domingo, setembro 04, 2011

RECORDAÇÕES DE VIAGEM (1)

Durante séculos a cidade foi sendo alvo de múltiplas ocupações. Umas mais pacíficas, outras mais violentas. Primeiro foram os gregos que se instalaram naquela costa luminosa, encaixada entre o Adriático e os Balcãs. Por lá passaram os eslavos do Norte, os hunos, houve conflitos por causa dos turcos, depois o domínio dos Habsburgos e a influência de Veneza e dos seus doges. Em 1806 chegou Napoleão, que se instalou no local onde hoje existe o Hilton Imperial, depois de ter salvado Dubrovnik dos exércitos da Rússia e do Montenegro. Por sua iniciativa, em 1808, no alto do Monte Srd, coincidindo com o momento em que foi dissolvida a República de Ragusa e a cidade passou a integrar as suas províncias, foi mandado erguer o Forte Imperial. A vista que dele se alcança sobre a cidade e todas as baías, Cavat, as ilhas Elaphiti  e Lokrum, é impressionante. Porém, o que ali mais me marcou foi a visita ao recente Museu da Guerra Civil que ocorreu entre 1991 e 1996, contendo a memória, as fotografias, os vídeos, as armas e equipamentos diversos relacionados com a agressão da Sérvia e do Montenegro. Pouco gente visita o local preferindo ficar pelas varandas da estação do teleférico e por uma visita à renovada cruz que substituiu a que havia sido erigida em 1933 e que acabou destruída durante a agressão de 1991. Vale a pena passar por Forte Imperial, olhar para aquelas paredes e imaginar quão dolorosos terão sido os acontecimentos mais recentes. A guerra acabou, a cidade e o país foram reconstruídos, mas a memória perdurará. Foi então que me dei conta da sorte que nós temos, aqui em Portugal, e do pouco ou nenhum valor que damos a essa sorte.