segunda-feira, fevereiro 16, 2009

UMA CABALA NUNCA VEM SÓ

O livro continua sem tradução para português. Não é por causa disso que deverá deixar de merecer uma leitura dos senhores deputados que compõem a comissão parlamentar de inquérito ao BPN. Com efeito, também em Espanha o Partido Popular vem agora queixar-se da existência de uma cabala e decidiu cerrar fileiras em relação ao escândalo que está ser objecto de investigação por parte de Baltazar Garzón e que já determinou a prisão preventiva, entre outros, de Francisco Correa e de Álvaro Pérez. Em causa estão, para já, 11 (onze) casos de corrupção envolvendo múltiplos contratos e negócios em instituições governadas pelo PP no tempo de José Maria Aznar. O El Pais publicou ontem, domingo, uma interessante reportagem de 6 páginas sobre o assunto e dedicou-lhe o editorial. Mariano Rajoy, actual líder do PP, já veio denunciar a existência de uma conspiração política e judicial contra o seu partido, coisa que em Espanha ninguém acredita, em especial sabendo-se que quem dirige as investigações é o juiz Garzón e que os factos, em catadupa, estão alicerçados em quase 18 horas de gravações e 15 reuniões entre os implicados. Porém, o mais interessante é aquilo que nessa reportagem nos diz directamente respeito e isso tem a ver com o facto de um dos imputados por Garzón ser Jacobo Gordon, o melhor amigo e companheiro de Alejandro Agag, o genro de Aznar e fundador do chamado "clan de Becerril". Acontece que, de acordo com o relato do El Pais, Gordon, que foi colega de Agag no colégio Retamar de Madrid, visita frequente da casa de Aznar, era também um dos grandes aliados empresariais de Agag e o homem que com este veio a Lisboa, em Junho de 2002, para junto dos seus contactos portugueses conseguir um sócio para a contrutora Metrovacesa. Quer Gordon quer Agag trabalharam no BPN e a sua porta de entrada terá sido Manuel Dias Loureiro. Agora que estalou o escândalo da rede de Boadilla, seria bom que a comissão parlamentar, aproveitando a visita que Dias Loureiro irá fazer de novo à Assembleia, tentasse perceber até que ponto Alejandro Agag e Jacobo Gordon estiveram envolvidos no BPN e em negócios com o conselheiro de Estado Dias Loureiro. O El Plural também fala no assunto e fornece algumas pistas para quem queira aprofundar conhecimentos.