quinta-feira, dezembro 11, 2008

ANDAR A BRINCAR À POLÍTICA

Tenho de Paulo Rangel uma imagem e uma ideia substancialmente diferentes daquelas que possuo relativamente, por exemplo, a Pedro Santana Lopes, Guilherme Silva ou outros companheiros dele do partido. Para além de ser um homem inteligente, bem formado e sério, daqueles que aprendeu a distinguir a Política da política, tem revelado bom senso, acutilância e rigor na sua intervenção pública. É certo que hoje um semanário veio revelar que ele se fartou de faltar às sessões plenárias da AR, mas isso não faz dele um estroina, um arrivista ou um pantomineiro. Por tudo isso fiquei ainda mais perplexo quando esta tarde o ouvi anunciar a apresentação de um projecto-lei, por parte da bancada do PSD, para se redimir do falhanço da proposta dos centristas sobre a suspensão da avaliação dos professores. Se esta foi a forma que o grupo parlamentar do PSD encontrou para limpar a folha, está tudo dito. Se o objectivo é fazer política em vez de Política, compreende-se. Bastaria então a ilusão da mudança, diria o filósofo. Mudavam-se as pessoas apenas para que tudo ficasse na mesma. Mas para isso não valia a pena ter atacado a anterior direcção e ter escolhido Manuela Ferreira Leite para liderar o partido. Substituia-se cirurgicamente Menezes por Bota. Ninguém daria pela diferença e sempre teria sido mais genuíno, mais patusco. Para quem tenta credibilizar a acção política e a imagem da elite dirigente não podia ter sido pior. Um erro de palmatória de que o meu partido sairá a ganhar. Pena é que para isso a democracia saia outra vez a perder. Um dia o povo farta-se desta choldra.