quinta-feira, janeiro 29, 2009

MAIS UM CASO DE POLÍCIA

(foto Correio da Manhã)

Quem olhe sem grande atenção para a fotografia que ilustra este pequeno post é capaz de pensar que se trata da entrada de alguma casa de alterne. Uma porta discreta, uma senhora preparando-se para entrar no prédio com um vestido curto, deixando antever um pouco da coxa, de salto alto e malinha debaixo do braço. Sucede que a porta em questão não é de uma casa de alterne, mas a entrada de um dos edifícios do Banco Privado Português (BPP). O tal da estratégia do retorno absoluto. A fotografia que o Correio da Manhã publica, como se viu, pode levar as pessoas a fazerem associações pouco simpáticas para o BPP, só que à medida que se vão sabendo os pormenores das investigações em curso, verifica-se que para além da simples má gestão e irresponsabilidade de quem gere fundos alheios, o BPP se assume como mais um caso de polícia. Saber-se que depois de requerida a intervenção do Estado, numa altura em que os depositantes pretendiam já reaver o seu dinheiro, se efectuou uma transferência de fundos para a Suiça, por ordem de um accionista, no valor de 15 milhões de €uros, não pode deixar de ser visto como uma "safadeza", mais própria de uma alternadeira do que de uma instituição séria a quem gente de boa fé entregou as suas poupanças para serem geridas e o Estado confiou. Aos poucos, o cidadão comum vai tendo umas luzes sobre a utilidade das sociedades off-shore. Confesso que neste ponto a minha visão da coisa está bem mais próxima das de Manuel Alegre, Saldanha Sanches e Francisco Louçã do que da de José Sócrates. Quando as autoridades que investigam o BPP começam a falar, ao lado da gestão danosa, de branqueamento de capitais, abuso de confiança e falsificação de documentos, fica a ideia, uma vez mais, de que o mundo empresarial e financeiro deste país tem demasiados casos de polícia para poder ser levado a sério. As notícias de hoje no Correio da Manhã, no Diário de Notícias e no Público são deveras preocupantes. Com excepção de João Ulrich (BPI), até agora, pouca gente disse alguma coisa sobre este caso. Há silêncios que falam por si. Isto está a precisar de uma grande desinfestação.