar onde a submissão reina é entre os intelectuais politizados. A ideia de arriscar perder o poder e a influência pela independência intelectual enche esses realistas de terror. Por causa do poder político abandonam o mundo do espírito. (...)
Uma segunda razão para a infidelidade aos valores imortais e à nobreza de espírito é a má fé. Alguns intelectuais não acreditam nessas qualidades. A imensa influência do paradigma científico desempenha aí um importante papel. Imortalidade, significado, valor, bem, mal, beleza, amor, compaixão, sabedoria, justiça, experiência, virtude e auto-conhecimento são palavras que não existem na linguagem das ciências. A sua linguagem é da objectividade, factos, análise, objectivo, progresso. Quando o mundo intelectual é aprisionado por esta linguagem sem sentido, o espírito perde a capacidade de exprimir o significado. Os factos, em si e por si, não significam nada. A verdade da realidade só pode surgir através do conhecimento dos valores, da distinção entre útil e inútil, bem e mal, significativo e insignificante; ou seja conhecimento cultural, inserido na linguagem dos artistas, poetas e pensadores. Esta linguagem é desconhecida para os clones intelectuais pseudo-científicos. É por isso que escrevem tão mal. Com excepção de notícias do mundo da 'realidade social', não têm nada a revelar que valha a pena".
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