Esta notícia do Barlavento, que aliás já ontem vinha na edição online do Jogo, constitui um erro político grave de José Apolinário. Confesso que não estava à espera de uma coisa destas. Em primeiro lugar, porque Hermínio Loureiro é um dos rostos mais visíveis da promiscuidade entre a política e o futebol, entre a política e os interesses das clientelas futebolísticas que gravitam em seu torno e a última coisa que me passaria pela cabeça seria ter um homem quer ser levado a sério a condecorá-lo. Depois, porque se as finais da Taça da Liga vieram para o Algarve foi porque deu jeito à Liga que assim fosse, já que isso garantia mais visibilidade, melhores audiências e um retorno mais elevado aos seus investimentos mediáticos e desportivos. Em terceiro lugar, porque o cumprimento dos deveres próprios não deve ser objecto de penhorado e subserviente agradecimento. Em quarto lugar, porque o Estádio Algarve é também da autarquia de Loulé e neste caso a atribuição de qualquer comenda deveria ser feita por ambas as autarquias. E, finalmente, porque não só não atribuiu qualquer medalha aos organizadores do Rally de Portugal, cuja visibilidade é mundial, como também há alturas bem mais apropriadas para esse tipo de manifestações do que a três semanas de uma eleição nacional decisiva e de uma eleição autárquica disputadíssima. Não creio que José Apolinário queira ser equiparado no seu modo de actuar ao presidente da Câmara Municipal de Santarém, mas com mais uma ou duas medalhas destas a outros tantos figurões sem história e sem passado, por motivos tão risíveis quanto este, arrisca-se a não ser levado a sério e a perder a Câmara de Faro para o seu opositor Macário Correia, por razões que têm muito pouco a ver com a forma empenhada e séria como o mandato foi exercido nos últimos 4 anos e com o trabalho realizado, mas que contribuem para a fragilização da sua posição e do seu discurso. Convém separar águas.