quinta-feira, fevereiro 02, 2012

Obrigado, Maria Flor

A excelente prestação de Maria Flor Pedroso serviu para melhor enquadrar o entrevistado. Não é fácil encontrar vendedores de seguros ou de tapetes com tanta prolixidade, à-vontade, e que se inebriem com tanta facilidade com o seu próprio discurso. Tê-lo como ministro é uma coisa só possível num livro de banda desenhada. Ou em Portugal, como acontece ser o caso. A entrevistadora ainda procurou chamar-lhe a atenção ("O sr. ministro está a ser hábil", ao que o ministro respondeu dizendo que não, "que estava a ser verdadeiro"), trazê-lo à razão, apontar-lhe a realidade. Mas, qual quê, o ministro trazia a cartilha decorada, a arma engatilhada e pronta a disparar sobre tudo o que fosse dito. Não havia nada a fazer. Daquilo que não lhe convém diz nada saber e manda que as perguntas sejam feitas a outros (caso Pedro Rosa Mendes). Noutras vezes atira a responsabilidade para trás das costas, apresentando os factos como irreversíveis (TDT). Ele próprio apresenta-se como um modelo de seriedade, de virtudes e de infalibilidade, de si dizendo ter a "escola da gestão na decisão" (sic). Já ouvi coisas piores, palavrões também, mas na verdade o ministro até é capaz de ter razão. Poucos terão tido tanto sucesso na forma como se chegaram à manjedoura, tiraram partido do sistema e da deméritocracia reinante para gerirem a sua carreira política, obterem um curso a meio do percurso e acederem ao farto mundo dos negócios onde se facturam milhões com um piscar de olhos, o que certamente fará dele um Nobel. Mas o melhor mesmo é ouvir na Antena 1 - a entrevista a Miguel Relvas para poderem fazer o vosso próprio juízo. Há tipos que por mais disfarçados que se apresentem nunca conseguirão esconder a sua pesporrência. Está-lhes na massa do sangue e, pelo que se ouve, aliás, fazem gáudio nisso. Qualquer microfone ou holofote servirá para fazê-la brilhar. E à sua verdadeira natureza. Diz ser amigo do líder do PS. Admito que sim, não tenho razões para duvidar, embora ficasse a pensar para comigo se seria coisa que se aprendesse nas "jotas" ou em Relações Internacionais. António José Seguro lá saberá como  se consegue ser amigo de um tipo assim, sem ser por interesse, e aspirar a governar Portugal.

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