"O regime vai caindo diariamente, sem grande sobressalto (e sem grande interesse) do país, como se o seu fim fosse uma conclusão esperada e até bem-vinda. No meio disto, o sr. Presidente da República, sem que nada aparentemente o obrigasse, resolveu publicar a sua autojustificação e o seu auto-elogio, com o propósito ostensivo de provar a sua refulgente virtude e de prometer que seria no futuro tão imparcial e legalista como tinha sido no passado.
Quem leu essa intrigante peça de prosa (que ele obviamente não escreveu) ficou, pelo menos, com duas perguntas. Primeira, por que razão decidiu agora acusar o defunto Sócrates de "uma falta de lealdade", que a pobre "história da nossa democracia" não deixará de "registar"? Segunda, porque lhe pareceu necessária neste particular momento a defesa de cada acto da sua passagem por Belém? Quanto a Sócrates, não há dificuldade em responder: um homem que foi "desleal", com o Presidente, está para sempre fora da politica. Quanto à intempestiva apologia que envolve e completa o assassinato, é uma absolvição plenária de qualquer responsabilidade que lhe possam atribuir na crise."
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