terça-feira, janeiro 13, 2009

E AOS COSTUMES DISSE NADA

Quando ouvi dizer que Oliveira e Costa ia ser convocado para ir à Assembleia da República, a fim de prestar declarações à Comissão de Inquérito que investiga o caso BPN, julguei não ter percebido bem o alcance do "convite". Tendo em atenção o estatuto de Oliveira e Costa, ex-administrador bancário, arguido e detido em prisão preventiva, fiquei sem perceber muito bem o que ele lá ia fazer. Sabendo-se que o arguido tem o direito ao silêncio e que mesmo depois de ter deixado as suas funções no BPN continuaria vinculado ao dever de guardar sigilo, era normal e natural que nada dissesse. Foi o que efectivamente aconteceu. Mas os responsáveis pela convocação de Oliveira e Costa parecem ignorar o estatuto do arguido e a sua situação processual. Vai daí, resolveram pôr a carroça à frente dos bois. É claro que a dita não saiu do mesmo sítio e a passeata de Oliveira e Costa à Assembleia só serviu para meter mais uns quantos jornalistas ávidos de sangue na rua, justificar alguns directos, desprestigiar a Assembleia da República e humilhar o arguido. Vir agora dizer-se que a Assembleia saiu bem deste filme e que se compreende o silêncio do arguido, como faz o deputado Hugo Velosa do PSD, é o mesmo que não querer ver a falta de senso que por ali existe. Audição à porta fechada, queriam eles. Mas para quê? Obtiveram o silêncio de porta escancarada e ainda fizeram uma triste figura.