"Referi sempre ao secretário de Estado da Cultura que a minha posição era esta. Aliás, a minha posição é conhecida por todos os membros do Governo."
A decisão de Vasco Graça Moura, o recém-empossado presidente do Centro Cultural de Belém, de não aplicar o aberrante Acordo Ortográfico (AO) que quer o actual quer o anterior Governo da República se propuseram levar à prática, é uma decisão justa e corajosa por parte de quem sempre se mostrou contra tal aborto linguístico, verdadeira machadada na nossa língua e na identidade nacional. Vasco Graça Moura mostra, uma vez mais, que não se pode ser contemporizador com o poder político quando esse poder é ignorante, inculto e precipitado, mesmo que seja da nossa cor política. O problema criado é demasiado gravoso para passar despercebido e das duas uma: ou o Secretário de Estado da Cultura que o nomeou lhe dá uma ordem expressa para aplicar o tal AO, e se ele não o fizer demite-o, ou o Governo terá de conviver com o facto de um dos seus nomeados, um dos mais importantes intelectuais portugueses, senhor de um domínio e conhecimento da língua como poucos, utilizar um dos lugares mais visíveis do panorama cultural nacional como tribuna contra uma das suas decisões políticas mais controversas. Sublinho aqui o facto da decisão de Vasco Graça Moura ter sido sufragada por unanimidade pelos restantes membros da administração do CCB. Estou certo de que a maioria dos portugueses, da direita à esquerda e até os apolíticos, estarão de acordo com ele. Pela parte que me toca, não podia estar mais de acordo e deixar de dar-lhe os parabéns.
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