"Madison aborda a existência dos partidos num sentido moderno, destacando-os como organizações emergentes de um tecido social vivo e aberto, que assim dinamiza a esfera pública. Este labor processar-se-ia num contexto sócio-político orgânico, onde os partidos se integravam como ideias, propostas e tendências, estimulando e revigorando um debate do qual resultariam políticas que agiam directamente sobre a sociedade e a partir dessa mesma sociedade, com a qual os órgãos políticos estão afinal em permanente diálogo. Neste esquema, os partidos ocupariam, por conseguinte, um papel indispensável como impulsionadores da discussão pública e como mediadores entre o indivíduo comum e as cúpulas dirigentes da acção política".
O pequeno excerto que acima transcrevi diz muito sobre aquilo que é e continua a ser uma concepção moderna do papel dos partidos e aquilo que eles hoje não fazem nem se têm mostrado à altura de saber fazer para preservarem e melhorarem a qualidade da democracia.
O prof. José Gomes André, autor do livro que vêem na foto, teve a simpática lembrança de me convidar para a apresentação do seu livro, que hoje terá lugar em Lisboa, na FNAC do Centro Colombo, pelas 18.30. O prof. Viriato Soromenho-Marques fará a apresentação, tendo sido quem também já prefaciou (não confundir com outras coisas sem pés nem cabeça a que chamam "prefácio") obra tão notável quanto invulgar pelo tema, clareza e sentido de oportunidade no panorama da Ciência Política portuguesa.
Como ali se escreveu, Razão e Liberdade constitui o mais importante estudo alguma vez publicado em língua portuguesa sobre o pensamento de James Madison, o 4º presidente dos Estados Unidos da América, e um "dos mais significativos" publicados "na última década em qualquer parte do mundo".
Tenho admiração pelo trabalho e estima pessoal pelo autor, que conheci graças à iniciativa do comum amigo Pedro Correia, que fez o favor de nos juntar no Delito de Opinião, e a quem daqui também envio uma saudação. Mas, infelizmente, o facto de actualmente viver longe de Lisboa e de ser cada vez mais difícil para os independentes a subsidiação dos combustíveis e das portagens do Dr. Gaspar, impedem-me de poder estar presente. Não será, porém, por esse facto, que deixarei de aqui registar o facto e de apelar à leitura e divulgação de tão importante e generosa obra, indispensável num momento de acesos ataques contra o republicanismo, a liberdade e os valores mais fundos de uma cidadania responsável, ataques que vêm de todos os quadrantes e contra os quais os principais partidos políticos portugueses não têm, em razão de lideranças fracas e incultas e de uma absurda coligação de interesses perniciosos, sabido responder.
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