segunda-feira, março 22, 2010

PROVINCIANISMO

O João Carvalho já tinha feito o favor de sublinhar. Mas eu confesso que é algo que ultrapassa a minha capacidade de compreensão.

Jesualdo Ferreira sempre me pareceu um homem sério e razoável, que via futebol com alguma distância e suficiente capacidade de análise para perceber quando é que a sua equipa jogava bem ou jogava mal. Saiu do Benfica da forma que nenhum treinador gosta, mas depois disso fez um bom trabalho em Braga, antes de ingressar no FC Porto.

O problema é que à medida que os anos foram passando, Jesualdo foi-se tornando mais num adepto dos Superdragões do que num treinador de futebol com estatuto e currículo. Começou a não fazer as digestões e de cada que a sua equipa não rendia queixava-se da arbitragem e de tudo e mais alguma coisa. As entradas violentas e à margem das leis do jogo de Bruno Alves, de Meireles e de muitos outros, incluindo Rodriguez, passaram a ser sempre perdoadas. A culpa era dos outros.

Esta época, depois de perder com o Sporting, de ter feito um jogo miserável com o Olhanense e de ter levado 5 do Arsenal, veio dizer que a culpa era do cansaço.

Ontem o FC Porto encaixou mais 3 de um Benfica que vinha de duas deslocações difíceis à Madeira e a Marselha, onde despachou um dos grandes de França com toda a limpeza na 5ª feira passada. Se alguém se podia queixar de cansaço nesta altura era o Benfica.

No Estádio Algarve, a equipa de Jesualdo Ferreira levou um verdadeiro banho de futebol, não conseguiu construir uma jogada que se visse de bom futebol, beneficiou da escandalosa complacência do árbitro, árbitro do Porto, convém não esquecê-lo, que abusou da dualidade de critérios, sempre em prejuízo do Benfica, manteve em campo Bruno Alves - tenho vergonha como português de ter um tipo destes na selecção nacional - depois das violentíssimas entradas sobre os jogadores do Benfica, e ainda mostrou cartões amarelos com o maior despropósito, como aconteceu com Aimar.

No fim, Jesualdo Ferreira veio dizer que "nenhuma equipa se superiorizou à outra". Pois não, mais 3 ou menos 3 é exactamente a mesma coisa. A isto chama-se provincianismo, pequenez, mediocridade. As gentes do Porto mereciam melhor.