quinta-feira, dezembro 11, 2008

A CULPA É DO CENTRALISMO

O deputado Jorge Neto (PSD), um dos faltosos da passada sexta-feira na Assembleia da República, esclareceu, com o à-vontade de quem está habituado a gozar com a fronha dos eleitores, que faltou ao plenário porque no dia anterior esteve num jantar/leilão do Boavista e que, tendo-se despachado por volta das duas horas da manhã, não podia estar no dia seguinte no parlamento, seu local de trabalho, sublinhe-se, sob pena de ter de fazer uma directa, o que, nas suas palavras, seria "desumano". Logo depois veio o deputado Guilherme Silva, um dos homens de mão do cavalheiro da Madeira, com o desplante a que já nos habituou quando se trata de defender os seus, dizer que o melhor mesmo era as sessões plenárias passarem a ser realizadas entre a terça e a quinta-feira de cada semana, de maneira a que os excelsos representantes da Nação pudessem regressar mais cedo ao convívio dos seus. Desconheço se a participação em jantares de agremiações desportivas, aos dias úteis, e que terminam quando a madrugada já vai alta, se inserem no conceito de "trabalho político" e se a falta do deputado Jorge Neto vai considerar-se justificada. Pela petulância do sujeito presumo que sim. Recordo que também há uns anos houve uns quantos deputados que faltaram para poderem assistir a um jogo internacional do FC do Porto, justificando a ausência como trabalho político. Perante tais concepções quer do trabalho, quer do sentido do dever, arrisco propor que se crie um parlamento em cada capital de distrito. Pelo menos dessa forma não haverá o risco da culpa ser de Lisboa e serão mais as hipóteses deles poderem estar presentes à sexta-feira. Mesmo quando há jantares do pessoal da bola.