2 de Janeiro de 2011
Uma das coisas em que este país melhorou a olhos vistos foi na qualidade do seu design. Falo de objectos de decoração, de utensílios e de mobiliário. A qualidade do design é boa. O gosto e a funcionalidade continuam, todavia, muito discutíveis. Há muita coisa feita em Portugal, mas as melhores continuam a vir de fora. O design pode ser nacional, os materiais parecem-me aceitáveis para a função a que se destinam, só que a qualidade do acabamento é seguramente chinesa. E se depois a limpeza for assegurada por uma dessas espaventosas que deixam tudo lascado e riscado, o melhor é desistir da compra. A forma como hoje em dia se fazem as coisas aflige-me. Não é só nas tarefas domésticas ou nos escritórios. Acontece o mesmo nas lojas, na oficina do carro ou na lavandaria. O problema é cultural. Esta gente não tem formação e a culpa não é das insuficiências da escola pública porque os das privadas são iguais. Não lhes ensinam, não aprendem e muitos também não querem saber. Se não for o esforço individual a fazer a selecção torna-se impossível distingui-los entre si pela maneira como usam o brinco, põem o chapéu ou mostram o pneu a sair das calças.
A entrada na corrida presidencial do madeirense José Manuel Coelho pode vir a fazer a diferença. O homem não quer apenas chocar. E parecendo-me um tipo minimamente inteligente e com sentido de humor – só num registo humorístico se pode interpretar aquela cena da bandeira nazi no parlamento regional da Madeira – não me admiraria se houvesse gente abstencionista a ir às urnas por sua causa. Uma coisa é certa: o cinzentismo macambúzio que ficou dos monólogos a dois do mês de Dezembro vai ser substituído pela irritação de alguns dos protagonistas. O facto dele não se levar muito a sério só abona a seu favor e permite-lhe dizer coisas sérias a brincar e sem esforço. Ao Alegre não causará grade mossa, mas não estou tão certo que Cavaco Silva não venha a ser penalizado com uma tão súbita quanto inesperada entrada em cena. A comparação que fez entre a mensagem de Ano Novo do Presidente da República e as declarações de circunstância das meninas nos concursos de beleza foi um mimo a prometer mais.
O empregado que hoje nos atendeu ao almoço era nepalês. De Pokhara. Ficou admirado por saber que eu conhecia o belíssimo lago da terra dele onde vi o pico do Annapurna reflectido na superfície das águas espelhadas. Veio direitinho para o Happy Family. Fiquei elucidado sobre quão miserável devia ser a sua existência quando com uma desarmante simpatia e simplicidade me disse não conhecer Katmandu nem os arredores. Só conhecia Pokhara. Não sei como veio cá parar, nem o que terá passado até aqui. O facto de ele estar entre nós devia ser motivo de satisfação e não nos pode deixar indiferentes ao fenómeno da emigração. Oxalá que seja feliz por cá.
O ruivinho perdeu em casa. Pinto da Costa começa o ano engasgado. Amanhã deverá vir dizer que a taça da liga é uma competição menor. Em parte é verdade. Só em parte, porque também lá estão. Assim, só posso pensar que 2011 entrou bem.
Uma das coisas em que este país melhorou a olhos vistos foi na qualidade do seu design. Falo de objectos de decoração, de utensílios e de mobiliário. A qualidade do design é boa. O gosto e a funcionalidade continuam, todavia, muito discutíveis. Há muita coisa feita em Portugal, mas as melhores continuam a vir de fora. O design pode ser nacional, os materiais parecem-me aceitáveis para a função a que se destinam, só que a qualidade do acabamento é seguramente chinesa. E se depois a limpeza for assegurada por uma dessas espaventosas que deixam tudo lascado e riscado, o melhor é desistir da compra. A forma como hoje em dia se fazem as coisas aflige-me. Não é só nas tarefas domésticas ou nos escritórios. Acontece o mesmo nas lojas, na oficina do carro ou na lavandaria. O problema é cultural. Esta gente não tem formação e a culpa não é das insuficiências da escola pública porque os das privadas são iguais. Não lhes ensinam, não aprendem e muitos também não querem saber. Se não for o esforço individual a fazer a selecção torna-se impossível distingui-los entre si pela maneira como usam o brinco, põem o chapéu ou mostram o pneu a sair das calças.
A entrada na corrida presidencial do madeirense José Manuel Coelho pode vir a fazer a diferença. O homem não quer apenas chocar. E parecendo-me um tipo minimamente inteligente e com sentido de humor – só num registo humorístico se pode interpretar aquela cena da bandeira nazi no parlamento regional da Madeira – não me admiraria se houvesse gente abstencionista a ir às urnas por sua causa. Uma coisa é certa: o cinzentismo macambúzio que ficou dos monólogos a dois do mês de Dezembro vai ser substituído pela irritação de alguns dos protagonistas. O facto dele não se levar muito a sério só abona a seu favor e permite-lhe dizer coisas sérias a brincar e sem esforço. Ao Alegre não causará grade mossa, mas não estou tão certo que Cavaco Silva não venha a ser penalizado com uma tão súbita quanto inesperada entrada em cena. A comparação que fez entre a mensagem de Ano Novo do Presidente da República e as declarações de circunstância das meninas nos concursos de beleza foi um mimo a prometer mais.
O empregado que hoje nos atendeu ao almoço era nepalês. De Pokhara. Ficou admirado por saber que eu conhecia o belíssimo lago da terra dele onde vi o pico do Annapurna reflectido na superfície das águas espelhadas. Veio direitinho para o Happy Family. Fiquei elucidado sobre quão miserável devia ser a sua existência quando com uma desarmante simpatia e simplicidade me disse não conhecer Katmandu nem os arredores. Só conhecia Pokhara. Não sei como veio cá parar, nem o que terá passado até aqui. O facto de ele estar entre nós devia ser motivo de satisfação e não nos pode deixar indiferentes ao fenómeno da emigração. Oxalá que seja feliz por cá.
O ruivinho perdeu em casa. Pinto da Costa começa o ano engasgado. Amanhã deverá vir dizer que a taça da liga é uma competição menor. Em parte é verdade. Só em parte, porque também lá estão. Assim, só posso pensar que 2011 entrou bem.