(imagem Epa, Enzo Russo)
A explicação que foi dada por Francesco Schettino para abandonar o "Costa Concordia" quando ainda havia centenas ou milhares de passageiros e de tripulantes no navio a aguardarem por auxílio, não fosse dar-se o caso de estarmos perante um tragédia perfeitamente evitável e que acabou por ceifar a vida a uns quantos, deixou outros tantos órfãos e provocou prejuízos de centenas de milhões, para além do susto e da angústia causados em muitos milhares, até nos faria sorrir. Dizer que caiu acidentalmente para um salva-vidas para justificar a fuga é tão absurdo quantas as razões que foram dadas para as escolhas de nomes para o Conselho Geral e de Supervisão da EDP ou as Águas de Portugal. A avaliar pelo nível dos argumentos que quanto a estes últimos foram usados, Schettino tem um padrão de argumentação que, se fosse português, faria dele uma potencial escolha para qualquer uma dessas entidades, para integrar um grupo de trabalho sobre a renovação da marinha mercante ou até ser ministro de um governo de Passos Coelho. O facto da justiça italiana não se comover com a sua sorte, e dele ir agora passar um bom par de anos em velocidade de cruzeiro atrás das grades, no que foi um azar dele, das seguradoras e dos accionistas da empresa armadora, poupa-nos, felizmente, a um cenário desses. Ao menos que por lá se faça justiça, já que aqui isso é coisa de filmes.
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